domingo, 16 de agosto de 2020

O estacionário

Durante muitos anos este foi um recanto meu,
onde alinhava alguns pensamentos
e tentava deixar algo registrado com a marca dos meus anos.
Fato é que eu não sei escrever bem como gostaria
mas acho que no fim, 
eu fiz um bom trabalho.
Eu trabalho que eu não me sinto bem e nem tenho coragem de rever.
 
dói só de começar.
 
Há muito silêncio aqui agora e quando eu puxo minha cadeira
já não me sinto a vontade.
Minhas costas doem
pois sinto o mundo que construí sobre os erros que acumulei.
 
Agora eu não tenho mais plateia
e eu nunca precisei mais do que um único aplauso.
 
Talvez eu tenha escrito algumas frases que não foram muito bonitas
e se machuquei
peço desculpas.
Eu só estava tentando viver, de uma forma diferente.
 
agora eu só vivo de saudades
tenho saudades do mar
do vento na cara
do silêncio
da música que massageia a alma
da vida sendo bem vivida
saudades de mim
com um bom sorriso no rosto,
antes de tudo isso começar.


domingo, 19 de julho de 2020

Uma música antiga


Ponteiros do relógio girando
o tempo passando rápido novamente
o ano já está indo embora
e dessa vez eu sei que nem vivi.
Numa música antiga que toca no rádio
diz que o passado é uma velha roupa colorida que não serve mais,
mas a roupa do presente também não serve e então me desespero.

Bom mesmo
era quando eu sabia que nos domingos pela noite,
iriamos ficar conversando e mesmo a distância,
estaríamos sempre muito perto.
era como se eu pudesse sentir sua respiração.
e era sempre incrível
como tínhamos dificuldades de dizer boa noite
e se despedir...
Os ponteiros no relógio também giravam
mas eu não me importava com eles.

Agora eu não tenho quem leia estes poemas
E eu já não encontro olhos em outras pessoas
que me inspiram a escrever.

Eu descobri que ninguém brilha como você
E eu também sinto que cada vez mais
significo menos para as pessoas
rumando assim
a abstinência de mim mesmo,
naquele passado onde a roupa já não me serve mais.

sábado, 7 de março de 2020

O máximo descaso sobre o esforço de um soldado que já luta sem armas.

A gente espera o dia inteiro
a gente espera a semana inteira
por uma iniciativa
por um telefone tocando
por um campainha ou alguém batendo em sua porta
pedindo para entrar.

você sabe que fez o melhor que pode
mas sabe que poderia ter feito
muito mais
se tivesse interesse
se tivesse tempo
com calma
com jeito.

mas não deu
a vida as vezes da uma chance
e se você não está preparado para corresponder a altura
você perde
logo
não há como voltar atrás
e
ninguém liga mais.

quinta-feira, 5 de março de 2020

A solidão que bate na porta da madrugada
e a convido para entrar
assim não fico mais sozinho
ofereço a ela até um vinho
para que se sinta melhor.

Ah solidão, que é contemplada por muitos
e temida por tantos.
É aquela que está com você
quando seu melhor amigo se vai
quando seu parente lhe deixa
quando seu amor diz adeus.

Não sejamos tão radicais em recusá-la
ela está nesse mundo bem antes de nós
sempre muito perto, ou sempre muito longe,
permanece em fluxo inconstante.

Ela não pode trazer quem queremos
pois o fizesse,
teria que ir embora.

Hoje já a comprimento como uma velha amiga
Enquanto olho para céu durante a noite
imaginando para onde você foi
onde você está
e se ainda pensa em mim.


domingo, 1 de março de 2020

Intermitente

Faz tempo que não venho aqui,
nesse meu velho muro de sonhos e lamentações, que ainda está de pé.
Mas ando longe demais refletindo as marcas que meu caminho deixou,
Mas de qualquer maneira, continuo vivo.
Percebi que viver significa perder.
a gente perde muita coisa desde quando nasce
e com isso aprendemos o significado do amor.
Se existe alguma forma de explicar o que é isso, é pelo simples fato de que você, só ama aquilo que pode perder.
é tão estranho amar coisas efêmeras.

Me admira muito sujeito do bar, peito de aço e cara de mau
que parece não sentir a vida e amor que se perde a cada esquina
e a cada grito
a cada lágrima
mais um pedaço de alguém que se quebra e que não tem concerto.

Eu tentei guardar todos os pedaços dos danos que causei, do amor que já não funciona, dentro de um baú em minha casa.
mas é inútil
as memórias vão morrendo, a saudade distante que ainda me faz lembrar de tanta coisa que era perfeito e que não posso mais tocar.