segunda-feira, 29 de junho de 2015

A luz dos moribundos

Eu sei que no meu âmbito de fugir, de me esconder, por fim acaba sendo inútil, vou lhe encontrar de qualquer maneira pelo nosso asfalto que coincide em qualquer lugar. Parece que nossas vidas estão destinadas a encontros tortos, nesse caso não podemos evitar, então temos que nos contentar em nos olharmos e desejarmos de certa maneira, de certos âmbitos. Talvez Nietzsche estivesse certo no ponto em que disse 'desejamos mais desejar, do que realmente desejamos o objeto de nosso desejo'. Mas da última vez, desejei mesmo em lhe ter por completo, me lembrando de todas as carícias e toques ao meio da madrugada e um prazer nostálgico infiltrou no meu corpo, como de quem deseja devorar algo que está em sua frente mas não pode. Sim, confesso, quis lhe tragar para dentro de mim, no melhor sentido da palavra. Expulsar não somente algo selvagem dentro de meu corpo, mas um amor que encontra-se estagnado e depois de alguns momentos, despejar sobre você todo doce de um prazer mais do que casual, muito além do casual, e por fim ascender um cigarro e apreciar suas mais belas feições, a leveza de sua pele, a tonalidade de seus cabelos, a espessura de seu lábios e tudo de mais vistoso em você.


No final temos que nos contentar com nós mesmos, mesmo sabendo que nunca encontrarei o mesmo brilho em outros lares. Chega um momento que temos que admitir o fim, por mais desesperançoso que o futuro seja, por mais inútil que seja viver sem viver. Mas nunca se esqueça princesa, esse mundo é sujo e rodeado de impostores, tome cuidado para que nenhum deles despedace o seu lar. Talvez eu tenha que ir embora em um futuro breve, mas não pense que foi por mal, a alma de todo moribundo precisa revigorar, antes que adoeça eternamente.

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