quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Ao som que vem das ruas, estralos, fogos, sim, mais um dia de natal. Estrelas condecoram o céu, e são observadas atentamente pelos seus telespectadores. Mas não me importo com isso, não gosto de fazer parte da festa. Me excluo para mais feliz e tardia repousada. Mas a mente continua, lembrando dos velhos tempos; o telefone tocava, era você, me trazendo a atenção e agraciando-me do pranto de sua voz. Hoje o telefone não tocou, esperei o dia todo, acho que minha estrela não brilha como antes.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Essa é a resposta de um simples alicerce dessa repetição

A vida não é fácil. Alguns de nós tivemos a sorte de nascermos com uma boa base familiar, mesmo que não tenha um bom dinheiro para preencher os bolsos e a mesa de café da manhã, pode-se considerar algo bom; ir para escola e assistir desenhos animados na televisão. Enfim, até ai, nada parece importar tanto. Mas depois que completamos uma determinada idade, parece que a vida começa a nos dar tapas. Ninguém explica ao certo o que será o nosso futuro, eles dizem apenas devemos estudar e graças a esse estudo seremos alguém na vida. Convenhamos, isso é uma grande mentira.

Sempre vemos algumas exceções na sociedade, um mendigo que fica milionário, um camelô que vende relógios de ouro ou um vendedor de balas de farol muito bem sucedido, isso tudo existe, mas eles são apenas exceções. Outros usaram esses exemplos como estimulo para que um dia você consiga chegar lá, mas ai você não tem que estudar ‘mais’, agora você tem que ‘trabalhar mais’, mas no ato de nossa veracidade você só vai forrar o bolso de dinheiro daqueles que te impulsionam a aceitar tudo, conformado e aguentando tudo calado e bancando o empregado.

 A grande massa, aquela que sustenta as bases são os sufocados por patrões gananciosos, por supervisores que vão lhe vigiar até quando você vai banheiro e tudo isso pelo bem da empresa, ou pelo bem do lucro deles. 70% da sociedade vai viver assim, para todo o sempre e a vida se tornará um terror, mas eles ainda vão querer que você tenha fé na vida eterna... Ascenderemos uma vela todos os dias e agradeceremos por essa oportunidade.

Temos que trabalhar 10 horas, mais o tempo de locomoção para o trabalho que gera em torno de 2 à 3 horas, mais o tempo de se alimentar; as roupas sujas que devem ser lavadas e depois passada; a casa que deve ficar limpa; os problemas diários, boletos, faturas e cheques especiais estourados... E ainda temos que dormir 6 horas por noite, pois se não, nunca agüentaremos a repetição. Dizem por ai, que o inferno é a repetição.

Como vocês podem dizer que vivemos em um sistema perfeito? Mas é claro, você se acostuma, eles vão lhe dar algumas válvulas de escape. Deixaram você se alcoolizar no fim de semana, poderá fumar, mas não muito, para não morrer antes da hora. Às vezes farão vista grossa para drogas (maconha, cocaína e Rivotril), afinal, cada um tem seu jeito de aguentar esse espetáculo. Eles vão te bombardear de filmes com histórias fracas, para que você consuma mais efeitos especiais e pense menos. É perigoso os filmes que te fazem pensar e é por isso que a indústria cinematográfica americana prefere vender Steven Spielber do que Almodóvar.


O que mais assusta é quando alguém expõe ideias diferentes de viver e acaba sendo reprovado e hostilizado por outros. Ideias diferentes parecem absurdas, principalmente quando é postado ao meio do rebanho. Já me conformei em continuar, mas isso nem é o pior. Ao menos sobrará um pouco do uísque naquela garrafa, essa é uma boa válvula de escape.


sábado, 15 de novembro de 2014

Muitas vezes damos um passo para frente, mesmo que seja para tomar um soco no cara, pois a dor mostrará que ainda estamos vivos.
Muitas dessas vezes damos um passo a frente, só para tomar um bofetada, pois já estamos cansados de esperar tudo parado.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A sentença malvada do júri cheio de ratos

Tem alguns momentos da vida em que a angústia toma conta de qualquer pessoa esfarrapado. Quando isso acontece, começamos a perceber que não somos mais uma criança e que agora, nossos atos não são justificados por nossa idade. Pois bem, ninguém precisa justificar nada, sabemos às consequências da vida e o que podemos esperar de troco. Normalmente o troco é bem amargo.

