terça-feira, 17 de novembro de 2015

O mais novo anúncio do jornal

E nesse céu vejo tantas estrelas,
uma multidão brilhando sobre mim,
mas sei que falta uma delas,
que há muito não vi mais,
Coloquei anúncios nos jornais há dias atrás,
para ver se alguém sabia de seu paradeiro
mas ninguém entrou em contato
a não ser a central de atendimento do jornal
para perguntar se eu gostaria de renovar o anúncio,
eu disse que não.
Vai ver ela caiu no mar,
fazendo de meus sonhos
a maior enchente que eu já vi.
Outra vez a madrugada foi acabando
e a lua foi-se colocando no seu devido lugar
se esquecendo da minha estrela que estava por lá

O milagre de reencontrá-la, que tanto esperei
nunca aconteceu.




sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Sons em leves tons

Me lembro bem,
foi a melhor manhã da minha vida
na janela daquele quarto tinha apenas uma fresta aberta
e a luz que entravam iluminava o lugar desconhecido,
era um toque nublado e suave que respaldava sobre o lençol
clarejava levemente as paredes,
tonalizando as leves sombras entre nós.

Era em torno das seis da manhã,
A música tocava em baixo tom,
não havia muitas conversas ali
somente toques e olhares
e a respiração
face a face
que dizia por si só,
Lábios sobre os lábios,
línguas em pescoço,
dedos sobre cabelos e puxões suaves sobre a nuca.
um sobre o outro e a luz que vinha de fora
me mostrava que existia uma cidade imensa
onde as pessoas estavam agora
correndo
para não chegarem atrasados em seus empregos,
alguns certamente alcoólatras,
jogados em seus sofás,
perdidos e frustrados,
Devedores, débitos nos cartões, sonegadores de impostos
rancorosos com suas vidas...
Todos juntos, decorando aquele lugar,
Mas eu estava ali e nada me importava,


Era mais que orgasmos e beijos molhados,
era além daquilo que tudo que disseram que o amor era,
era algo,
que se sente
poucas vezes na vida.

A música continuava
a banda desfilava sobre nós
e aquele momento, demorou tanto e parecia que nunca iria acabar,

e eu nunca quis que acabasse.






quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Os montes não se movem

Dois locais distantes,
na mesma cidade,
duas vidas, ainda vivas,
seguindo seu caminho
dia após dia,
metrô, ônibus, faculdade, trabalho em excesso.

Era assim,
o caminho que até então,
pensaram
ser o melhor pra si.
Distanciados pelo marco zero,
do centro dessa cidade
e dos próprios corações
que um dia estiveram tão perto,

duas vidas,
entrelaçadas por um passado
e agora,
só resta
o belo passado para se lembrar.

O 'ontem' é tudo que temos de concreto,
são as lembranças
que nos mantém vivos
depois da meia idade,
e aquilo que da razão a vida do próprio ser,
o significado real da própria existência.


do passado
o seu sorriso
o seus olhos
seu cheiro
e tudo aquilo
que de você fazia meu mundo
e agora
não é mais.

Eu sei que a velha roupa colorida deve ser guardada no armário,
pois já não me serve mais,
mas sabendo que eu só tenho uma chance nesse lugar,
prefiro deixar
ela sobre minha cama,
aguardando,
o dia em que voltará a me servir
estará
junto com uma boa garrafas de vinho
e duas taças.

Amamos a vida não porque estamos habituados a vida, mas ao amor.



quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Um brinde a toda essas ruas sem sinalizações

Para onde as pessoas vão,
quando precisam de socorro?
Como as pessoas conseguem sorrir,
mesmo quando a piada não tem graça?
Como as pessoas se divertem,
mesmo quando a bola está furada?
Como as pessoas se encontram,
quando mesmo em meio a multidão
existe a plena convicção
de que estão sozinhas.
Acho que ninguém sabe
onde fica
os atalhos
estamos então condenados aqui
a sermos livres
livres para escolhas
para caminhos
e quão angustiante isso pode ser
ser o submisso do próprio ser,
perdendo-se do Eu.
Alguns não tem volta
outros te levaram para o mesmo lugar
outros não faram você sair do lugar
mas a verdade mesmo é que existe a procura maior
que é deixar a convivência com
com o próprio ser
ao menos
suportável.