Eu sei que no meu
âmbito de fugir, de me esconder, por fim acaba sendo inútil, vou lhe
encontrar de qualquer maneira pelo nosso asfalto que coincide em
qualquer lugar. Parece que nossas vidas estão destinadas a encontros
tortos, nesse caso não podemos evitar, então temos que nos
contentar em nos olharmos e desejarmos de certa maneira, de certos
âmbitos. Talvez Nietzsche estivesse certo no ponto em que disse 'desejamos mais
desejar, do que realmente desejamos o objeto de nosso desejo'. Mas da
última vez, desejei mesmo em lhe ter por completo, me lembrando de
todas as carícias e toques ao meio da madrugada e um prazer
nostálgico infiltrou no meu corpo, como de quem deseja devorar algo
que está em sua frente mas não pode. Sim, confesso, quis lhe tragar
para dentro de mim, no melhor sentido da palavra. Expulsar não
somente algo selvagem dentro de meu corpo, mas um amor que
encontra-se estagnado e depois de alguns momentos, despejar sobre
você todo doce de um prazer mais do que casual, muito além do casual, e por fim ascender um cigarro e apreciar suas mais belas
feições, a leveza de sua pele, a tonalidade de seus cabelos, a
espessura de seu lábios e tudo de mais vistoso em você.
No
final temos que nos contentar com nós mesmos, mesmo sabendo que
nunca encontrarei o mesmo brilho em outros lares. Chega um momento
que temos que admitir o fim, por mais desesperançoso que o futuro
seja, por mais inútil que seja viver sem viver. Mas nunca se esqueça
princesa, esse mundo é sujo e rodeado de impostores, tome cuidado
para que nenhum deles despedace o seu lar. Talvez eu tenha que ir embora
em um futuro breve, mas não pense que foi por mal, a alma de todo moribundo precisa
revigorar, antes que adoeça eternamente.
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