Fazemos do mínimo o máximo, basta uma vírgula fora da frase e destruímos tudo que está em volta. Sabemos que estamos certos, mas não conseguimos justificar perante o nosso tribunal repleto de pessoas errantes. Nem mesmo alegar nossa ira como jurisprudência de nosso ser, conseguiremos obter uma sentencia favorável. Todos serão contra nós, enquanto mantivermos a mesma opinião incivilizada de sempre. Dirão então que somos loucos enraivados, que desejamos as piores coisas do mundo, mas qual é a pior coisa do mundo nesse instante enraivecido?

Todo o moribundo que sente angustia, busca incansavelmente o momento de paz. Ninguém quer brigar com o mundo, mas é impossível não partir para briga quando o mundo lhe destrói pouco a pouco com cruzados de direita.

Não é um dia, não é um mês, normalmente é uma vida cheia de altos e baixos. Vão dizer para você procurar um psicólogo, e o que ele poderá fazer? Vão nos diagnosticar com dicas de auto-ajuda, para finalmente conseguirmos controlar o nosso direito de explodir?
O Psicólogo nada mais tem a oferecer do que um manual de boas maneiras, decorado para casos de extrema antipatia social. Admiro os manuais de conservação da mente, mas de nada adiantará, se para isso, devermos abaixar nossas cabeças e entrar em um mundo de faz de conta, dizendo que está tudo bem, sentindo o perfume das flores e fingindo não sentir o odor da carne morta ao nosso redor.

Nós nascemos sozinhos e morremos sozinhos. Ligando um ponto ao outro começo a perceber os motivos porque as pessoas são tão sociáveis e procuram companhia em todos os momentos. O medo de estar sozinho é injustificável, mas mesmo assim inventaram os computadores, as redes sociais, os telefones celulares para envolver mais as pessoas em seus ciclos de amizades e mesmo na distancia, elas não ficarão sozinhas por completo. Essas pessoas tem horror a solidão e enfim criaram as melhores válvulas de escape.

Muitos lendo esse texto também vão julgar, o mundo está cheio de julgamentos formais. Alguns dirão frases do tipo :“tem tudo na vida e só reclamada”, “nasceu privilegiado”, “Menino mimado é assim mesmo”. Se você tem esse tipo de pensamento sobre o texto, por favor, desconsidere, eu não escrevi isso para as pessoas do seu perfil compreender eu já sabia que não compreenderiam. 



sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Um copo de Wiskey com duas pedras de ironias, em busca das respostas de todo o sempre



    Não precisamos fazer muito para descobrirmos o estado da vida. Basta sentarmos em um bar, pedirmos um drink e observarmos as pessoas passarem. Veja meu amigo, todos os rostos parecem tão iguais, tão sem vida, vagando na direção de seus afazeres. Elas não tem cor própria, são cinzas como pedras e paredes mortas, se assemelham com à palidez da morte, mas ainda sim, se acham vivos. Assim acontece todos os dias. As pessoas se encarregam de manter-se vivas, praticar exercícios, uma boa alimentação, estética pessoal etc. mas parecem mortas pela própria vida, pois devido todas essas regras, viram difuntas por dentro.  Mas para elas, isso é o sentido da vida; Então pegar um ônibus lotado, aguentar um empresário gritando em sua orelha e suas faturas de cartão de crédito para quitar, faz com que se considerem vivas e ferozes. Ok, você pode até dizer que todos tem seus sonhos, seus deveres, seus amores e valores. Realmente o amor é algo que contém a jurisdição da vida. Em compensação o amor também pode ser o gatilho faltava para explodir o seu cérebro no fim da próxima primavera. Mas as pessoas não devem pensar na tragédia antes de viver o presente. Aquele que deixa o hoje passar, nunca vai viver o amanhã e se não existir o amanhã, não haverá histórias para contar aos pombos daqui 20 primaveras.
 
