quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Nada de mau nos acontecerá.

É época de natal
logo mais
as pessoas vão se reunir para comer,
e se presentar.
mas boa parte,
boa parte continuará andando
pelas ruas procurando
aonde
largou parte
de sua vida,
e aonde estão agora
as pessoas que um dia lhes davam presentes.

e vão certamente
sentar na mesa de algum bar que estiver aberto
pedir um drinque para festejar
deus sabe lá o que
mas todos estão bêbados, então
é direito unilateral se libertar.
e eu
eu provavelmente serei um deles;

por incrível que pareça
nos últimos tempos meu melhor amigo
está sendo alguém que mora quase
do outro lado do mundo.
mas de alguma forma
a gente sentiu que era importante
dar um jeito
de nos comunicarmos
e ele
esta como
eu
procurando onde se jogar
tentando encontrar o tobogã
da vida

já faz algumas semanas que conversamos durante a noite
eu pergunto se ele está bem
ele responde e pergunta se estou bem.
Ele tem depressão
eu, ainda não disse do que sofro
mas continuo
escrevendo pra ele

pois eu sei que
se a gente continuar assim
nada de mau
acontecerá
para nenhum de nós dois.



sábado, 15 de dezembro de 2018

Quando o coração humano quer falar
então eu me pergunto, o porque não entendo o motivo do
amor, não se comportar mais com a ousadia do seu lado?
na minha opinião,
é sempre  melhor dizer que os sentimentos são os que são.
Quando eu sentir o amor novamente,
eu quero manter a minha fé viva
e acreditar que não precisarei empregar mais nada de mim
para me sentir seguro
para me fazer feliz.

E acreditar nisso
é acreditar que o amor um dia pode vir.
mesmo sentindo o mundo
me observando
e me julgando
como um tolo todos os dias.

Mas o que posso fazer se para voltar a sentir a sensação trivial
eu preciso
encontrar algo que faça explodir,
todas as mínimas partes de mim.

de mim?(...)

terça-feira, 27 de novembro de 2018

O Último Dia de Verão

Eu me lembro daquelas noites onde eu podia
simplesmente gritar por seu nome
e de onde estivesse
você apareceria pra mim.
mas isso
não
funciona mais.

Eu sou apenas o que restou de uma das vidas que habitava em mim.
Vida da qual em um determinado momento que não percebi ao certo
trocou de lugar com a outra que tomava conta de mim
se apossando de meu corpo, 
de minha vida e de meus atos. 

e eu não sei se amo essa personalidade que sou, ou que era, ou que um dia ainda serei
mas sei que por enquanto, 
eu estou deixando a vida em ponto morto
e tudo está tão difícil
em todas as curvas, em todos os cantos, em todos os lugares
existe dificuldades me impedindo de seguir e as pedras, não param de cair.

Mas mesmo assim sei que não adianta mais gritar seu nome.

pois eu já fiz isso algumas vezes, em determinadas noites
quando passo geleia no pão e bebo com uma taça de vinho barato
sentindo o cheiro de incenso no ar.
mas você 
nunca mais
me ouviu. 

e nunca apareceu.
além do mais
acho que me tornei um desconhecido na multidão
e que eu
por convicção 
acredito que passaria desapercebido por você
pelo seu olhar e pela sua vida,
mesmo se um dia por acaso
cruzássemos pelo mesmo caminho
e se alimentássemos juntos,
os mesmos pombos da praça da sé. 
ainda sim, você não me veria mais ali. 

No final,
o seu caminho foi realmente o certo,
pois eu sou um sonho pequeno demais
para os teus anseios
e você foi atrás de algo maior
que realmente eu não teria condições de fornecer.
e eu fico aqui, 
saboreando pão com geleia 
tentando entender onde exatamente eu perdi a linha do meu destino...

e logo mais
será noite de lua cheia, e estamos no verão
onde tudo é mais bonito
e eu não vou poder compara sua beleza com a da lua dessa vez.
...
já se foi 
tanto tempo.
e mesmo assim
eu ainda vejo o brilho do seu olhar toda vez que olho pra ela. 


Mas mesmo assim
sei que
não adianta mais
gritar
seu nome.




terça-feira, 13 de novembro de 2018

Você vira a esquina mais uma vez... de volta para casa.

