Mais perto daquilo que sempre quis

   O povo do lado de lá, não sabia que seu destino pertencia ao lado de cá. Então esse povo do lado de cá, cantou, gritou e sorriu. Partiu para o lado de lá, trazendo os que estavam naquele lugar, para o lado de cá. Cá estão e felizes á estar. Cantando e seguindo o caminho, sem se importar de qual lado estão. O que pertence ao passado, sempre vai ficar do lado de lá, para aqueles que sempre sonharam em estar no lado de cá.

Um futuro feito com nostalgias ainda está por vir

Silenciar e aguardar, até que chegue a hora. Hora que nem sempre vem tão rápida, mas quando apresenta-se, tarda a despedaçar. Acreditar até o último momento que está trilhando o caminho mais seguro. Mas caso não ocorra o que esperamos, ou se formos pegos de surpresa, com uma decepção ferrenha, o que teremos que fazer é aguentar. De nada adiantará arrancar os poucos cabelos que em ti resta, por o holocausto daqueles que te sufocam. A morte é o remédio natural da vida, leva separado de teu corpo toda a tristeza, remorso e decepção em existência. Ao deixar de existir, apesar do medo de partir decepcionado, não é pior do que subsistir em uma ilusão eterna.

Desintegrar para dar um passo a frente

E chega o momento em que ficamos frente a frente com um dos maiores inimigos da vida. Uma tentativa angustiante de sobreviver, mas para isso é necessário derrotar um adversário quase invencível. Oponente que já levou muitas pessoas boas para debaixo da terra. Algo que existe há séculos, punindo todos que tentam apreciar o seu prazer. Não tem nada de inofensivo, não é nada de qualidade, é chulo e nunca leva há lugar ou conhecimento algum. Mas quem é você para hesitar em se afastar. Isto lhe chama todos os dias, grita por seu nome, atrapalha suas risadas, até que ela venha participar da festa, para que no dia seguinte, te leve ao nocaute novamente. Felicidade instantânea é o que podemos ver, felicidade instantânea é tudo que isso pode oferecer.

 Enfrentar não vai ser fácil, realmente não vai ser, mas nunca foi.

A dança não para

   Começo a escrever, como sempre, minha brincadeira preferida de faz de conta... Faço de conta que entendo todos, mas na verdade, sequer consigo encontrar o escape de meus problemas. Vejo pessoas felizes na maior parte do tempo, eu as admiro. Procuro estar assim também. Dou risada com elas, mas não gosto de ficar muito tempo ao lado. Boa parte das vezes não vejo a hora de me encontrar com a solidão novamente. Nesses momentos, eu penso mais. Me sufoco mais. Pessoas são sempre previsíveis, gostam das mesmas coisas, assistem os mesmos filmes e normalmente gostam dos mesmos músicos e atores. Elas também odeiam política. Esses seres são como moscas sobrevoando a mesma merda. Eu também sobrevoou a minha, sempre sentindo uma inquietante sensação de que não estou saindo do lugar.

  Os planos dessa gente já estão traçados. Irão trabalhar, acumular o capital, criar o status quo, casar e esperar, até ficarem soterrados debaixo de uma terra de péssima qualidade em um vale das sombras qualquer. A vida vem nos ensinando isso há séculos, mas somos soberbos demais para pensar em uma maneira de livrar-se desse acaso. Decretam por fim a existência de Deus e a vida eterna, assim vão adoecer tranquilos e sem remorsos.  Eu juro, que procuro Deus em todos os lugares, e tenho a esperança de que terei minhas dúvidas sanadas, mas ainda espero, cauteloso e sem pressa, pois o mundo vem em ruínas e a única coisa que a  fé inabalável trouxe para humanidade é o retrocesso social e mental.

  Do mais, esses pensamentos são embasados na mente de um escritor falido, que continuará sendo uma anônimo inútil, para todo o sempre.

  

  E se tudo isso explodir com uma dose de cafeína, de nada vai adiantar gritarmos, já estaremos jogados em qualquer beco sem saída, com bafo insuportável observado a água que escorre pela sarjeta. Aos bastardos basta olhar nos olhos, esperar pelo inesperado, então voltar e ver que tudo ainda está de pé, como uma montanha de cristal, mas pronta para ser estilhaçada. Passo à passo, estamos ouvindo sempre as mesmas palavras pelo caminho, mas ainda existe muito tempo para aprendermos à interpretá-las.

A lei da vida e o caos da necessidade afetiva

  Enquanto somos jovens, sempre estamos rodeados de amigos. Passam os dias vagarosamente e sem perceber bem vamos envelhecendo, enquanto esses amigos diminuem pouco a pouco. Alguns novos aparecem dentre as multidões, mas a grande massa toma rumos diferentes. Seja para morar em locais mais distantes, ou por arranjarem relacionamentos e simplesmente por terem novos planos, ao invés daqueles de sempre.

   Chega uma hora que a quantidade realmente ficará escassa. Você vai entrar em uma crise profunda em seus vinte e poucos anos, e terá que tomar decisões mais concretas na vida. Sua caixa de brinquedos agora está vazia e você nunca mais terá brinquedos novos. O tempo não é mais aquele ''todo'' de antes. E os sonhos agora devem ter novas perspectivas, afinal, a maioria você não conseguiu realizar.

   Nessa hora é que paramos para ver que deixamos de estar com uma série de pessoas, que hoje poderiam fazer nossa companhia. (Maltratamos e fomos maltratados, e ninguém pensou no amanhã e o hoje já é tarde demais).

   Normalmente quando dizemos que temos que ter um relacionamento fiel, não é simplesmente por amor,  prazer ou algo mais...é uma questão de segurança naquela pessoa, para que fiquemos do lado dela sem medo de se perder... Mas se não tivermos respeito pelo próximo e os últimos que restarão, teremos que aguentar a angústia de morrermos sozinhos.

   Nem sempre a solidão é a pior amiga, mas na maioria é quem te sufocará no silêncio.
Todos precisam abraçar o vácuo, para aprender a lição antes que seja tarde demais. Se é para explodir, então o que está esperando?