foco meu olhar em uma folha sobre o fundo azul
o vento sopra, ela se meche, mas em segundos volta ao lugar.
tudo parecia bem, tudo parecia leve.
embaixo
formigas trabalhavam incansavelmente
para suprir os desastres causados pelo último inverno em seus formigueiros.
tudo parecia calmo.
mas era o começo de mais uma primavera em nossas vidas
não havia muito o que comemorar para dizer a verdade
com exceção das formigas é claro.
eu começo a ouvir tiros no fim da tarde;
eram fogos de artifício
mas não era final de campeonato
nem festa de são joão.
era uma comemoração
do medo
elegeram um fascista nas urnas. dessa vez
eles foram mais longe do que eu pensava.
vestiram as camisas
estas que já não eram verde e amarela
mas sim, do rosto
de seu líder, do rosto
de alguém que repugna gays
mulheres
negros
pobres
trabalhadores.
ele nos odeia.
e ouço mais fogos
em comemoração
e vejo
gente que ele odeia
gritando sob euforia que esse 'mito venceu'
e esse mito
que vai nos matar,
ele
nos
odeia
e ele
venceu
resistiremos.
basta lembrarmos das formigas que nos dão exemplos sem parar.
de como reconstruir suas vidas depois de um longo e frio inverno
e que aprendemos com elas agora
os segredos dessa humanidade
a força do coletivo
o caminho da união, o roteiro da luta
nem que seja
a nossa última vez.
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