terça-feira, 21 de julho de 2015

O poeta que só sabia escrever para os gatos



Na maior parte do tempo pagamos mais caro por sentir o mundo mais de perto. As vezes eu olho para a janela e vejo um montante de pessoas que repetem seus dias, eu sei que todas tem seus sentimentos ocultos dentro de si, mas me impressiona como aprendemos disfarçar bem nossas angústias em nosso cotidiano. Em certas situações, nossa mente está desmoronando mas socialmente estamos realizando papéis extraordinários e merecedores de grandes prêmios do cinema; damos risadas, agimos naturalmente como se fôssemos robôs, como se nosso coração não estivesse batendo no peito, como se nossas veias estivesse secas e nossos olhos petrificados. As vezes penso que estamos em um asilo de loucos e de certa maneira estamos.

Acho que ultimamente minha alma está em perigo, de certa forma sempre esteve, mas nos últimos tempos estou roçando em meus próprios ossos. Meus grandes amores já partiram e deixaram cicatrizes para boa parte das próximas décadas; Certamente tem um monte de gente que perdeu os amores de suas vidas por ai, é um mundo cheio de corações despedaçados eu sei, mas a diferença é que poucos colocam isso em um papel, poucos sentem isso nas músicas, menos ainda suspiram tentando encontrar a saída de seus labirintos pessoais, que por fim, os levaram a libertação. De certa forma, esses poucos ainda estão vivos, pois vivem para sentir e apesar da dor sabem que  ela faz parte da condição humana de existir. Caso você que esteja lendo isso nunca sentiu algo assim, certamente você subexistiu por toda sua vida, pois uma vida só tem sentido quando os sentimentos percorrem as veias, mesmo que os olhos fiquem amarelados boa parte dos dias... A vida só tem sentido quando se tem afeto, a diferença é que nossa sociedade nunca colocou afeto como um valor que agrega a qualidade de vida.

Mas no fim eu sei que minha poesia nada mais significa do que palavras de um alguém sendo despejada em um lugar sem importância, nunca serei melhor do que qualquer outro, nem conseguirei trazer palavras mais belas do que outros poderão trazer, mas continuo aqui, contando minhas histórias para os gatos, enquanto eles roçam minha perna e meus ossos.  Os olhos deles refletem o mundo bem além do que conseguimos ver, um lado sombrio e reservado, que por fim, deve ser o meu lugar.




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