sexta-feira, 4 de julho de 2014

Divergência de vida, ausência de ser

     Quando fico em repouso no meu aposento, mofando e pensando como mosca em cima do esterco, procuro entender um pouco mais dessa alcateia de pessoas. Gosto de ver como enfrentam suas decepções e como em tons cintilantes demonstram toda sua alegria. Costumam mostrar isso em suas linhas do tempo, isso transparece muito as coisas, mostram de certa forma como elas são, como gostam, como agem, tornam-se previsíveis como o andar de uma tartaruga. Você percebe quando elas elevam um artista, um filme e uma série de televisão, acabam por virar Deuses dessas pessoas. Mas como podemos reprimir tal atitude? É impossível e pouco ético. Esses Deuses fazem bem a elas, se não fossem estes, provavelmente as pessoas explodiriam em pouco tempo.
Vivem procurando algo seguro para se apegar, pois de um todo, só encontram defeitos em si mesmo e encontram sua paz em companhia de algo que nem sempre é real.

    Uma vez estava eu, fumando um cigarro, deixando com que a fumaça deslizasse sobre minha face, trazendo um tom horrivelmente prazeroso sobre minha visão. Observei um homem do meu lado falando no celular – Eu não acredito que ele fez isso, se ele não me pagar vou matá-lo - Fiquei um tanto espantado, mas não surpreso com tal barbárie que ecoava em meus ouvidos. Mais tarde, já em meu trabalho, observando aquela maldita tela de computador, ainda dei ouvidos as conversas paralelas, que diziam – Meu namorado comprou uma moto nova, me levou para jantar, a conta foi caríssima, mas ele pagou tudo, eu acho que homens sempre devem pagar as contas das mulheres - Com um ar de insatisfação, baixei minha cabeça decepcionado com o pensamento desprezível.

    Tento me recompor todas as vezes que escuto algo assim. Sei que o ser humano está engessado com sua opinião antiquada. Cada um tem seu abismo pessoal, e acumulando seus problemas e sua ignorância, faz com que esse abismo olhe para eles. Porém estes, estão muito ocupados com seus afazeres, para observador o buraco que estão criando.
Eu posso ouvir, observar e contabilizar os danos, mas isso não me torna imune a podridão e não quer dizer que eu não seja um deles.




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