sexta-feira, 31 de julho de 2015

Então eu cheguei na estação e vi ela sentada
certamente perceberá que estava há procurando
suas malas estavam sobre seus pés
E ela calçava um chinelo e um shorts
cabelos lisos deslisavam pelo seu ombro
E meus olhos brilhavam ao vê-la.


Chego próximo e ela me abraça,
seu sorriso reverberou em meus olhos,
Era um fim de semana,
iriamos viajar.
No ônibus não conseguimos um lugar para irmos juntos
Mas estávamos próximos
e vez ou outra, no silêncio da viagem noturna
Eu olhava para trás,
para saber se estava tudo bem
Mesmo sabendo que estava dormindo
Era bom, vê-la por ali.

No fim somente uma coisa me entristeceu.
Deveríamos ter comprado passagens somente de ida.



quarta-feira, 29 de julho de 2015

Eu fico aqui sentado, pensando que amanhã será mais um dia de trabalho.
Logo penso um pouco nos meus amigos,
Todos estão lá, com suas mulheres, suas amantes, suas bebidas, fazendo seus planos para o fim de semana.


Enquanto eu estou aqui, olhando para relógio, para esse computador,
tentando encontrar algum lugar no mapa, onde poderei me esconder esse fim de semana,
 me mantendo o mais longe possível dessas paredes, para não enlouquecer.


                 

Resto

Baratas andam triunfando,
todas as noites,
em todos esses bairros empoeirados,
o máximo que você pode fazer é matá-las
Mas para cada um de nós existem um milhão delas.

Cigarros ficam umedecidos de cerveja,
A chuva cai e não sinto mais ela me molhar,
vejo que qualquer frouxo pode ser um bom perdedor,
quando se aprende a perder com estilo.

Para ser sincero,
Nós não nos conhecemos de verdade,
Estivemos perto uma vez,
Mas nunca nos encontramos.
Talvez eu teria sido injusto com você,
talvez você fosse comigo
no fim,
foi melhor assim.

Os solitários são os mais autênticos,
Talvez os únicos que sobraram,
Entre tantas calculadoras, tantos sinais de trânsito
ambulância, sirenes, buzinas,

fumei 15 cigarros ontem a noite,
tomei 6 latas de cervejas
o telefone só tocou uma vez, era engano.


Por mais que o mundo possa me achar um chato e de fato eu já assumi a identidade, talvez eu olhe demais e deduza muito como o meio social constrói o seu convívio. Eu não faço por mal, gosto de observar mas não vou tocar, não vou mexer, não vou alterar o futuro das coisas, mesmo que o futuro seja ruim sobre minhas vistas. Eu já passei muito tempo tentando aparar o cabelo das pessoas então hoje eu vejo mais, escuto mais, escrevo mais e falo menos. Aprendi então que os seres humanos se empenham e dão seus 'jeitos" para muita coisa. Esforçam-se para acumular e acumulam um monte de lixo e se esquecem que nada levaram no final, mas o consumismo é o primordial para uma suposta vida sadia que eles desejam ter. Olham demais para seus celulares e se esquecem de olhar para a lua, quando a mesma aparece todas as noites para nos contemplar com seu espetáculo gratuito. Mandam mais mensagens do que conversam pessoalmente e por mandar tantas mensagens demais, logo olham demais para baixo, se esquecendo de olhar para os lados e por não olhar para os lados, logo não encontram outras pessoas.


Não que antes o relacionamento humano fosse muito diferente ou muito melhor do que hoje é, mas antes ainda havia esperanças, agora depois de tanto procurar avisto apenas raras exceções e um mundo não pode ser moldado a base das exceções, pois não é a vida que interessa a maioria. A vida artificial venceu por fim a vida real, pois é assim que as pessoas aprenderam apreciar, a sentir o prazer e até mesmo a amar.


Espero que as pessoas ainda estejam ouvindo música, estou aqui ouvindo as minhas e sei que existem alguns como eu por ai, um grande abraço para todos eles.



segunda-feira, 27 de julho de 2015

O repouso das hienas

A vida as vezes concede uma castigada em cada pessoa, seja ele boa ou uma má, nesse caso não importa o caráter pois a vida é composta de variáveis, que nos levam em lugares que por muitas vezes não queríamos estar e você tem que entender isso de alguma forma, antes de enlouquecer, antes da bomba explodir, ou antes que seja tarde demais para voltar.