     Agora vejamos o que esses homens, mulheres e adolescente com calças borradas pensam: Um país miscigenada, onde a própria consciência das pessoas já fazem o serviço de subjugar o próximo, seja no cor, na escolha sexual, no jeito de andar, na roupa ou o corte de cabelo. Que diabos essa sociedade pensa que é? Será que essa gente não percebe o quão rotular o próximo acaba por transformar a vida desse sujeito em um inferno? Alguém gosta de fazer a vida do próximo ser um inferno? Creio que não, mas esse povo nem mesmo percebe o que está fazendo isso, pois é do subconsciente, é padronizado e torna até mesmo um contra-senso em senso comum.

   No final daquele drink, podemos pedir o segundo e um cigarro pode ser ascendido para apreciarmos o tom cinza da fumaça. Veremos também homens olhando para as bundas das mulheres, afim de mostrar para os outros homens, que são 'homens' de verdade. Uma tentativa desesperada e sem pudor de mostrar sua masculinidade sem se importar com o que as pessoas pensam dele, e sabe por que? Pelo simples fato de que isso é normal. Sim, pois como eu disse, o contra-senso é senso comum no meio de todas essas pessoas pálidas. E o que poderemos fazer se esse tipo de atitude e tantas outras fora do senso são incentivadas diariamente pelos canais de televisão? Meu amigo, isso espalha feito doença, vermes de qualquer mosca sobre a merda tem mais dignidade que a maioria desses seres humanos. E em alguns aspectos, todos estão inclusos nessa dança, até mesmo esse idiota que escreveu o texto.
 
 

   

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Seres pequenos, com cheiro de vida

Quando se tem tempo para si mesmo, acaba encontrando lugares que jamais foram explorados. Muitas vezes esses recantos são pequenos fragmentos de um só ser, de você, do tudo ou nada.


Um rapaz jovem, alcoólatra e cheio de sonhos. Vivia em um conto de fadas. Amava uma garota, aquela que prometerá o céu, tão bela e límpida quando seus olhos castanhos, que combinavam com os troncos das árvores que gostava de olhar. -  As vezes você tem que andar com passos mais firmes na escuridão, o medo vai embora quando invocamos algoz da coragem, ou muitas vezes o melhor é parar e observar o caos das moscas, que brigam entre si, por um pedaço de merda-. Ele nem sabia disso, era jovem demais, pretensioso e feliz. Como todo ser feliz, não se importava com o que diziam, com o que fazia e por onde diabos estava andando. Só queria se auto-satisfazer e isso era o seu limite, ninguém pode dizer que não é – Era complacente de todas as dificuldades ao seu redor, mas o que realmente importava era o amor de sua amada, suas tranqueiras acumuladas, seus sonhos feitos de papel, isso era o que trazia proteção e graças a isso, o tornava invencível-.



Circulava por trás de becos, ele parava em bares, assistia a shows de rock, cantava com amigos, discutia sobre o mundo, quebrava garrafas e pedia desculpas para o Barman. Era como um poeta profissional, não praticamente. Olhava para lua, desenhava o mundo e o jogava fora no mesmo olhar. – Todos podem fazer isso, mas só aqueles que sabem sentir, entendem o significado - Quando perguntavam se Deus existe, à única respostas que vinha a cabeça é, tudo pode ser possível.

Um morador de rua, segurando uma toca, apelidava de guardadora de ideias. – Essa cidade é cheia de sonhos, de pensamentos mirabolantes, cheia de pessoas, robustas de insegurança, tão lindas, tão estranhas e perigosas – Ele oferecia piadas em troca de alguns centavos. Nosso jovem não tinha dinheiro naquela tarde, mas contou uma piada em troca de um sorriso do mendigo e os dois riram juntos. Era um momento único, eterno, e ficou na memória dos dois até o ultimo dia de suas vidas.

  Mal percebeu o jovem, ao voltar pelo seu caminho, que agora teus olhos estavam sozinhos, como se fosse roubado o brilho. Sua amada teve que viajar, nunca mais voltou, não mandou cartas nem mensagens por celular – Era só mais uma manhã, mas o café não era mais igual, só era mais do mesmo -  Mas o jovem não morre, ele permaneceu jovem, mesmo depois que as rugas tomaram conta de seu rosto. Não se preocupou em procurar uma janela que lhe mostrasse um novo brilho. Ele permaneceu intacto, segurando uma rosa nas mãos e os pés na corda, que bambeava e bambeava.