A vida que estaciona
aquela música que embalava o  gingado, não vai mais tocar.
todos ao seu redor parecem felizes.
e você fica feliz por eles
mas é singelo consigo mesmo, espera em silêncio o dia que vai sorrir solto
ao invés
de fingir
todas as vezes
que eles estão por perto.
fingimos pois não podemos dar ao luxo de nos confessar
e perder o tempo da vida dos outros.

e eu sempre fui mais de ouvir o que tem para dizer
do que dizer o que eu tenho que falar.

e foi moldando esse jeito meio antiquado que fui chegando até aqui.
e as vezes
isso rasga o meu peito
e as vezes, esse mundo que desejo
foge do meu jeito
eu beiro a loucura,
e então tudo parece que congelar
parando de fazer sentido

a rotina
o conhecimento
as inspirações
o amor
e a saudade


os pontos fortes dos laços da vida humano
desabrocham
e tudo desmorona;
mas a gente fica calado sentado no escuro
como fomos ensinados pelos nossos pais
sempre com um sorriso no rosto para as pessoas estranhas,
escondendo por trás a nossa
tenebrosa insatisfação.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Desafia o nosso peito a própria morte.

Deitado embaixo de uma árvore, 
foco meu olhar em uma folha sobre o fundo azul 
o vento sopra, ela se meche, mas em segundos volta ao lugar.
tudo parecia bem, tudo parecia leve.
embaixo
formigas trabalhavam incansavelmente
para suprir os desastres causados pelo último inverno em seus formigueiros.
tudo parecia calmo.
mas era o começo de mais uma primavera em nossas vidas
não havia muito o que comemorar para dizer a verdade
com exceção das formigas é claro.
eu começo a ouvir tiros no fim da tarde;
eram fogos de artifício
mas não era final de campeonato
nem festa de são joão.

era uma comemoração
do medo
elegeram um fascista nas urnas. dessa vez
eles foram mais longe do que eu pensava.
vestiram as camisas
estas que já não eram verde e amarela
mas sim, do rosto
de seu líder, do rosto
de alguém que repugna gays
mulheres
negros
pobres
trabalhadores.
 
ele nos odeia.
e ouço mais fogos
em comemoração
e vejo
gente que ele odeia
gritando sob euforia que esse 'mito venceu'
e esse mito
que vai nos matar,

ele
nos
odeia
e ele
venceu

resistiremos.
basta lembrarmos das formigas que nos dão exemplos sem parar.
de como reconstruir suas vidas depois de um longo e frio inverno
e que aprendemos com elas agora
os segredos dessa humanidade
a força do coletivo
o caminho da união, o roteiro da luta
nem que seja
a nossa última vez. 



 

domingo, 21 de outubro de 2018

Naquela noite ele esqueceu o caminho de casa



Eu prefiro preservar nossa amizade, ela disse pra ele.
Oras, como se essa amizade fosse realmente satisfatório,
que dela nascessem os frutos necessários que os privariam da solidão de um quarto vazio em uma madrugada de inverno daqui quinze anos.
como se essa amizade conservada, padece sobre a alma e fortalecesse as de nossa vida
e como se um dia eles se lembrassem,
que não se beijaram naquela noite,
para conservar algo que não existe mais.

A vida são pequenos espasmos que atrofiam nossos sonhos.
Plantamos, cultivamos mas morremos sem colher.
Mas pra que se lamentar agora jovem?
o não é não.

Já tarde da noite ele voltou perdido para a casa
mas percebeu que a giro do volante, dava entrada para uma nova rua
e como se fosse mágico
a lua sempre estava posta a sua frente
no esplendor de sua beleza estonteante
e naquela noite
ele teve certeza que ela estava dando o seu espetáculo
 para um único espectador



domingo, 14 de outubro de 2018


Quando as coisas estão paradas, nós de alguma forma  temos que dar um passo, pra ver se algo muda de lugar, se não enlouquecemos sem sair do lugar.

bate o vento, reflete na alma.
mas

Deus, o mundo está estranho la fora, estamos em eleições e as pessoas estão ficando más, racistas e patriotas demais para meu gosto.
 Isso é 2018 e u já não ser o que será de nós em 2020.