Por algumas vezes tentei dar passos a frente e quando menos esperava, foram lançadas granadas atrás de pedras que me fizeram recuar 4 passos para não ser atingido, mas não adiantou, as atitudes são como os estilhaços dos explosivos, se você estiver próximo do artefato, os resquícios também vão lhe machucar. As vezes eu canso do jogo da vida, das pessoas, do eu te amo não verdadeiro, daquilo que elas dizem que são e não são e das promessas ditas e não cumpridas, junto daquelas que nunca foram prometidas mas que deveriam. Certamente isso acontece com muitos, normalmente com os mais introvertidos, aqueles que falam menos, que olham mais, aqueles que sentem a presença do sol mesmo em um dia de frio.


Talvez eu esteja despreparado para viver assim, mas acredito que não sou o único, logo devemos procurar as espécies raras e viver em conjuntos solitários como os animais já nos ensinaram. Uma hiena sozinha é uma presa fácil para os lobos, tigres e leões, mas uma alcateia de hienas, pode matar cada um dos três.


Imagem: Lilith -  Considerada por muitos a primeira mulher de Adão. Foi julgada como demônio pois não aceitava ser inferior a Adão pois fora criada pela mesma matéria prima e não de sua costela. Foi expulsa do Jardim do Éden por causa de uma disputa sobre igualdades do sexo.

"E as feras do deserto se encontrarão com hienas; e o sátiro clamará ao seu companheiro; e Lilith pousará ali, e achará lugar de repouso para si." Isaías 34:14



domingo, 26 de julho de 2015

Da sessão: Só mais um dia da vida de alguém


É um tanto complexo ligar o rádio e ouvir minhas músicas preferidas. Sempre procurei pelo Lado B em tudo que escuto, afim de sempre ficar no oposto da maioria pois isso de certo modo sempre me agradou, mas eu compartilhei quase todo o meu Lado B com você e agora não há o que eu escute, que não me faça lembrar de você.

Fui  chamado para uma reunião de amigos nesses últimos dias, não estava muito disposto mas também estava sem muito o que fazer. Pensando que só teria coisas ruins para beber, levei uma garrafa de uísque por minha conta, de fato foi a melhor coisa que eu fiz, certamente eu teria ficado enjoado se bebesse toda aquela mistura de álcool e refrigerante. As pessoas tem o dom de torturar seu próprio estômago e querem torturar o dos outros, por isso preservo pelo meu torturando-o do meu jeito, menos sagaz.

Ao centro da reunião tinha uma fogueira do qual meus olhos pairavam ao centro e acompanhavam o dançar sedutor das chamas. Eu estava lá para exorcizar alguns demônios e a fogueira era perfeita para isso e devido a isso fiquei lá, quieto, sem falar muito com ninguém. Porém de certa forma um antigo amigo se aproximou, sentou ao meu lado e começou a falar. Deixei-o terminar o cerimonial de apresentação e então o indaguei:

- Porque não pega uma cerveja?
 Eu sabia que ele era um alcoólatra de primeira e o motivo dele não estar bebendo me suava estranho.

- Estou bebendo devagar, não quero passar da linha, ultimamente chego muito alcoolizado em casa e as vezes deixo até a porta aberta, respondeu com a cabeça baixa.

 Acenei com as mãos ele prosseguiu dizendo que haverá perdido a mãe há poucas semanas e tem uma sensação horrível todas as vezes que chega em casa e não encontra ninguém a sua espera.

Nesse momento concedi meus sentimentos e quando olhei para seu rosto, vi-os esbaldando em lágrimas. Poucas vezes virá um homem chorar na minha frente e de longe esse fora a mais comovente.


As pessoas escondem todos as suas lágrimas, mas chega um momento em que ela precisa despejar e necessariamente tem que ser ao lado de alguém. Não precisa ser uma pessoa mais próxima, apenas alguém que lhe entenda. Eu o entendi e ele também entendeu meus problemas. Eram demônios familiares cada qual em sua posição. Certamente as outras pessoas em volta da fogueira despejavam sobre as chamas suas lágrimas, mesmo que fosse em silêncio, mesmo que fosse sem ninguém notar. Era o mundo do disfarce. Temos que disfarçar que somos fortes em um mundo que nos deixa cada vez mais fracos.



sexta-feira, 24 de julho de 2015

Luzes vermelhas por todos os lados

Em um bar dois homens dividiam a cerveja e um deles angustiado despejava todo o sentimento e a tristeza que padecia sobre seus pensamentos. Depois de alguns momentos, o outro que ouvirá calado o tempo todo, se levantou e disse que precisava ir embora.

