domingo, 28 de fevereiro de 2016

Uma madrugada como  as outras, os bares vão fechando e entre as ruas a lua toma sua posição ao fim da noite. Nossas vidas são obrigadas a tomarem seus devidos rumos, como se tudo estivesse bem e as vezes realmente está, mas algo sempre acaba faltando, uma palavra dita com jeito, um carinho que não foi dado, uma bebida de melhor qualidade.

 Estamos tão mal acostumados com a gente mesmo. Então a gente sai por ai, fingindo que é poeta, mesmo sendo um poeta, fingindo que está sóbrio, mesmo que estejamos, independente do álcool que consumimos.A gente  finge que entende as coisas, quando realmente não estamos entendendo nada!

Então seguimos até nossas casas, até entrarmos em nossa porta e encontrarmos o rádio ligado, com nossa música preferida tocando. A vida é cruel conosco quando ela quer, ela tira um sarro da nossa cara e chuta as nossas bundas. Nos faz afundar em um oceano de lembranças sem ao menos ter a delicadeza de nos perguntar se queremos embarcar nessa viagem. Nós odiamos pelo fato de odiar, nos amamos por que estamos condicionados para amar. E se não conseguimos fazer nenhum ou nem outro, a vida é tomada por uma ausência de sentimento e logo uma sensação de inércia toma conta de você, e você não tem ideia como é fácil sair por ai saltando de uma janela quando entra em uma dessas.

A noite acaba, porque tem que acabar, o sonho acaba, porque a gente tem que acordar. Esperamos que o para sempre dure sempre,  mas não é pra sempre e você sabe. Esperamos um dia todo para ouvirmos no telefone "hoje eu não posso ir".


É tão irracional quando percebemos essa nossa cisma de se importar quando nesse momento, nada mais importa. 



Um comentário:

  1. Hoje a garota de cabelos curtos saiu para caminhar. Acendeu o primeiro cigarro de todas as manhãs e seguiu pelas ruas por onde suas pernas quisessem caminhar. Apesar do nítido céu nublado pensava em estrelas. Em uma estrela. A estrela que brilhava a anos luz de distância na mesma cidade, assim ela imaginava. Acendeu mais um cigarro somente para prolongar a caminhada. E enquanto seus olhos sorriam, desejou que a estrela estivesse em plena órbita em alguma galáxia nesta mesma cidade. Sabia que o brilho da estrela, ainda presente em seus olhos, não era apenas a sombra de uma luz que se apagou. Jogou fora seu segundo cigarro de todas as manhãs, mirou o céu ainda nublado e seguiu com seus olhos a sorrir.

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