terça-feira, 12 de março de 2019

A bebida favorita do tempo.


Sem qualquer pretensão ele preferiu ascender uma vela, ao invés de ligar a luz quando chegou em seu quarto. Era tarde da noite e o silêncio já fazia sentido. Era um jovem astuto que tentava economizar tempo, evitava diálogos desnecessários, um bom sujeito para na visão de terceiros. Sempre evitava confusão, mas era dono de uma opinião forte, e não gostava do jeito que o mundo estava seguindo. Mas sempre que as coisas apertavam, se esquivava feito lagarto e ia para o outro lado, ascendia seu cigarro e deixava tudo esfriar. E como fazia bem essa arte de sabotar um projétil pronto para explodir. Sempre voltava quando pensavam que ele já tinha ido embora; ele sempre pedia licença, mesmo quando não estava com paciência. Nunca tentou ser líder de nada, mas nunca ficou calado quando presenciava humilhações e hostilidade.

Não tentava ser ninguém além de si mesmo e ninguém podia saber o que se passava com ele. Sempre sorria em público; sempre bebia com as pessoas e falava coisas bonitas na hora dos brindes, mas voltava para casa com um demasiado vazio e quase sempre sozinho. Era pacato e silencioso, e como dito no início, já chegou ascendendo a vela; Dessa vez preferiu colocar um disco de Blues ao rock, mas revirando as coisas encontrou um velho foto e teve que ascender mais um cigarro. Na imagem se via sorrisos, mas ele não estava retrato, porém reconhecia todos dali. Eles pareciam rir da cara dele, felizes e abraçados e  então
se lembrou de uma vez por todas,
que em 30 de Julho de 2016, numa tarde desgraçada de sábado, ele quase enlouqueceu.

Mas ficou feliz por ter não ter morrido e nem ter deixado nada lhe matar.
sorriu por não ter sido abatido em vão.
por tão pouco,
e por uniformidade
ele seguiu para atravessar o oceano dos anos
que de certa forma deteriorou o seu ser
e logo, não tão distante assim
estará reencarnado.
mas ele será o mesmo
que fala coisas bonitas
na hora brindar os copos.



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