— Mas está cedo, não tomamos nem 3 garrafas, retrucou o amargurado.

— Desculpe mas tenho algumas coisas para resolver, espero sinceramente que melhore seu ânimo, por que não esperimenta ir em um casa noturna?

— Vou pensar nisso, respondeu após uma pausa.


E então partiu. O primeiro homem continuou por alguns minutos na mesa daquele bar, pediu uma dose de Rum para acompanhar. Não queria voltar para casa pois era lá onde encontraria seus pensamentos ruins, seus sentimentos jogados ao chão e também ao teto de seu quarto, todas as vezes que fosse se deitar na cama. Os amor, o rancor e a tristeza faz com que tenhamos medo de nossa própria casa, pois é lá onde muitos desses pensamentos costumam se manifestar, no âmbito de nossa solidão particular, um luxo que nos foi concedido e devemos ter gratidão por essa graça.


Virou a dose de uma vez só, pediu a conta, pagou e não esperou pelo troco. Ascendeu um cigarro e saiu caminhando pela rua. Por vias do destino apareceu uma casa noturna e uma moça muito sedutora com um vestido preto chegou próximo a ele e disse:

— Está perdido por aqui? Não quer entrar e beber algo comigo?

O homem sabia que aquilo era um convite, olhou para os olhos dela e em seguida abaixou a cabeça e disse.

— Fica para próxima, mas obrigado.


A moça do prostíbulo observou e nada mais acrescentou, certamente ela perceberá os olhos frios daquele homem quando com os dela se cruzou, pois ela também tinha sentimentos, também sofreu por amor, por perdas, por danos, era esse o mundo em que os dois viviam. Derrotados por nascença e condenados a viver daquela forma, sejam em prostíbulos ou escritórios, não havia grandes diferenças, era o mesmo mundo para os dois e pra todo o resto da humanidade.







quinta-feira, 23 de julho de 2015

Da sessão: Só mais um dia da vida de alguém

— Você viu essa notícia? Um acordo internacional diz que vai reduzir os preços de eletroeletrônicos, o Brasil não está na lista.
— Sim eu vi, mas nós temos produção em solo nacional de muitos desses eletroeletrônicos.
— Mas independente, isso é um absurdo, nosso país está uma porcaria.
— Mas você acabou de comprar esse celular e também um playstation 4.
— Mas acho que paguei caro.
— Pode ser, mas em compensação no SUS o tratamento para câncer é gratuito, enquanto nos Estados Unidos o tratamento pode custar até 500 mil reais.
— Mas uma coisa não tem nada haver com a outra!
— Realmente não tem nada haver, você quer ter um Iphone, não um câncer.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Da sessão: Um lugar onde a política não foi contextualizada

 Depois de uma longa manhã, finalmente chegou a hora do almoço. Não comi nada esse dia, estava querendo andar para enfim conseguir pensar em algo. Coloquei os fones no ouvido, ascendi um cigarro e prossegui pelo meu caminho. Era uma região de classe média e alguns carros luxuosos passavam de um lado para o outro e bares e botecos davam um sotaque paulistano ao local. Algumas pessoas comiam pastéis nas mesas colocadas sobre a calçada e olhos sem vida transitavam, carregando os corpos das pessoas de um lado para o outro, apressadas, segurando relatórios, cheques, boletos e sacolas. Era algo muito comum, quase todos os dias essa cena se repete.

Cheguei perto de um semáforo, de longe avistei um menino negro, de aproximadamente 6 anos sem camisa sentado próximo a uma porta de ferro de um estabelecimento que possivelmente estava desativado. Me aproximo e percebo que perto dele estava dois limões, já logo imaginei que seria o instrumento de seu trabalho, era um artista de farol, tem vários por essa cidade, mas a maior parte das pessoas os chamam de meninos de rua. Porém não era com os limões que mexia naquele momento, ao seu lado estava um saco com alguns carrinhos de brinquedo e ele estava brincando como se nada mais importasse. Colocava todos enfileirados, como se estivesse administrando um estacionamento de um shopping center, enquanto as possas quase o pisoteavam passando apressadamente de um lado para o outro. Fiquei ao lado dele por algum tempo, ele olhou pra mim mas nada disse e eu também não ousei dizer nada, apenas senti sua presença, sua alma, seus olhos. Sai quase chorando dali, enquanto observada outras pessoas que vinham em minha direção, logo vi outras crianças, porém essas com sorvetes e bem vestidas, era outra classe de seres humanos, eram vitoriosos por nascença, enquanto aquele menino já nasceu derrotado.

