segunda-feira, 6 de julho de 2015

Os condenados à uma vida sem conexão



As pessoas falam demais, falam pelos cotovelos, falam mais que a língua, mais que um papagaio em histeria. Sou uma pessoa que procura soltar a língua o mínimo possível, pois sempre fico deprimido quando alguém começa a falar quatro ou cinco vezes mais do que eu; E muitas vezes coisas que não são úteis para nada. A maior parte dos humanos não tem nada útil para dizer.

Estava conversando com uma pessoa pela primeira vez, vamos chamá-la de Michele. Não demorou muito para Michele começar a falar sem parar, e ela começou a falar dos objetos que já tinha ganhado do seu namorado. Eu tentava ficar quieto o máximo possível, mas isso não adiantava para que ela parasse de falar. Era entediante e eu estava sóbrio ao ouvi-la, o que piorava minha situação.

 Eu tive várias celulares no decorrer de minha vida, comprei o modelo X em tal ano, o modelo Y, em tal ano, prosseguia Michele com sua profecia.
 Para que tudo isso, se eles só servem para ligar e muitas vezes desligar na cara de alguém?
 Sempre tem coisas novas, estou com um Iphone 3GS, mas quero ver se meu namorado me da um do modelo atual.
 Você não acha que está exigindo demais de seu namorado?
 Não sou eu que peço, ele da por livre vontade, pois vê que estou precisando.
 Precisando?
 É, precisando.
 Você é uma namorado cara.
 Claro que não, eu também dei um XBOX pra ele (...)

Enquanto ela continuava, eu já não dava atenção. Nada daquilo tinha sentido pra mim.
Quando mais o amor estiver vinculado ao material, menor o amor estará vivo em sua matéria. Presentear uma pessoa amada com uma flor, ou uma simples caixa de chocolates pode representar muito mais, principalmente se os dois se lambuzarem juntos e engordarem juntos e depois darem risadas um do outro. Então esse momento será infinito, os pequenos fragmentos  de felicidades vão se juntando, mesmo que sejam baratos e melhor que sejam,  serão os que mais sentiremos falta quando tudo vir a ruir.  

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