segunda-feira, 25 de junho de 2018

saudades de um tempo
quando nada mais me importava a não ser meu cabelo espetado
meu sinto de rebite
e meus amigos
Um tempo tão distante
quando a música completava minha alma
quando a minha alma se alimentava com seu amor
e quando nos beijávamos
em uma noite de luar
já bem alcoolizados ao som de nossas bandas preferidas
Era um tempo fácil para se viver.
agora  me pego ouvindo "Oh Oh I Love Her So" mais uma vez,
e queria tanto
regressar naquela noite e sentir o suor de todos nós mais uma vez.
era aquilo
que nos mantinha
mais vivos
e todos tem algo que os mantém vivos,
mesmo que na memória.


sábado, 23 de junho de 2018

As lágrimas que caem em ao som da música

um dia sem muito vento
um dia, sem muita vida
gosto normal, é sabor de nada
me canso rápido e então vou pra casa.
Quando chego encontro um som peculiar vindo da sala,
era minha mãe ouvindo as músicas de  sua juventude
quando adentrei percebi que ela chorava de soluçar.
Acredito que não esperava que eu chegasse tão cedo em casa
a peguei desprevenida, me senti desprevenido também.
a música que ela ouvia eu também escutei por quase toda minha infância
sua influência, também era minha influência.
ela lamentava-se por meu pai
e por todos os amores que deixará ir durante seus melhores anos.
e agora tudo se foi
e então restava-lhe lágrimas e ressentimentos.
Eu não podia fazer muita coisa a não ser encostar minha cabeça em seu ombro e deixar tudo debulhar.
era triste e eu senti.
a vida das pessoas são tristes
elas chegam em determinada época que sentem-se desarmadas
seus amores se foram
sua beleza se foi
sua vontade de viver
também se foi.
E tudo agora parece com uma espécia de monstro em nossa frente,
quando nos damos conta que o tempo passa
que o relógio não para
e que nãos sabemos mais se estamos ganhando ou perdendo o jogo da vida.
sofri junto a minha mãe
de certa forma, me sinto como ela
pobre poeta desarmado
sem rumo
sem vida, sem o que acreditar
sem um olhar para olhar.
sem uma boca pra beijar
e se você se acha suficiente forte para dizer que tudo isso é uma fraqueza
saiba qualquer ser humano pode chorar
e a lágrima é virtude da vivência
de desejo e falência do ser
e dói no meu peito ver alguém chorar
 principalmente um alguém que me trouxe até aqui via um cordão umbilical
pra um dia escrever esse poema
da qual deixarei eternizado
em algum lugar, em qualquer canto
mais um grito abafado
de todo esse tempo.



domingo, 17 de junho de 2018

Deveria haver algo novo pra fazer, quando nossas atividades não surtem mais efeito.
Deveria ter um lugar para corrermos, quando começamos a nos estressar por coisas pequenas e parece que elas nos atrapalham tanto.
Deveria ter algum lugar pra correr,
quando escutamos de uma pessoa que não podemos dar certo, pois nossos gostos não são similares e por isso, nosso beijo não vai dar certo, nem nossa sintonia, nem nosso toque nem nossos olhares.
Deveria haver esse lugar para nos escondermos, de todas as vezes que desistimos de uma batalha
ou que não queremos acordar para lutar no dia seguinte.
e se houvesse
evitaria com que as pessoas ficassem
cabisbaixas, com seus rostos cansados
depressivas, saturadas
elas tem um andar estranho
suas sombras são estranhas
suas maquiagens são estranhas
e elas nos encaram, e nós as encaramos elas,
dentro dos transportes públicos
dos bares, boates e restaurantes
e que circo,
voltamos todos para nossas casas, e nos reencontramos outro dia qualquer
sem sequer sabermos os nossos nomes.
Mas talvez possamos nos adicionar em uma rede social
talvez um aplicativo de namoro,
eles gostam disso
eles acham que isso é o suficiente
mas eu não quero mais
tão pouca coisa assim
e
nem muito menos
perder tempo,
em um lugar, que eu não sou mais bem-vindo.


terça-feira, 12 de junho de 2018

Essas pessoas, estes seres humanos


Eu acho que elas só pensam em injustiça quando acontece com eles. Aqui temos uma audiência ao céu aberto todos os dias, onde podemos apontar nossos dedos, julgar e esquecer boa parte das coisas quando de errado que fazemos, quando nos convém. Essa amnésia intrapessoal acontece quando a dor se abre em nosso calcanhar e quando o sangue que cai no chão, padece de nosso corpo.