 Mesmo que nunca mais esqueça aquele brio, olhar singelo e sorriso elegante e inocente, a vida não parou. Até hoje continua contando história para os mendigos e também para as grandes platéias, alimentando uma porção de cérebros repetidos.

  - Embaixo do tronco de uma árvore, formigas mostram silenciosamente os segredos da humanidade - 


terça-feira, 16 de setembro de 2014



    Não é fácil ter que provar todos os dias que você é útil. Você se levanta, lava o rosto, toma um banho e diz, lá vamos nós novamente. Dizem por ai que você escolhe se quer sofrer ou não, eu acho que só aprendi a escolher a pior opção. Quando necessitamos de uma palavra de apoio, algo que nos levante e faça erguer a cabeça, observamos friamente que tudo fica distante. É incrível! Você tenta alçar todos os esforços, para  trazer aos olhos todas aquelas estrelas, e quando você precisa de uma única dessas estrelas, ela está apagada e tudo parece tão normal, simplesmente mórbido. Nessa horam mais uma vez, você se encontra na sarjeta. Cada um faz de si sua própria sentença, já dizia algum bêbado pela cidade que todos os chamavam de louco. Realmente, não estou aqui para viver pra sempre e nem gostaria. A vida eterna seria um inferno sem fim, daquelas que não nos deixa uma válvula de escape. Nunca vão te entender, ninguém vai lhe escutar, ninguém jamais vai dizer aquela palavra gostosa, que era tudo que você gostaria de ouvir, enquanto aqueles trovões tomavam conta da cidade e transformavam as avenidas em um caos.

    Naquela tarde chuvosa, não houve telefonema, não teve arco-íris, as paredes estavam no mesmo lugar, os olhos estavam aflitos... O coração estava esperando. mas tudo ficou daquela maneira. Tão previsível, tão normal, destrutivo, pois ninguém consegue ver por trás os pedidos de seus olhos.


segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Fragmentos, armas e cumbustão

   Eis as pessoas que não se intimidam em destruir os sonhos, que um dia foram de alguém. Eis aqueles que mostram sua escassa existência, dinamitada, corrosiva, que serve apenas de auto-combustão ao próximo que atravessar vosso caminho. Eis esses seres humanos, que são mais seres do que humanos. Se dizem serem pessoas boas, mas contemplam opiniões olhando eu seus próprios espelhos. Dizem que são sinceros e humildes, mas nunca vão perdem a oportunidade quando a luxuria se aproximar. Eis a dança desses desesperados, eles querem tudo e não dividem nada. Não se importam, apenas querem. Vamos dançar como macacos em uma jaula pequena; vamos saquear essas vidas frescas e podres. Dançando e caminhando, seguindo tambores e refrões, as balas estão chegando, surrando como estrondos de vulcões...


domingo, 31 de agosto de 2014

Válvulas para a fábrica de espítiros fracos


  Quanto mais passa esses invernos, mais sinto a vontade de voltar para aquela caixa de brinquedosm, que dexei em algum lugar de minha casa e do dia para noite, nem sei como sumiu dali.  Aqueles brinquedos não eram reais, eles eram mágicos. Cresci e vi o que realmente é real, quanta desiluação. Pessoas, ambições, dinheiro, traições, sexo, sarcamos, folhas de jornais, mentiras impressas, ironias; Hooow, até quando vocês vão erguer esse circo de cretinos.

   Talvez se não fosse a música que me salvou tantas e tantas vezes, eu já estaria morto. A música deve ser à única coisa realmente boa nesse mundo, aquela que não falha nunca, pois sempre haverá uma a sua disposição, a válvula de escape que calhará perfeitamente com o seu momento e alimentará seu espírito, despistando seus fantasmas, ou talvez não.

