sábado, 24 de dezembro de 2016

A única coisa que pode salvar o natal são seus olhos castanhos.

Eu nunca gostei das noites de natal.
Por toda minha vida,
nunca entendi
 porque as pessoas tem que se presentear
e porque o papai noel
é mais lembrado que Cristo
ou porque nos acostumamos a comer um peru morto sobre a mesa.

Em noites de natal
eu fico depressivo
Enquanto as pessoas faziam seus preparativos, eu decidi
fugir
e me encontrei, em um bar da cidade,
Lá tinha alguns conhecidos,
mas eu estava sozinho
e comecei a beber cerveja,
e olhando o tempo passar
as previsões eram de chuva,
mas isso não chegou á acontecer
E eu fiquei lá por um tempo, fumando cigarros,
bebendo em silêncio e pensando,
por quanto tempo eu continuaria ali
naquelas condições.
A vida estava sendo ruim pra mim,
e eu não tinha nenhuma ideia de como fugir dela.

Então acertei minha conta já bem tarde, fui pra casa ouvindo a música mais densa que encontrei
me soltei sobre a cama
as pessoas estavam lá,
esperando a grande hora,
na minha casa,
em miami,
em moscou, e nas bahamas,
e eu só queria que o dia terminasse,
e me peguei a lembrar de natais passados
quando as mulheres que gostavam de mim
me ligavam para me felicitar
era bom receber aquelas ligações
mas eu sabia
que hoje
ninguém me ligaria
a maior parte delas deve me odiar,
e eu queria ter concertado tudo,
mas eu não sou tão bom assim.

Quando deu meia noite, as pessoas chegaram ao seu ecstasy
e eu continuei da mesma forma
Mas resolvi levantar da cama, peguei meu carro e fui para casa de alguns amigos.
Havia uma festa na casa do Guilherme,
quando entrei, fui muito bem recebido e por
um instante
um raio de luz pairou sobre mim
Uma mulher me abraçou de uma forma diferente,
eu não entendi bem, até então não a conhecia,
mas ela disse, ' há quanto tempo eu não te vejo'
então afastei-a e aprofundei meu olhar em seu olhar
era Camille, só que estava com cabelos diferentes, e
sim, fazia muitos anos que eu não a via
e como foi bom revê-la.
abracei-a novamente e segurei por alguns segundos.
mas ela teve que entrar
Depois de um tempo soube que ela estava passando mal
preferi não incomodá-la.
e talvez ela nunca vai saber,
mas aqueles olhos castanhos
certamente
foram uma das melhores coisas
que me aconteceram
nesse ano inteiro.



segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Penhascos, desfiladeiros e a poesia da fuga

Asas,
não são dadas para os que tem medo de altura.
viver uma vida feliz,
é algo que é estudado há séculos e ainda perdura sem respostas.
sonhar,
O que te faz dar mais um passo
pesadelos,
o que te faz voltar esse passo.
Saudade,
Aquilo que te persegue e te faz chorar as vezes.
viajar
uma válvula de escapa, incorporada dentro do corpo humano.
trabalhar,
outra válvula para escapar,
ou também,
uma arma apontada contra você, depende do que você escolher.
amigos,
é bom te-los
Amar,
somente se for reciproco.
Regras,
não as deixe dominar sua vida
Música,
é sinônimo de viver, sem certamente o mundo seria um lugar horrível.
"sou", "nós",
se escreve igual, só que ao contrário.
poemas,
são as lágrimas da alma,
livros,
são as teorias da vida,
envelhecer,
é o destino em comum, traçado para todos nós.
Você,
eu,
e aonde mais possamos chegar,
com nossas xícaras de café, sentados na varanda em uma tarde chuvosa de de setembro,
lembrando-nos,
uns dos outros.



quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Tudo sobre um poema que não merece um título a não ser minha mais profunda vontade de esquecer.

Obrigado por ter-me feito acreditar, que o amor ainda era possível,
quando eu já havia
decretado minha falência sentimental.
Obrigado também por ter-me feito acordar,
antes que meus vícios me consumissem
e me jogasse para debaixo de sete palmos da terra.
Obrigado por ter-me feito oscilar perante a esse mar em que fui jogado,
e ter navegado por ondas,
sem encontrar a terra firme;
Obrigado, por ter participado de inúmeras noites,
de ter trocado dezenas de sorrisos,
de ter me compreendido, quando eu estive errado
e de ter feito com que minhas escolhas
parecessem ter sido as certas.

Obrigado também,
por ter me mostrado
o outro lado de tudo isso.

Por ter ficado em silêncio muitas noites,
da qual implorei
para que não partisse ao telefone.
Por ter feito com que meu uísque descesse rasgando a garganta,
me deixando entregue a minha insônia
e as noites mal-dormidas.
Por ter-me feito ver,
coisas que não queria ver,
como seus belos olhos
se virando contra os meus,
em direção a outro,
em uma tarde nublada
e especial.

E você sabe que eu não vou morrer agora,
que eu nem vou desistir de seguir
mas graças a você
eu tenho mais resistência
para o que vier
para o que sobrar desse resto
para as próximas noites
que estão reservadas em outros mundos,
do qual
eu estou partindo,
pois esse, já deixou de ser nosso habitat.


sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Um lugar bem longe daqui.