Melhoremos o que somos,
pois para brotar temos que aprender a plantar. Não adianta apontar todas as armas agora, esquecendo-te de todos os cartuchos que atirastes e que deixastes ao chão, na última guilhotina.
A bala que te faz sangrar,
já foi a mesma que tu arrancastes a pele de alguém.
E assim será para todo o sempre, a arma que é passada de mão em mãos
em um vasto e caloroso pelotão de fuzilamento.

E que circo amigos,
e que espetáculo podemos produzir com esses belos cartuchos caídos ao chão.

Mas dormiremos tranquilos esta noite, feito anjos, pequenos e férteis criaturas,
mesmo sabendo que nada está certo, mas já temos conosco decorado a história que contaremos amanhã na hora do café, também sabemos qual é o nosso papel e quais falas e versos serão declamadas durante o dia, já escolhemos quem vamos matar e quem vai viver.
Estamos todos presos em um grande filme, e é um filme ruim, de roteiro podre e com péssimos super-heróis.

Mas nós adoramos atuar aqui, e sempre achamos que somos o personagem principal desta película.
sempre achamos que nosso amor é mais importante que o amor do outro.
sempre achamos que nossa forma de amar é a mais certa,
que nossa história
é mais triste que a do outro
e que se a felicidade não é para todos
que ela então,
deva ser minha e somente 'minha'
para que eu possamos
dizer para todo mundo que somos felizes.

mas não.. não serei feliz
enquanto não matar aquele que me deixa infeliz.
mesmo que para isso,
eu esqueça quantos mais
eu matei
e vou ainda matar
para chegar até lá.



domingo, 3 de junho de 2018

O vento sopra onde quer


Hoje a existência não está sendo suficiente
que diabos acontece aqui
todos nós vamos morrer um dia, tenho que fazer algo a mais.
mas ao mesmo tempo que pareço insatisfeito com o agora
por vezes
me sinto completamente realizado
com um fim de noite de domingo, um cheiro de incenso
uma música e um papel para escrever isso que você lê agora. 
e vem uma sensação de não querer sair daqui nunca mais
que pare o tempo, que pare esse mundo. 
e eu queria poder todos os dias
agradecer da melhor forma aqueles que me amam
mas eu sou como quase todos vocês, impaciente e as vezes voraz com as palavras
e muitas vezes quero pedir desculpas 
mas não consigo
e eu sei que um dia isso vai me sufocar
e o arrependimento vai ser inevitável
mas por enquanto vou continuar tentando
e sob o cheiro do incenso faço preces por coisas boas no amanhã
as coisas simples
as coisas que me fazem bem.
e que o vento sopre
para todos vocês também. 



O vento sopra onde quer. 


sexta-feira, 1 de junho de 2018

Tenho que confessar que invejo os mais jovens.
Invejo sua disposição, seus sonhos mesmo que inalcançáveis
Invejo sua visão positiva, sua habilidade em se socializar
Acredito que talvez essa disposição venha pelo fato de que estas almas
poucas vezes disseram a palavra Adeus.

Quando você vai fica velho,
percebe que colecionou pessoas que se despencaram da árvore de sua vida.
Os otimistas dizem que para que algo floresça
Você tem que deixar algumas coisas para trás,
sua casca,  sua pele, sua semente.

E esse mundo está cheio de otimistas que pregam essas coisas
Quando eles se aproximarem de você,
Escute eles e os siga,
Mas não por muito tempo.
Você não pode bater a cabeça muitas vezes, sem sentir o sangue escorrer.

E somente isso traz o sentido a sua luta.
Mas isso por vezes te fará sentir sozinho
E quando isso acontecer,
antes que você se pergunte 'para onde foi todo mundo,'
olhe para dentro
e isso pode ser perigoso
Não chegue perto demais da sua janela
Mas se quiser pode chorar em tua cama
Isso alivia. Varre o velho e traz o novo, e é a coisa mais otimista que há.
e que nos resta para acreditar.