   Guitarra, baixo e bateria, precisamos ainda de muito mais, mas enquanto esses ainda existirem, conseguirei suportar.




quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O gato que se esconde dos ratos

  Hoje acordei em um daqueles dias onde concedemos a manhã para uma série de pensamentos desvirtuosos. Depois de uma noite cheia de pesadelos, começo o dia me perguntando até quando farei a mesma coisa, levantar, calçar os sapatos e partir para mais um dia de repetição. Vai durar até o dia em que estarei na fila da porcaria do INSS lutando por dois salários mínimos. Lembrei-me hoje que está próximo do meu aniversário. A maior parte das pessoas ficam felizes por comemorar seus dias de aniversário, eu odeio.  Como alguém pode ficar mais feliz por estar um ano mais próximo da morte? As pessoas reclamam por eu ver as coisas pelo lado pessimista da vida, mas nada vejo além do realismo. Percebi que sequer sabia em que dia da semana cairia o ‘meu dia’, quando vi o calendário, fiquei feliz, pois será em uma terça-feira. Dessa forma eu não terei que ficar o final de semana sendo obrigado a dar um sorriso estampando felicidade para as pessoas, enquanto viro alguns copos de cerveja e fumo meu cigarro. Deixe que eu cuido da minha comemoração, então, declaro que a festa está cancelada.

  A maior parte das pessoas gostam de sair, gostam de praias, ficam felizes em ver o mar. De fato eu aprecio a beleza, mas prefiro ficar distante. Ninguém pode entender o que realmente é, o fato de sentir-se bem em um lugar onde não tem ninguém. Uma vez critiquei uma pessoa que não gostava de natureza, hoje vi como eu estava errado. Eu não gosto de praias, mas gosto de natureza, mas tudo tem seu tempo, tem seu momento, às vezes prefiro naufragar em uma cama, ou debulhar na frente de um computador. Pode parecer monótono, mas se me sinto bem, quem poderá dizer que estou errado? No mundo existem tantas pessoas que não estão bem e se tenho a opção de fazer algo que regue com água fresca meus dias de martírio, pois bem, vou sentir prazer em tudo aquilo que você não tem. Todas as pessoas dançam essa dança, porque ela é boa, é leve e suave, todos dançam, até o dia em que o franco atirador disparar levar os corações cheios de sangue de nossas vidas, mas até lá, vamos acreditar que existe uma continuação.




segunda-feira, 28 de julho de 2014

  O dia nublado nasce de novo. É belo na primeira vista, esses tons de cinza mostram muito melhor quem somos, do que aquele sol escaldante, que nos deixa abobalhados.  Sentimos necessidade de sorrir em dias nublados, e quando não conseguimos, um cigarro serve para amenizar nossos anseios. Nunca foi tão difícil. Você começa a fazer os cálculos: Anos x Meses, meses x dias, dias vezes horas, dividido por você. Quando você chega ao resultado, é impossível não levantar a cabeça e sentir a vontade de mandar tudo para o inferno. Maldito seja o tempo que não para. Maldita seja a vida que não chega. Sonhos estão à venda, nunca foi tão difícil sonhar aqui, nessa cidade que cheira sangue, ouro e pólvora.


  A vida se resume em perder: perdemos dias, meses, anos, dinheiro, roupas, amigos, parentes, namorados, até que perdemos à própria vida. Depois disso, nunca mais perdemos nada.





domingo, 27 de julho de 2014

Desmembrar



   O mundo gira como um moinho, ela vai e volta. Você nunca sente a ventania chegando perto, nunca percebe a hora que deve pular fora daquele muro. Porra, quando você vê, já está girando feito um joão bobo, no meio desses sorrisos malévolos que te levam para a solidão.

    Você levanta todos os dias, preocupando-se em fazer alguém sorrir. Caminha como senão houvesse outro objetivo, de fato, não existe outro objetivo, mas ninguém precisa saber disso. Você ouve os pássaros cantar, anda por aí há procurar. Vê algumas coisas e ignora, as vezes assisti um culto de demônios em sua frente, mas você finge que eles não estão ali. É bem engraçada, se você tem um objetivo, eles perdem todos os seus poderes. Apenas um sorriso serve para derrubá-los. Mas quando eles percebem que você está sorrindo para não chorar, é a hora do show.

    Nessa instante as flores murcham, os pássaros não cantam, o sorriso não aparece e aquele tom esnobe e egoísta é esfregado na sua cara. Você prefere morrer muitas vezes, é normal, a sociedade do espetáculo adora matar ser atores de desgosto.

   Agora deixe-me ir, preciso andar. Não sei por quais buracos eu vou pisar amanhã, mas sei que vou ter que calçar um bom sapato. Se eles estourarem, é melhor parar de caminhar. Já perdi muitos sapatos  nessa estrada esburacada, agora eu não tenho mais nenhum.