Mas eu ainda estou no meu lugar, um tanto entendiado e por isso dou passos, e eu  não sei se nesta noite eu construí ou destruí minha ponte, mas quando voltei pra casa, eu vi as mesmas luzes de sempre e cruzei pelas mesmas ruas de sempre, e eu já não sei dizer se isso é satisfatório, mas ainda estou vivo, legislando em meu próprio ser, um caminho feliz, pra um final feliz.




domingo, 9 de setembro de 2018

Catarse

Vou jogar meu coração essa noite contra a parede
para poder continuar sentindo
que sou eu quem mora nele
e eu sei que ele vai se machucar um pouco e terá alguns arranhões
mas eu sou assim mesmo
e eu também vou morrer
mas eu vou estar resistindo pois eu sei que não sou de mudar muito
nem de trocar o corte do meu cabelo quando chega o verão
e também não sou de deixar meu coração se amarrar em muitos postes de pouca luz
Mas eu vou continuar vivendo todas as noites
sabendo que um dia a vida vai haver um fim
e eu vou sempre me lembrar
que tenho que aprender a esquecer de você.

e vamos ver quantos anos mais eu vou resistir
nesses acordes que tocam meu coração
e fazem com que meu corpo dance sozinho
na pista dos shows de minhas músicas preferidas.
e vai continuar sendo igual.
como eu nasci pra ser,
pois eu não me sinto bem em tentar enganar a mim mesmo.

E então a gente ressuscita
pois sabe que coisas boas existiram há tempos atrás
e a gente cansa de ficar encostado em uma mesa de bar
como se a salvação de nossas vidas
fosse entrar pela aquela porta
e brindar a primeira de nossas mais belas noites.
e é por isso que vou sair por ai gritando de braços aberto ao céu
por que eu não conheço nenhuma outra maneira de conseguirmos chegar até lá.


Catarse na filosofia Freudiana representa a libertação de pensamentos e sentimentos traumáticos que até então eram reprimidos pela própria alma humana. Quando se libera o sentimento, você vive o CATARSE. 

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

M-a-k-t-u-b


Ele deu boa noite e entrou no carro, ligou a seta e saiu pela esquerda.
era a última vez.
mas ele não sabia e ela também não.
talvez se soubesse, teria olhado aqueles olhos por mais tempo
teria dado um abraço mais forte
teria deixado alguma lembrança, ou ao menos
teria feito um sorriso novo aparecer ou deixado alguma lágrima rolar.

E depois de alguns meses deu-se conta
de que aquela tinha sido a ultima vez.
Agora sentado em sua poltrona, bebendo seu café
percebe-se que a vida trouxe várias ultimas vezes, e ela jamais avisou.
Foi assim quando saiu com seus amigos para jogar bola na rua, e não sabia, que num determinado dia, estavam jogando pela última vez.
Também foi assim quando viu seus amigos do colégio, se despedindo, mas pensando que se veriam na segunda-feira como de cotidiano, mas aquela também foi a última vez.

E a vida nos trará muitas vezes a última vez,
sem nos avisar para prepararmos para ocasião
o que temos de melhor.
Um dia será o último abraço
naquele amigo tão querido, que uma hora vai partir e jamais vai voltar.
Um dia também será  última vez que você ouvirá sua música preferida.
e um dia será o último beijo que dará na pessoa que mais ama nessa vida,
mas não saberemos.
nem isso
nem nosso último livro
nem nosso último passeio pela cidade
nem nossa última ida a praia
a vida é assim
a eterna incerteza que acaba por fazer
com que nos tratemos com tamanha indiferença
sem perceber
o quão importante
é o dia de hoje.
que pode significar o fim das coisas mais belas
que serão lembradas
por todo o resto de nossa existência. 
Somos seres humanos parados em uma lembrança que costumava se mover.


PS: Maktub é um sinônimo para 'destino', ou do que já está predestinado a acontecer.


terça-feira, 14 de agosto de 2018

dentre os filhos dos pais.

