domingo, 28 de fevereiro de 2016

Uma madrugada como  as outras, os bares vão fechando e entre as ruas a lua toma sua posição ao fim da noite. Nossas vidas são obrigadas a tomarem seus devidos rumos, como se tudo estivesse bem e as vezes realmente está, mas algo sempre acaba faltando, uma palavra dita com jeito, um carinho que não foi dado, uma bebida de melhor qualidade.

 Estamos tão mal acostumados com a gente mesmo. Então a gente sai por ai, fingindo que é poeta, mesmo sendo um poeta, fingindo que está sóbrio, mesmo que estejamos, independente do álcool que consumimos.A gente  finge que entende as coisas, quando realmente não estamos entendendo nada!

Então seguimos até nossas casas, até entrarmos em nossa porta e encontrarmos o rádio ligado, com nossa música preferida tocando. A vida é cruel conosco quando ela quer, ela tira um sarro da nossa cara e chuta as nossas bundas. Nos faz afundar em um oceano de lembranças sem ao menos ter a delicadeza de nos perguntar se queremos embarcar nessa viagem. Nós odiamos pelo fato de odiar, nos amamos por que estamos condicionados para amar. E se não conseguimos fazer nenhum ou nem outro, a vida é tomada por uma ausência de sentimento e logo uma sensação de inércia toma conta de você, e você não tem ideia como é fácil sair por ai saltando de uma janela quando entra em uma dessas.

A noite acaba, porque tem que acabar, o sonho acaba, porque a gente tem que acordar. Esperamos que o para sempre dure sempre,  mas não é pra sempre e você sabe. Esperamos um dia todo para ouvirmos no telefone "hoje eu não posso ir".


É tão irracional quando percebemos essa nossa cisma de se importar quando nesse momento, nada mais importa. 



domingo, 21 de fevereiro de 2016

Uma semana inteira e você acaba no sofá em um domingo,ouvindo pessoas reclamarem ao seu redor, esperando com que as coisas passem. Você vê seu gato adoecendo com a idade, a angústia toma conta da casa toda vez que ele se recusa a comer, mas você não pode fazer mais nada. A vida é cruel quando vai se chegando ao fim.

Os domingos são tão cruéis o quanto,
Principalmente com aqueles que não alcançaram seus sonhos durante a última semana.
Eles vão dormir rezando  todas as noites de domingo,
pedindo para que segunda-feira venham coisas boas,
Que o café no ponto pela manhã e  que o telefone toque às 09h00
e uma voz desconhecida lhe ofereça um emprego
ou que aquela briga seja logo resolvida
ou que aquele amor perdido seja logo curado
que quele sentimento seja liberto angustiante seja liberto
que aquela vontade de sumir se torne na paz necessária.
O domingo tornam-se cruéis e ordinários depois de um certo tempo,
pois esperamos que na segunda a nossa vida mude,
mas nem sempre muda,
quase nunca muda

e não é por falta de vontade. 

sábado, 13 de fevereiro de 2016

"Deixamos algo de nós para trás ao deixarmos um lugar, permanecemos lá apesar de termos partido. E há coisas em nós que só reencontraremos voltando lá. Viajamos ao encontro de nós ao irmos a um lugar onde vivemos uma parte da vida, por muito breve que tenha ela sido"



- Trem noturno para Lisboa.


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Uma limonada a dois

Em uma dessas noites eu sonhei
que estávamos em um campo
o céu banhava-se no azul infinito
e o sol estava extasiado em seu trono
ostentando e debruçando o seu poder sobre nós dois;
E o sorriso presente em nossos rostos,
adoçava limonada com gelo que trouxemos para a ocasião.
Então eu contei uma piada,
que por muito tempo perambulei acordado, querendo lhe dizer
e imaginando você rindo
e no sonho, você ria exatamente da forma do qual imaginei acordado.
Era um momento que eu não queria acabasse
era um sonho bom, em uma noite de verão,
mas então acordei e me deparei com a realidade.
As paredes estavam no mesmo lugar
o telefone estava no seu lugar
o sol batia na janela,
mas não iluminava o meu quarto,
fritei dois ovos e fiz um café,
sentei na varanda e olhei o jardim
o gato roçou em minha perna e subiu em meu colo
logo pensei
um sonho que se sonha sozinho
nunca vai se tornar realidade.