Uma xícara de café frio sobre a mesa.
— Não vai beber seu café — disse a esposa olhando com rancor para o marido.
— Não vai beber seu café — disse a esposa olhando com rancor para o marido.
— Não agora, perdi a fome — respondeu o marido secamente.
— É sempre assim, eu faço o café e você diz que perde a fome, que inferno, tenho coisas pra fazer e você fica empacando meu tempo.
— É sempre assim, eu faço o café e você diz que perde a fome, que inferno, tenho coisas pra fazer e você fica empacando meu tempo.
— Imagino que devem
ser coisas muito importantes realmente.
— Isso já não é de sua conta.
— Eu sei.
A esposa se apressa para o quarto do filho. Encontra o mesmo mórbido sobre a cama, com a alma seca, olhos tristes e vinte e três anos vividos.
— Vai se levantar ou ficará o dia todo debaixo dessa coberta?
— Estou pensando seriamente no caso, disse o filho
—Não me surpreende que não arranja emprego
—Estava empregado até semana passada, esqueceu-se?
A esposa se apressa para o quarto do filho. Encontra o mesmo mórbido sobre a cama, com a alma seca, olhos tristes e vinte e três anos vividos.
— Vai se levantar ou ficará o dia todo debaixo dessa coberta?
— Estou pensando seriamente no caso, disse o filho
—Não me surpreende que não arranja emprego
—Estava empregado até semana passada, esqueceu-se?
—Não importa, tem que conseguir outro
—Não faz tanta diferença assim.
— Quer ser um vagabundo como seu pai?
— Meu pai tem muito mais qualidades que um vagabundo, retrucou fortemente o filho.
—Não faz tanta diferença assim.
— Quer ser um vagabundo como seu pai?
— Meu pai tem muito mais qualidades que um vagabundo, retrucou fortemente o filho.
— No começo ele tinha, agora é praticamente um vegetal.
O filho se calou.
—Enfim, vocês que se entendam, desistiu de prosseguir a esposa.
—Enfim, vocês que se entendam, desistiu de prosseguir a esposa.
Ela se levanta, arruma sua bolsa e sai as pressas, não desejou um bom dia a ninguém. Era mais um dia e sua vida se passava fora de seu lar, pois dentro daquela morada, as almas estavam destruídas há muito tempo, inclusive a dela mesmo.
O marido tomou um café depois de frio e ascendeu seu cigarro, mesmo que o câncer estivesse apertando seu coração a cada segundo.
— Que diferença faz, um dia mais, ou a menos, já tive dias muito melhores do que tenho hoje, disse consigo mesmo.
O garoto prosseguiu no seu quarto o dia todo, passa por uma depressão profunda mas ninguém conseguiu perceber até o momento. Cresceu cheio de sonhos e viu os mesmos despedaçando-se. Sua família estava morrendo, ele não tinha um emprego e aqueles que arranjou eram horríveis. Seus amigos se afastaram, alguns foram para outras cidades. Sua vida já não era a mesma de cinco anos atrás. Gostava de uma garota, mas essa amava outro. Não tinha mais o que fazer. Um broto de vinte e três anos, desabrochando para o fim, no mais belo amanhecer da vida.
Os humanos se esforçam diariamente para destruir tudo que conseguiram construir.
Muito bom esse texto, meus parabéns pela criatividade.
ResponderExcluirArthur Claro
http://www.arthur-claro.blogspot.com