Esse dias eu conheci Enzo,
Enzo é filho de uma pessoa uma pessoa querida
Enzo nasceu há pouco tempo e já tem nome famoso e repetitivo;
Enzo tem um belo sorriso, como o da mãe
mas já não vejo o sorriso da mãe, como via antes dela ter Enzo
pois
a mãe gostava de uma pessoa
e essa pessoa não gostava da mãe de Enzo
e então pra esquecer, a mãe de Enzo teve algumas relações exporádicas
e acabou por se juntar com o pai de Enzo
quem sou eu pra falar algo do pai de Enzo,
porém todos já sabiam que este não seria o pai que talvez Enzo gostaria de ter.
e nem a mãe de Enzo, gostaria que ele fosse o pai do seu belo menino.
Mas a vida os levou ali, pais separados, com Enzo crescendo sem entender bem as coisas.
a vida se torna cruel logo de início
Mas me coloco
dentro do coração da mãe de Enzo
afinal nós só queremos uma proteção
temos medo de envelhecer e afinhar precocemente sozinhos com medo do escuro
e esse pressagio
traz nas pessoas o mais terrível calafrio
e então acaba fazendo com que qualquer pai do Enzo, pareça uma boa companhia
e então
quem somos nós para dizer o contrário?
Pobre mãe,
seu coração é doce
mas seu destino está sendo amargo
em seus olhos vejo
uma imensa luta
que um dia certamente
você vencerá.


terça-feira, 7 de agosto de 2018


a existência,
orgânica, pura e inalterada,
é provinda da essência.
Uma gota de água, um peixe que nada,
um olhar que se apaga.
uma memória frustrada,
e os erros insuperados,
não somos aquilo que fazemos de nós
nem seremos aquilo que provirá de nós.
mas sim, somos o que fazemos
daquilo,
que fazem
de nós.

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Eudemonismo



Hoje eu só queria falar,
pois faz algumas semanas que ando sem voz,
e então observo as mudanças no espelho,
da minha aparência, de meus dilemas
não sei bem se estou ficando melhor ou pior
só estou indo
com medo do que está vindo.

Percebo que
minha carne já não é mais a mesma, mas tento me acostumar com isso.
meu sorriso já não é mais o mesmo, mas eu também tento me acostumar com isso
eu não sei fazer mais uma pessoa sorrir, mas eu também tento, me acostumar com isso.

De longe vou dando adeus
ao que ficou
ao som leve que ouço quando a música se aproxima de seu fim
ao ver a onda da praia bater na costa
de leve
como foi o impulso que me trouxe
e o mesmo que me leva.

me leva sem saber bem pra onde
mas de onde tenho muito medo
pois tenho medo
se la vou sorrir
ou se vou chorar
mas chorar já não é possível
o que me resta é ficar com essa cara
de ver o mundo dando voltas em minha frente
as pessoas mudando constantemente,
ficando frias
ficando longe
ficando de um jeito que eu não queria que elas ficassem.
mas eu nasci aqui
nessa época
nesse mundo
e então me disseram que tenho que viver, mas eu também tento me acostumar com isso.


Foto encontrada dentre as pastas do computador, tirada certamente há alguns anos, em uma noite agradável da qual eu sorria. Época em que em mim, os sonhos mais belos e acreditava que eles durariam para sempre.
 E na beleza luminosa da lua eu encontrava o brilho de um olhar. 

segunda-feira, 25 de junho de 2018

saudades de um tempo
quando nada mais me importava a não ser meu cabelo espetado
meu sinto de rebite
e meus amigos
Um tempo tão distante
quando a música completava minha alma
quando a minha alma se alimentava com seu amor
e quando nos beijávamos
em uma noite de luar
já bem alcoolizados ao som de nossas bandas preferidas
Era um tempo fácil para se viver.
agora  me pego ouvindo "Oh Oh I Love Her So" mais uma vez,
e queria tanto
regressar naquela noite e sentir o suor de todos nós mais uma vez.
era aquilo
que nos mantinha
mais vivos
e todos tem algo que os mantém vivos,
mesmo que na memória.


