Uma madrugada como as
outras, os bares vão fechando e entre as ruas a lua toma sua posição ao fim da
noite. Nossas vidas são obrigadas a tomarem seus devidos rumos, como se tudo
estivesse bem e as vezes realmente está, mas algo sempre acaba faltando, uma
palavra dita com jeito, um carinho que não foi dado, uma bebida de melhor
qualidade.
Estamos tão mal acostumados
com a gente mesmo. Então a gente sai por ai, fingindo que é poeta, mesmo sendo um
poeta, fingindo que está sóbrio, mesmo que estejamos, independente do álcool
que consumimos.A gente finge que entende
as coisas, quando realmente não estamos entendendo nada!
Então seguimos até nossas casas, até entrarmos em nossa
porta e encontrarmos o rádio ligado, com nossa música preferida tocando. A vida
é cruel conosco quando ela quer, ela tira um sarro da nossa cara e chuta as
nossas bundas. Nos faz afundar em um oceano de lembranças sem ao menos ter a
delicadeza de nos perguntar se queremos embarcar nessa viagem. Nós odiamos
pelo fato de odiar, nos amamos por que estamos condicionados para amar. E se
não conseguimos fazer nenhum ou nem outro, a vida é tomada por uma ausência de
sentimento e logo uma sensação de inércia toma conta de você, e você não tem
ideia como é fácil sair por ai saltando de uma janela quando entra em uma
dessas.
A noite acaba, porque tem que acabar, o sonho acaba, porque a
gente tem que acordar. Esperamos que o para sempre dure sempre, mas não é pra sempre e você sabe. Esperamos um
dia todo para ouvirmos no telefone "hoje eu não posso ir".
É tão irracional
quando percebemos essa nossa cisma de se importar quando nesse momento, nada
mais importa.