Mesmo abatido com a visão, prossegui o local de meu trabalho, mas como se fosse uma ocasião do destino, avistei em um muro, que até então nunca tinha reparado antes; nele estava gravado várias vezes o rosto de Carlos Marighella, olhei um pouco e pensei em tudo que aconteceu comigo naquele momento, então parti de vez. Entrei muito quieto, sentei em minha mesa e ao meu lado uma moça me perguntou:


— Aconteceu alguma coisa?

— Não, somente encontrei-me com algumas pessoas invisíveis.
— Como assim?
Logo expliquei superfluamente sobre o acontecido, em seguida esperei sua reação.
— Mas cade a mãe desse menino? Deve ser uma vadia, deixa ele jogado na rua.

Fiquei calado por alguns instantes, infelizmente eu já esperava esse tipo de reação então respondi.
— Talvez ele não tenha nem mãe.
Ela prosseguiu sem compreender muito e eu me limitei ao silêncio.


Naquele momento eu percebi que não era só o menino que era invisível, a desigualdade também era invisível. Para muitos era uma questão de mãe ou pai, mas se esquecem que não é só isso que constrói uma vida. O segredo está na estrutura, se a estrutura é ruim, logo a vida é facilmente destruída pelas dificuldades provocadas exatamente por essa inexistência estrutural . Enquanto estamos criando uma criança nas ruas, esquecemos que essa criança também cresce e um dia não terá mais um rosto bonito, não receberá mais esmolas por piedade e também não terá mais uma mãe para ser ''culpada'' por aquela sua situação. Agora o culpado é ele(a) mesmo, um vagabundo, um criminoso... mas ninguém se importa se o mundo já recebeu mal essa pessoa.

Ninguém nasce amando nem odiando, ninguém nasce fazendo o bem ou o mal, ninguém nascendo crendo ou não em Deus. Apenas nascemos.




terça-feira, 21 de julho de 2015

O poeta que só sabia escrever para os gatos



Na maior parte do tempo pagamos mais caro por sentir o mundo mais de perto. As vezes eu olho para a janela e vejo um montante de pessoas que repetem seus dias, eu sei que todas tem seus sentimentos ocultos dentro de si, mas me impressiona como aprendemos disfarçar bem nossas angústias em nosso cotidiano. Em certas situações, nossa mente está desmoronando mas socialmente estamos realizando papéis extraordinários e merecedores de grandes prêmios do cinema; damos risadas, agimos naturalmente como se fôssemos robôs, como se nosso coração não estivesse batendo no peito, como se nossas veias estivesse secas e nossos olhos petrificados. As vezes penso que estamos em um asilo de loucos e de certa maneira estamos.

Acho que ultimamente minha alma está em perigo, de certa forma sempre esteve, mas nos últimos tempos estou roçando em meus próprios ossos. Meus grandes amores já partiram e deixaram cicatrizes para boa parte das próximas décadas; Certamente tem um monte de gente que perdeu os amores de suas vidas por ai, é um mundo cheio de corações despedaçados eu sei, mas a diferença é que poucos colocam isso em um papel, poucos sentem isso nas músicas, menos ainda suspiram tentando encontrar a saída de seus labirintos pessoais, que por fim, os levaram a libertação. De certa forma, esses poucos ainda estão vivos, pois vivem para sentir e apesar da dor sabem que  ela faz parte da condição humana de existir. Caso você que esteja lendo isso nunca sentiu algo assim, certamente você subexistiu por toda sua vida, pois uma vida só tem sentido quando os sentimentos percorrem as veias, mesmo que os olhos fiquem amarelados boa parte dos dias... A vida só tem sentido quando se tem afeto, a diferença é que nossa sociedade nunca colocou afeto como um valor que agrega a qualidade de vida.

Mas no fim eu sei que minha poesia nada mais significa do que palavras de um alguém sendo despejada em um lugar sem importância, nunca serei melhor do que qualquer outro, nem conseguirei trazer palavras mais belas do que outros poderão trazer, mas continuo aqui, contando minhas histórias para os gatos, enquanto eles roçam minha perna e meus ossos.  Os olhos deles refletem o mundo bem além do que conseguimos ver, um lado sombrio e reservado, que por fim, deve ser o meu lugar.




segunda-feira, 20 de julho de 2015


Então foi assim, o acaso do destino fez com que eu lhe apresentasse meus futuros inimigos.
Por fim me contento pois sei que toda noite o vento sopra no deserto, limpando as pegadas e deixando tudo exatamente como fora há algumas horas.


domingo, 19 de julho de 2015

Da série: Um lugar onde a política não foi contextualizada.