sábado, 23 de junho de 2018

As lágrimas que caem em ao som da música

um dia sem muito vento
um dia, sem muita vida
gosto normal, é sabor de nada
me canso rápido e então vou pra casa.
Quando chego encontro um som peculiar vindo da sala,
era minha mãe ouvindo as músicas de  sua juventude
quando adentrei percebi que ela chorava de soluçar.
Acredito que não esperava que eu chegasse tão cedo em casa
a peguei desprevenida, me senti desprevenido também.
a música que ela ouvia eu também escutei por quase toda minha infância
sua influência, também era minha influência.
ela lamentava-se por meu pai
e por todos os amores que deixará ir durante seus melhores anos.
e agora tudo se foi
e então restava-lhe lágrimas e ressentimentos.
Eu não podia fazer muita coisa a não ser encostar minha cabeça em seu ombro e deixar tudo debulhar.
era triste e eu senti.
a vida das pessoas são tristes
elas chegam em determinada época que sentem-se desarmadas
seus amores se foram
sua beleza se foi
sua vontade de viver
também se foi.
E tudo agora parece com uma espécia de monstro em nossa frente,
quando nos damos conta que o tempo passa
que o relógio não para
e que nãos sabemos mais se estamos ganhando ou perdendo o jogo da vida.
sofri junto a minha mãe
de certa forma, me sinto como ela
pobre poeta desarmado
sem rumo
sem vida, sem o que acreditar
sem um olhar para olhar.
sem uma boca pra beijar
e se você se acha suficiente forte para dizer que tudo isso é uma fraqueza
saiba qualquer ser humano pode chorar
e a lágrima é virtude da vivência
de desejo e falência do ser
e dói no meu peito ver alguém chorar
 principalmente um alguém que me trouxe até aqui via um cordão umbilical
pra um dia escrever esse poema
da qual deixarei eternizado
em algum lugar, em qualquer canto
mais um grito abafado
de todo esse tempo.



domingo, 17 de junho de 2018

Deveria haver algo novo pra fazer, quando nossas atividades não surtem mais efeito.
Deveria ter um lugar para corrermos, quando começamos a nos estressar por coisas pequenas e parece que elas nos atrapalham tanto.
Deveria ter algum lugar pra correr,
quando escutamos de uma pessoa que não podemos dar certo, pois nossos gostos não são similares e por isso, nosso beijo não vai dar certo, nem nossa sintonia, nem nosso toque nem nossos olhares.
Deveria haver esse lugar para nos escondermos, de todas as vezes que desistimos de uma batalha
ou que não queremos acordar para lutar no dia seguinte.
e se houvesse
evitaria com que as pessoas ficassem
cabisbaixas, com seus rostos cansados
depressivas, saturadas
elas tem um andar estranho
suas sombras são estranhas
suas maquiagens são estranhas
e elas nos encaram, e nós as encaramos elas,
dentro dos transportes públicos
dos bares, boates e restaurantes
e que circo,
voltamos todos para nossas casas, e nos reencontramos outro dia qualquer
sem sequer sabermos os nossos nomes.
Mas talvez possamos nos adicionar em uma rede social
talvez um aplicativo de namoro,
eles gostam disso
eles acham que isso é o suficiente
mas eu não quero mais
tão pouca coisa assim
e
nem muito menos
perder tempo,
em um lugar, que eu não sou mais bem-vindo.


terça-feira, 12 de junho de 2018

Essas pessoas, estes seres humanos


Eu acho que elas só pensam em injustiça quando acontece com eles. Aqui temos uma audiência ao céu aberto todos os dias, onde podemos apontar nossos dedos, julgar e esquecer boa parte das coisas quando de errado que fazemos, quando nos convém. Essa amnésia intrapessoal acontece quando a dor se abre em nosso calcanhar e quando o sangue que cai no chão, padece de nosso corpo.

Melhoremos o que somos,
pois para brotar temos que aprender a plantar. Não adianta apontar todas as armas agora, esquecendo-te de todos os cartuchos que atirastes e que deixastes ao chão, na última guilhotina.
A bala que te faz sangrar,
já foi a mesma que tu arrancastes a pele de alguém.
E assim será para todo o sempre, a arma que é passada de mão em mãos
em um vasto e caloroso pelotão de fuzilamento.

E que circo amigos,
e que espetáculo podemos produzir com esses belos cartuchos caídos ao chão.

Mas dormiremos tranquilos esta noite, feito anjos, pequenos e férteis criaturas,
mesmo sabendo que nada está certo, mas já temos conosco decorado a história que contaremos amanhã na hora do café, também sabemos qual é o nosso papel e quais falas e versos serão declamadas durante o dia, já escolhemos quem vamos matar e quem vai viver.
Estamos todos presos em um grande filme, e é um filme ruim, de roteiro podre e com péssimos super-heróis.

