Nada simpático, mais do mesmo,
a gente se acostuma com essa coisa depois de um tempo.
Não temos para quem reclamar, pois nunca tem alguém para
nos ouvir,
quando passamos por dias imutáveis,
acabamos por não
esperar nada de diferente amanhã,
no futuro e nos anos que vem a seguir.
fica tudo é inerte por um momento
e as vezes
isso é assustador.
Exceto por uma piada nova,
uma notícia no jornal ou uma música bem tocada.
Você até arrisca uma coisa aqui, outra ali,
mas acaba como sempre,
vivendo o mesmo dia de ontem.
Vez ou outra a gente se surpreende,
dentro do ônibus havia uma mulher,
loura e beirava os cinquenta anos,
estava com os olhos baixos e eu a reparava de uma certa
distância,
Depois de um deslize percebi que ela chorava,
Um choro silencioso,
não queria que ninguém notasse dentro do ônibus
e estava conseguindo,
Ela não sabia que distante eu a observava.
Em seu rosto embotava uma espécia de desespero,
talvez ela tivesse perdido um filho,
um marido, uma irmã
por um momento senti vontade de chorar também.
Mesmo sem saber quem era aquela mulher,
o que ela fazia, no que acreditava e no que odiava.
Acho que quando o ser humano vê alguém desesperado,
se desespera também,
tamanho é a fragilidade de seu ser,
e a sub-consciência,
que silenciosamente sempre nos diz
que tudo que adquirimos em nossa vida,
será perdido no fim.
Mediante isso eu desci do ônibus,
ascendi um cigarro e continuei meu caminho.
Parei em um posto de gasolina,
comprei uma cerveja e fui bebericando,enquanto caminhava,
pensei que poderia comprar uma pizza de mussarela
e uma bela garrafa
de vinho chileno.
e que quando eu chegasse
em casa,
encontraria ela ouvindo The Replacements,
e feliz com o nosso jantar surpresa;
mas que bobagem foi a minha,
Tudo estava a anus luz de distância
e a Terra nunca pareceu tão distante de mim.
Não era um tempo para os sonhadores,
e me dei conta disso depois que abri a porta da sala,
vi que eu estava sozinho novamente.