quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Seres pequenos, com cheiro de vida

Quando se tem tempo para si mesmo, acaba encontrando lugares que jamais foram explorados. Muitas vezes esses recantos são pequenos fragmentos de um só ser, de você, do tudo ou nada.


Um rapaz jovem, alcoólatra e cheio de sonhos. Vivia em um conto de fadas. Amava uma garota, aquela que prometerá o céu, tão bela e límpida quando seus olhos castanhos, que combinavam com os troncos das árvores que gostava de olhar. -  As vezes você tem que andar com passos mais firmes na escuridão, o medo vai embora quando invocamos algoz da coragem, ou muitas vezes o melhor é parar e observar o caos das moscas, que brigam entre si, por um pedaço de merda-. Ele nem sabia disso, era jovem demais, pretensioso e feliz. Como todo ser feliz, não se importava com o que diziam, com o que fazia e por onde diabos estava andando. Só queria se auto-satisfazer e isso era o seu limite, ninguém pode dizer que não é – Era complacente de todas as dificuldades ao seu redor, mas o que realmente importava era o amor de sua amada, suas tranqueiras acumuladas, seus sonhos feitos de papel, isso era o que trazia proteção e graças a isso, o tornava invencível-.



Circulava por trás de becos, ele parava em bares, assistia a shows de rock, cantava com amigos, discutia sobre o mundo, quebrava garrafas e pedia desculpas para o Barman. Era como um poeta profissional, não praticamente. Olhava para lua, desenhava o mundo e o jogava fora no mesmo olhar. – Todos podem fazer isso, mas só aqueles que sabem sentir, entendem o significado - Quando perguntavam se Deus existe, à única respostas que vinha a cabeça é, tudo pode ser possível.

Um morador de rua, segurando uma toca, apelidava de guardadora de ideias. – Essa cidade é cheia de sonhos, de pensamentos mirabolantes, cheia de pessoas, robustas de insegurança, tão lindas, tão estranhas e perigosas – Ele oferecia piadas em troca de alguns centavos. Nosso jovem não tinha dinheiro naquela tarde, mas contou uma piada em troca de um sorriso do mendigo e os dois riram juntos. Era um momento único, eterno, e ficou na memória dos dois até o ultimo dia de suas vidas.

  Mal percebeu o jovem, ao voltar pelo seu caminho, que agora teus olhos estavam sozinhos, como se fosse roubado o brilho. Sua amada teve que viajar, nunca mais voltou, não mandou cartas nem mensagens por celular – Era só mais uma manhã, mas o café não era mais igual, só era mais do mesmo -  Mas o jovem não morre, ele permaneceu jovem, mesmo depois que as rugas tomaram conta de seu rosto. Não se preocupou em procurar uma janela que lhe mostrasse um novo brilho. Ele permaneceu intacto, segurando uma rosa nas mãos e os pés na corda, que bambeava e bambeava.


 Mesmo que nunca mais esqueça aquele brio, olhar singelo e sorriso elegante e inocente, a vida não parou. Até hoje continua contando história para os mendigos e também para as grandes platéias, alimentando uma porção de cérebros repetidos.

  - Embaixo do tronco de uma árvore, formigas mostram silenciosamente os segredos da humanidade - 


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