Essas pessoas, estes seres humanos
Eu acho que elas só pensam em injustiça quando acontece com eles. Aqui temos uma audiência ao céu aberto todos os dias, onde podemos apontar nossos dedos, julgar e esquecer boa parte das coisas quando de errado que fazemos, quando nos convém. Essa amnésia intrapessoal acontece quando a dor se abre em nosso calcanhar e quando o sangue que cai no chão, padece de nosso corpo.
Melhoremos o que somos,
pois para brotar temos que aprender a plantar. Não adianta apontar todas as armas agora, esquecendo-te de todos os cartuchos que atirastes e que deixastes ao chão, na última guilhotina.
A bala que te faz sangrar,
já foi a mesma que tu arrancastes a pele de alguém.
E assim será para todo o sempre, a arma que é passada de mão em mãos
em um vasto e caloroso pelotão de fuzilamento.
E que circo amigos,
e que espetáculo podemos produzir com esses belos cartuchos caídos ao chão.
Mas dormiremos tranquilos esta noite, feito anjos, pequenos e férteis criaturas,
mesmo sabendo que nada está certo, mas já temos conosco decorado a história que contaremos amanhã na hora do café, também sabemos qual é o nosso papel e quais falas e versos serão declamadas durante o dia, já escolhemos quem vamos matar e quem vai viver.
Estamos todos presos em um grande filme, e é um filme ruim, de roteiro podre e com péssimos super-heróis.
Mas nós adoramos atuar aqui, e sempre achamos que somos o personagem principal desta película.
sempre achamos que nosso amor é mais importante que o amor do outro.
sempre achamos que nossa forma de amar é a mais certa,
que nossa história
é mais triste que a do outro
e que se a felicidade não é para todos
que ela então,
deva ser minha e somente 'minha'
para que eu possamos
dizer para todo mundo que somos felizes.
mas não.. não serei feliz
enquanto não matar aquele que me deixa infeliz.
mesmo que para isso,
eu esqueça quantos mais
eu matei
e vou ainda matar
para chegar até lá.
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