Quando se tem tempo para si mesmo, acaba encontrando lugares
que jamais foram explorados. Muitas vezes esses recantos são pequenos
fragmentos de um só ser, de você, do tudo ou nada.
Um rapaz jovem, alcoólatra e cheio de sonhos. Vivia em um conto de fadas. Amava
uma garota, aquela que prometerá o céu, tão bela e límpida quando seus olhos
castanhos, que combinavam com os troncos das árvores que gostava de olhar.
- As vezes você tem que andar com passos
mais firmes na escuridão, o medo vai embora quando invocamos algoz da coragem, ou
muitas vezes o melhor é parar e observar o caos das moscas, que brigam entre
si, por um pedaço de merda-. Ele nem sabia disso, era jovem demais, pretensioso
e feliz. Como todo ser feliz, não se importava com o que diziam, com o que
fazia e por onde diabos estava andando. Só queria se auto-satisfazer e isso era
o seu limite, ninguém pode dizer que não é – Era complacente de todas as
dificuldades ao seu redor, mas o que realmente importava era o amor de sua
amada, suas tranqueiras acumuladas, seus sonhos feitos de papel, isso era o que
trazia proteção e graças a isso, o tornava invencível-.
Circulava por trás de becos, ele parava em bares, assistia a shows de rock,
cantava com amigos, discutia sobre o mundo, quebrava garrafas e pedia desculpas
para o Barman. Era como um poeta profissional, não praticamente. Olhava para
lua, desenhava o mundo e o jogava fora no mesmo olhar. – Todos podem fazer
isso, mas só aqueles que sabem sentir, entendem o significado - Quando
perguntavam se Deus existe, à única respostas que vinha a cabeça é, tudo pode
ser possível.
Um morador de rua, segurando uma toca, apelidava de guardadora
de ideias. – Essa cidade é cheia de sonhos, de pensamentos mirabolantes, cheia
de pessoas, robustas de insegurança, tão lindas, tão estranhas e perigosas – Ele
oferecia piadas em troca de alguns centavos. Nosso jovem não tinha dinheiro
naquela tarde, mas contou uma piada em troca de um sorriso do mendigo e os dois
riram juntos. Era um momento único, eterno, e ficou na memória dos dois até o
ultimo dia de suas vidas.
Mal percebeu o jovem, ao voltar pelo seu caminho, que agora
teus olhos estavam sozinhos, como se fosse roubado o brilho. Sua amada teve que
viajar, nunca mais voltou, não mandou cartas nem mensagens por celular – Era só
mais uma manhã, mas o café não era mais igual, só era mais do mesmo - Mas o jovem não morre, ele permaneceu jovem,
mesmo depois que as rugas tomaram conta de seu rosto. Não se preocupou em
procurar uma janela que lhe mostrasse um novo brilho. Ele permaneceu intacto,
segurando uma rosa nas mãos e os pés na corda, que bambeava e bambeava.
Mesmo que nunca mais esqueça aquele brio, olhar singelo e sorriso elegante e inocente, a vida não parou. Até hoje continua contando história para os mendigos e também para as grandes platéias, alimentando uma porção de cérebros repetidos.
- Embaixo do tronco de uma árvore, formigas mostram silenciosamente os segredos da humanidade -
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