Estamos
bem aqui. Mais um planeta em uma galáxia rodeada de estrelas e contendo pessoas
por todos os lados. Podemos escutar de tudo ao meio das paredes que cercam essa
cidade, são quase sete bilhões de desejos incontidos, de anseios mal resolvidos,
todos reais como pólvora e rosas vermelhas. Podemos ouvir os corações apaixonados
palpitando, ouvir as mais belas gargalhadas que surgem ao redor de um grupo de
jovens; podemos ver a afeição feliz do garoto inibido que escuta sua música
favorita; Contar as estrelas e encontrar
aquelas que mais fazem lembrar as pessoas que amamos. Esse enfeite gratuito
está sobre nossas cabeças todas as noites, mas o cotidiano acaba por si só
fazendo com que as pessoas se acostumem, e o espetáculo gratuito perde a graça
como um palhaço triste, o brilho mais belo dos céus é derrotado pela sua cisma
contínua de sempre querer brilhar.
Os tempos difíceis existem para todos, a notícia que insurge o ódio. A guerra
de almas, ideologias conflitantes sugerem agora mais uma mudança, antes que
seja tarde, só mais uma tentativa de salvar o que já se perdeu através dos anos,
a velha matéria do jornal vira manchete mais uma vez. Eu não estou sozinho
aqui, por mais que as vezes a escuridão paire os olhos, posso escutar todos os
corações palpitantes. Eu posso escutar o seu coração palpitar perto de mim...
Aquela velha música ainda faz abalar o mundo inteiro, refrões rasgam os ouvidos
e me fazem lembrar de seus abraços.
As habilidades se perdem conforme o tempo. Uma regressão pessoal, as coisas
parecem ficar pequenas demais. É como andar por uma viela de sonhos perdidos,
você tenta encontrar o seu, você tenta resgatar um talento que você nunca teve,
incontinente. Mas mesmo que não
escutemos as palavras que gostávamos de ouvir, procuramos achar no brilho dos olhos
e os motivos que nos fizeram estar aqui. São todos os motivos que nos enchem de
vida e que nos mantém de pé.
Amanhã o céu vai colorir os prédios. O dia vai se repetir para muitas pessoas
novamente, mas você poderá deixar esse enxame de angústias contidas dentro de
um bueiro e começar um novo final, para uma velha história.