Mas nós adoramos atuar aqui, e sempre achamos que somos o personagem principal desta película.
sempre achamos que nosso amor é mais importante que o amor do outro.
sempre achamos que nossa forma de amar é a mais certa,
que nossa história
é mais triste que a do outro
e que se a felicidade não é para todos
que ela então,
deva ser minha e somente 'minha'
para que eu possamos
dizer para todo mundo que somos felizes.

mas não.. não serei feliz
enquanto não matar aquele que me deixa infeliz.
mesmo que para isso,
eu esqueça quantos mais
eu matei
e vou ainda matar
para chegar até lá.



domingo, 3 de junho de 2018

O vento sopra onde quer


Hoje a existência não está sendo suficiente
que diabos acontece aqui
todos nós vamos morrer um dia, tenho que fazer algo a mais.
mas ao mesmo tempo que pareço insatisfeito com o agora
por vezes
me sinto completamente realizado
com um fim de noite de domingo, um cheiro de incenso
uma música e um papel para escrever isso que você lê agora. 
e vem uma sensação de não querer sair daqui nunca mais
que pare o tempo, que pare esse mundo. 
e eu queria poder todos os dias
agradecer da melhor forma aqueles que me amam
mas eu sou como quase todos vocês, impaciente e as vezes voraz com as palavras
e muitas vezes quero pedir desculpas 
mas não consigo
e eu sei que um dia isso vai me sufocar
e o arrependimento vai ser inevitável
mas por enquanto vou continuar tentando
e sob o cheiro do incenso faço preces por coisas boas no amanhã
as coisas simples
as coisas que me fazem bem.
e que o vento sopre
para todos vocês também. 



O vento sopra onde quer. 


sexta-feira, 1 de junho de 2018

Tenho que confessar que invejo os mais jovens.
Invejo sua disposição, seus sonhos mesmo que inalcançáveis
Invejo sua visão positiva, sua habilidade em se socializar
Acredito que talvez essa disposição venha pelo fato de que estas almas
poucas vezes disseram a palavra Adeus.

Quando você vai fica velho,
percebe que colecionou pessoas que se despencaram da árvore de sua vida.
Os otimistas dizem que para que algo floresça
Você tem que deixar algumas coisas para trás,
sua casca,  sua pele, sua semente.

E esse mundo está cheio de otimistas que pregam essas coisas
Quando eles se aproximarem de você,
Escute eles e os siga,
Mas não por muito tempo.
Você não pode bater a cabeça muitas vezes, sem sentir o sangue escorrer.

E somente isso traz o sentido a sua luta.
Mas isso por vezes te fará sentir sozinho
E quando isso acontecer,
antes que você se pergunte 'para onde foi todo mundo,'
olhe para dentro
e isso pode ser perigoso
Não chegue perto demais da sua janela
Mas se quiser pode chorar em tua cama
Isso alivia. Varre o velho e traz o novo, e é a coisa mais otimista que há.
e que nos resta para acreditar. 



segunda-feira, 28 de maio de 2018

Se a história nos guardar em uma caixa de memórias inacabadas



E se um dia
daqui há pouco mais de 400 anos
o mundo, após todas suas transmutações  que lhe está destinado
ainda se lembrar que existiu algo chamado internet
 e conseguiu resgatar algumas coisas perdidas
em um escombro de um país chamado Brasil,
de uma suposta cidade chamada São Paulo,
que segundo os livros da época
dizia que havia um rio canalizado em seu centro
saibam que aqui
foi uma terra de muito luta,
muito sangue de inocente e tristeza.
Um lugar onde o fascismo provavelmente venceu,
 mas antes disso, superamos muitos anos de exploração capitalista
e segundo algumas pessoas que também escriviam seus poemas por aqui,
e é bem provável que elas estejam certas
não existiu
amor em SP
e aqui
ninguém foi pro céu. 


domingo, 27 de maio de 2018

Gosto de Cereja

Voltar dentro desta casa, é tão diferente,
é tão distante do que imaginei
tive medo do retorno a estas ruínas
tive medo
e para que tomasse coragem
coloquei as músicas  que me acompanhavam sempre que escrevia algo aqui.

acho que vai funcionar dessa vez
talvez por um tempo,
algumas horas e
talvez até eu me encontrar algo novo e partir
ou talvez ficar
e desistir aqui mesmo.