Anda acordando muito cedo normalmente, parece que meu horário de sono está pré-condicionado a despertar e os pensamentos borbulham minha mente, me impedindo de voltar aos sonhos. Sonhos que nem sempre são bons é verdade, mas para viver o dia é necessário passar a noite com eles. Logo me levanto, faço um café e me sento sobre a mesa, pronto para descarregar tudo sobre o teclado e dessa vez não será sobre o que vocês já estão acostumados.

Nos últimos dias venho observando as pessoas e como elas reagem a determinadas ocasiões. Pessoalmente e também pelas redes sociais da para se notar uma superficialidade sobre os pensamentos e valores de cada pessoa.  Alguém compra um carro, outro alguém vai querer um melhor. Alguém compra um celular bom, outro conta vantagem do aparelho que já tem, ou a vantagem daquele que quer comprar em um futuro próximo, como se no fim isso fosse definir o caráter de alguém.
Normalmente quando conseguimos adquirir o que tanto desejamos, logo vamos precisar de um novo desejo e normalmente será material, pois estamos pré-condicionados a desejar somente o que o dinheiro pode comprar e assim subsidiamos produtos e penhoramos desejos e anseios próprios, afim de garantir uma legítima e falsa satisfação pessoal.

Mas não se pode culpar, julgar e nem generalizar essas pessoas, são vítimas e amam ser vítimas desse tipo de conforto e seria aterrorizante tentar convencê-las do contrário. Porém existe ainda uma parte que está abaixo dessa classe  de consumo e desejo. Uma parte que não consegue comprar celular e nem carros e as vezes nem o arroz para servir a mesa.  Algo que aprendi durante a vida é que a maior parte das pessoas que compõe essa sociedade são sabotadas para benefícios de poucos. Sim, nosso ensino público é limitado perante ao ensino particular. Trabalho vendendo livros e já vendi livros para quinta série do ensino privado, que nem sonhava em compreender no terceiro colegial do ensino governamental. É uma sabotagem coletiva do qual essa maioria sairá muito atrás no mercado de trabalho, e então essa maioria será obrigada a entrar para as máfias de cursinhos e preparação para provas de vestibulares, coisa que aquela minoria já está pronta para fazer há muito tempo.
 
Já o problema maior é que essas pessoas com alma e coração  nem sabem que estão sendo sabotados e as vezes pior, sentem-se culpados por serem pobres e por não conseguirem o mínimo para ser aceito como um cidadão nessa sociedade desigual.

Em mais de 2000 anos vejo como inadmissível existir miseráveis no mundo, espero que até os próximos 2000 anos possamos nos curar.

quinta-feira, 16 de julho de 2015



Então eu estava lá, com um velho amigo, completamente derrotado pelo sua estima, então eu dizia:
- Você tem que se levantar, faça isso, faça aquilo, não desista, eles só querem ver você no chão...
Eu sabia dizer os melhores caminhos e para ele certamente isso não servia. Quando me dei conta, eu sabia dizer todos os caminhos do mundo, mas não conseguia encontrar o meu próprio.

Chego em casa e encontro o mesmo demônio encostado na janela. Ele sempre está lá. A vida é mesmo confusa e agora eu entendo melhor meu velho amigo. Cada um tem seus problemas insolúveis, eu tenho o meu, ele tem o dele. Espero que ele tenha boa sorte e eu, que me salve dessa vez.

Amanhã é só mais um fim de semana chegando, com isso já estou antevendo minhas neuroses tomando lugar. Olho para o lado, não vejo ninguém. Depois de tudo que eu li sobre isso, só posso dizer uma coisa, o problema é meu... Ninguém vai se importar.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Da sessão: Só mais um dia da vida de alguém



Era por do sol e as crianças brincavam ao redor, pipas no ar e bolas de futebol rolando, meninas e meninas compartilhavam alegrias. Eu tragava meu cigarro e observava, feliz com o que via. Ali existia a vida que faltava em mim, e por ali existir, logo me sentia vivo. Só podemos nos sentir melhor, quando vemos alguém no seu auge. Por mais que meu mundo desmoronasse em meu interior, o sorriso daquelas crianças me deixa bem e eu sabia que seria difícil mas que no fim eu escaparia. Se para o bom ou para o ruim eu não sei, mas ao menos, eu escaparia.