Uma noite dessas o telefone tocou, era ela me dizendo que eu deveria continuar o que eu estava fazendo. Que os caminhos que eu estava trilhando me levaria a um lugar melhor. Um lugar onde eu pudesse encontrar o que eu procuro, mesmo que cada passo que eu desse, me distanciasse do passado. Eu parei, esperei um momento, tentei formular uma reposta sem emoção mas não respondi exatamente o que eu gostaria. Apenas consenti com a cabeça, então curvei meu corpo sobre a comoda e desliguei o telefone. Minhas costas doíam, meus olhos estava cansados, minha alma me observava de longe com um receio enorme de chegar mais perto de mim. Caminhei até o banheiro, lavei o rosto, verifiquei se o ralo do banheiro estava coberto, não estava. Então cobri o ralo e fui até a cozinha, peguei um copo de água gelada, tomei de uma só vez. A casa estava em silêncio, o silêncio trazia consigo a solidão e a solidão carregava uma tremenda tristeza, que por onde andei, tentei me desfazer. Pobre de mim, tentei combater um mundo muito maior do que eu podia enfrentar. Invejo as pessoas que conseguem enfrentar o mundo da forma que ele realmente é. Quero dizer, pessoas de verdade, não aquelas que fazem de conta que são, aquilo que disseram que elas são. Se eu chegar próximo aquela janela, terei uma visão ampla, de várias luzes acesas nessa noite, de várias famílias, sendo famílias, mas somente famílias, que não tem nada além disso para ser. Começou a chover, vou finalmente até a janela, abro, deixo que a chuva respalde meu rosto e que seu barulho, contemple o silêncio desse quarto. Assim, ocupo meus pensamentos, pois gosto do som da chuva e de certa forma, ela me deixa bem, ao menos, bem melhor do que eu estive, por todos esses anos de sol ardente. Por um momento pensei em chorar, mas não achei que deveria, pois as pessoas não devem chorar quando se sentem sozinhas, pois essa é a única certeza da vida; a forma que chegamos e a forma que vamos embora. E toda essa luta, está fadada a um fim, que ainda é desconhecido; Assim como os planetas ocultos em nosso sistema solar; assim como quantas formigas estão trabalhando agora, debaixo de nossos pés; assim como quantas vezes mais poderei subir até o ponto mais alto dessa cidade, e olhar vocês lá de cima, sem o medo de sumir e nunca mais voltar.
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