Estamos em um mundo fino como papel
as pessoas em sua maioria não me agradam mais
quando conheço alguém novo eu espero tocar em sua alma,
sem que ela perceba,
mas a maioria, eu paro na porta, pois não sinto profundidade.
E quando vamos mergulhar em algo, precisamos ir fundo, uma piscina rasa não foi feita para um coração se esbaldar.
Então descarto
eu sofro com isso
e descartando a pessoa, também jogo fora mais uma vida que não quis viver.
Mas no fim, dizem que temos que prezar pelo bem do próximo
e o bem de alguém é a minha distância.
deve ser estranho para alguém viver comigo é estranho pra mim.
então eu facilito as coisas e deixe-as voar, como mariposas, sem que eu seja alguém que queria pegá-las.
evito o desgaste e desejo sorte,
E aguardo aqui,
aguardo ali e aonde for
eu já não sei mais,
eu já nem penso mais;
mas estou aqui
e deixo com que esse domingo de frio
toque minha alma e a esquente
e mostre pra mim
que ainda estou vivo e que sei sonhar, e que ainda posso fazer meus olhos brilharem junto aos de alguém.

Gosto das cerejas,
gosto de sentir o doce de seu sabor.
mas não tenho o hábito de comê-las constantemente
talvez seja um artigo de luxo que criei para mim mesmo
um sabor privado que vem em breve e raros momentos
como o amor
que veio só algumas vezes
e se foi
e sempre se foi.





quinta-feira, 15 de março de 2018

As pessoas estão perdidas
elas precisam de alguém
elas precisam de algo pra se escorar
uma perspectiva de futuro
uma vida que ainda não foi vivida.
elas procuram seus amores nas esquinas,
nos bares e nas faculdades
se o amor vem e vai embora, logo voltam as mesmas esquinas,
procurando os mesmos tipos de amor.
Elas bebem constantemente,
porque beber é um remédio
pra dor que está dentro do ser.
elas olham para as estrelas
mas não as admiram por tempo suficiente.
porquê acham que para admirar uma estrela,
é necessário compartilhar com alguém.
mas nem tudo na vida que é belo, se torna belo
somente quando partilhado,
e nem tudo na vida é durável
assim como nossa pele, assim como nosso lar.

e veja só
seu corpo é uma massa
que evolui sozinho
e você não conseguiu fazer nada para frear esse processo natural
a única coisa que você resigna
é sua mente e seus valores
e suas escolhas
então que seja breve
ou não
mas saiba
o hoje, logo mais será ontem, e o futuro é um dia que ainda não existe.

Salar de Uyuni, Bolívia

domingo, 11 de março de 2018

Me contatam uma vez que tínhamos de amar, que a ausência do amor alternava o condicionamento de nossa felicidade. que devíamos tratar bem o próximo, que era nossa obrigação ser fiel e que tudo florescia no tempo e espaço do qual você fazia as coisas certas. os gestos certos, as palavras certas.
Vivi o amor. Coloquei em prática e propaguei seus preceitos. E fui mais longe, eu Julguei aqueles que viviam sofrendo pelo amor, apontando suas falhas dizendo o que eu achava que estava errado.
Por fim, esse amor me deixou doente, a ausência de ser, a ausência de vida.  então eu li Bauman e também Nietzsche,  para me curar e nos anseios de seus versos, deixei minhas lágrimas rolarem para que toda a ferida finalmente pudesse ser cicatrizada. Passou mais um inverno e meu coração começou a se abrir mais uma vez. Tentei com voracidade e fui melhor que da primeira da vez, mas falhei novamente e vi que de amor eu não sei de nada, e desse nada, sobrou somente essa prosa pra contar essa história. esse poema. ou o que isso aqui pode significar.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018


De alguma forma, algo sempre  bate em nossa janela.
Essa sensação estranha, padece sobre nós aos fins de domingo
quando toda a semana foi esgotada
e agora
você não sabe o que fazer até que ela acabe.
E Beatles está tocando no final dessa noite.
li há poucos que um senhor de 71 anos estava feliz, por ter visto um especial
dos Beatles na internet.
Ele disse que aquilo  o fez ele se lembrar
 dos melhores momentos de sua vida
Tive então, uma terrível vontade de chorar.
um dia serei esse senhor
um dia todos nós seremos ele.
sentados em nossas cadeiras aos domingos  nublados
aguardando
a hora de irmos embora daqui
e enquanto isso
teremos ao nosso dispor
todas as memórias possíveis
de uma vida
que nos consumirá
dia a dia incansavelemente
nos sufocando
em um silêncio tristonho
para o bem
ou para o mal.
Espero que elas
não sejam tão vorazes
como as navalhas
que já sinto nesse dia de verão de 2018.