E ele estava lá, com seu sapato desbotada, jaqueta amassada e olhando a sua volta. Nada além de pessoas seguindo destinos opostos, e ele estava lá, parado, acanhado, só observando o barulho repentino, que mistura ódio e solidão. Procurando o que sequer consegue decifrar. A cada sorriso uma ilusão, a cada gesto um encanto, a cada olhar uma decepção. Assim ele procura seu lugar nos subgrupos dessa cidade. Nesse mundo de joão ninguém, ele é mais um, que só procura achar alguém. Sim, ele brinca, corre e canta! Mesmo que se sinta velho para isso, mas ele é vivo e pode sentir. Tenta criar amizades onde só se vê mentalidades tacanhas, bajuladas por status inúteis. Grita aos ventos esperando por sua resposta, rodopia debaixo dos panos, sabe que está distante de tudo e só pensa em um lugar a deriva para ficar.
Passos curtos todos os dias, tatear a solidão é preciso e perigoso. Nessa ilusão de amor com veneno ele ainda se vê feliz. O cinza da cidade o deixa bem, a música calma e o banco da praça lhe acalma. Café com cheiro forte, uma dose de vida para cada pensamento perdido. Mas onde esse rapaz rasteiro vai chegar, ele não quer mais ser quem não é, só quer aceito em um mundo onde todos fingem ser aquilo que não é. É tão difícil ser normal na cidade das máscaras, ele sabe disso, é mais forte do que si mesmo, é derrota passiva, angustia permitida, conformada e destrutiva.
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