quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O jovem e o espelho

    O estranho no espelho volta para atormentar o jovem rapaz. Os velhos pesadelos tornam-se os mais novos temores. Mais uma vez encontra-se sem um caminho para seguir, novamente na estaca zero. Tentando apagar as manchas de suas memórias, tragando vida ao seus pulmões, apenas mais uma tentativa, vai morrer se não tentar, já dizia seu avô. Não é fácil quanto parece, nem tão simples quanto dizem. O mundo está parada em seus olhos, mais de meia vida se passou, mais um gole de whisky para manter-se vivo, por mais um século ou apenas meia hora.

    Os ponteiros do relógio circulam rapidamente, aumentando a tensão, elevando a vontade doentia de consentir. O suor desce pela testa, velha agonia de sempre, estagnado e atormentado em um grande efeito Placebo. Um espasmo de amor e ódio, um colírio para os olhos, uma estaca no coração. Este que serve apenas para deixa-lo vivo, pois já não se sente mais nada além dos batimentos em ritmo acelerado e fora do tom.

    Pobre rapaz, encontra-se preso em sua própria consciência. Muito pior do que qualquer jaula ou presídio de segurança máxima, pois no presídio conta-se os dias para a liberdade que tem data marcada, mas em sua mente a prisão pode ser perpétua.


  


terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Sociedade do Medo


   Sociedade do medo me mostre o seu pavor, demonstre para nós como é o frágil sua integridade, deixe de engrandecer-se com o pouco que consegue causar. Uma bala perdida, uma rua pouco iluminada, o vento frio, pasmo e tenebroso... Sociedade do medo, como faço para lhe dominar? Permita-me caminhar pelas ruas depois das três, sem ter que notar seu tom aterrador, o silêncio oportuno,  sem inquietar-me com as armadilhas que tu pode criar.

   Sociedade dos excluídos, sua privatização fabrica vítimas do sistema, crucifica e implanta o medo, deixando tudo que é frágil tornar-se selvagem. Como tu pode ser tão invisível? Somente os que usam óculos escuros podem ver com maior perfeição todo seu desleixo. Aqueles prédios altos, coloridos e espelhados, mostraram tão grande o tombo será. Aquele relógio no centro da cidade mostrará que a hora da vingança não tardará.


   Mas que sociedade solitária, de tanto medo que transmite afugenta as mais belas almas, dando espaço para a escória e os humilhados do parque. Almas entristecidas tomam conta das ruas, vigiando cada esquina, vagando pelos becos e vielas, transmitindo toda a angústia, deixando claro que necessita apenas de alguns trocados... Álcool, cigarros, ou apenas um chá, que servirá para curar essa azia.


Bem-vindo ao começo do fim de nossas vidas,  a sociedade do medo está nos mostrando os culpados e as vítimas ao mesmo tempo. A tristeza  pode- se encontrada no centro de São Paulo até escombros oriente médio. O clube está aberto e aceitando novos membros, pequenos arquitetos que vão ajudar na construção do rastro de pânico, mostrando a todos o seu desenho lógico e medonho da sociedade do medo. Cabe a nós por fim, descobrirmos a diferença que existe entre o ladrão e o grande criminoso.