Os opostos não se atraem
a vida não se atrai,
porque não te traz
o que você precisa
e faz,
de um jeito ou de outro
o bem ,o mal
não sei mais, tanto faz
é tão fugaz.
E você se foi
afundando minha paz.
e suas palavras vez ou outra
vem e vai
e eu já nem sinto mais,
deixou-se um rastro
nesse deserto quieto
sem amor
mas aberto
e toda vez
quando percebo que seu olhar
já não está no meu olhar
já não importa em partir ou ficar
Prefiro entrar
pra dentro do mar
onde tento me encontrar
E de vez parar de sorrir pra ti
toda vez que te tragar
toda vez que eu não aguentar mais te sentir.
Por fim,
lhe deixarei em paz
e viverei pra mim,
para ser feliz.
Longe de ti. 

Imagem Rafael Soriano

domingo, 20 de novembro de 2016

O dia em que você me enganou


O dia em que você me enganou, eu acordei pensando em você,
pois depois de tanto tempo, as coisas pareciam 
que finalmente estavam
voltando aos trilhos.
E as flores que plantei pelo nosso caminho,
e que foram espedaçadas com as fortes rajadas de vento
talvez voltassem a florescer.

O dia em que você me enganou, eu liguei o rádio bem alto pela manhã, 
e deixei com que os acordes do Stone Roses 
tomasse conta da casa inteira
dei uma retocada na barba, 
passei colírio em meus olhos,
escovei os dentes, 
pratiquei exercícios e contei os minutos
para que pudesse finalmente te encontrar.
O dia em que você me enganou,
eu estive lembrando de você o dia todo,
assim como também pensei no dia anterior,
mas eu nunca poderia acreditar, 
que haveria de existir o dia em que você me enganou.

Seu sumiço,
seu silêncio durante o dia
me deixou aflito
assustado como uma criança,
mas eu estava pronto para partir
a qualquer momento que você dissesse,
e eu esperaria o tempo que fosse,
para ser alguém legal naquele dia,
para ser alguém agradável naquele dia,
eu pensei em fazer o melhor de mim, naquele dia
eu pensei que conseguiria
te fazer sorrir
várias vezes naquele dia,
mais do que as outras pessoas podem fazer você sorrir
mas naquele dia, 
você me enganou.

Ardeu como fogo não te encontrar,
ardeu como fogo ouvir o telefone chamar e não ser atendido
Perdido eu sai de casa,
encostei meu carro no primeiro bar e bebi
até que eu não aguentasse mais beber
e fiquei quieto,
ouvindo nossas musicas
e imaginando
o que eu tinha feito para destruir nossas flores naquele dia,
enquanto eu debulhava
 o copo de uísque sem gelo na minha frente.
E eu só queria entender, o porque você resolveu fechar essa janela,
de uma vez só, sem ao menos avisar.

E quando cheguei em casa naquela noite
demorei para dormir
e em uma solidão e tristeza profunda, eu me encontrava,
Ela tomava conta de mim e esfolava meu peito
e eu sabia que já tinha passado por aquilo antes
mas agora, 
era diferente, era o que eu precisava
para saber
que você não quem eu amei,
e não era quem eu queria encontrar naquele dia
e não era mais, quem deitava ao meu lado, e dividia cigarros,
até que o sol
começasse a nascer e nós, finalmente
resolvíamos dormir. 





sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Quando as pessoas encontram uma maneira de não enlouquecer

Apesar de eu ser um fumante e de beber sempre que posso, procuro manter o equilíbrio com corridas no fim do dia. Depois de 12 horas desgastante do que chamamos horário comercial, depois de clientes histéricos me xingando por não ter entregue os livros de acordo com a última previsão, depois de brigas setoriais, comida fria, café sem açúcar e trânsito, eu ainda tento manter a sanidade e corro, corro porque gosto de ver a lua entre as nuvens, porque gosto de sentir o vento batendo em meu rosto e a sensação do suor escorrendo em pelo meu peito. E eu sempre faço o mesmo caminho até o lugar onde costumo correr, caminho do qual passo sempre pela frente de um bar de esquina, cheio de pessoas de mais idade, que estão ali, tragando seus cigarros, as vezes silenciosas, as vezes Grupo de textos!conversando timidamente, mas estão por lá todos os dias. Um deles em especial me chama a atenção, sujeito alto de cabelos brancos, rosto inchado, trajando uma roupa social e sapatos gastos de cor marrom. Ele sempre está lá, quando eu vou e quando eu volto, sempre o observo. A garrafa de cerveja habitualmente fica a sua frente, e por vezes um cigarro em sua mão. As vezes vejo a tristeza em seu rosto, ele quase nunca ri, sujeito sério, que fica ali na porta, ou sentado no pequeno espaço de dentro do bar.



Ele age como uma pessoa que vive sozinha, e que de certa maneira encontrou uma maneira especial de tocar sua vida. Talvez ele tenha sido casado, talvez sua esposa o largou, o trocou ou morreu. Talvez ele tenha tido filhos ou talvez não. Ele estava ali, ele é mais um entre nós, que tenta, sobreviver mais um dia comercial, e que não se importa mais com horário, ou com a violência, ou com a hora que vai começar o jogo de futebol, pois quando ele chegar em casa, estará de frente com sua solidão, de frente com tudo aquilo que ele tenta abandonar, todas as vezes que está naquele bar. Eu o vejo, o percebo, e ele nunca vai saber que eu escrevi esse poema para ele e aqui o eternizo de certa maneira. Pois eu o vi com meus olhos, e observei seu jeito, de como alguém pode encontrar uma maneira de não enlouquecer.



segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Para meu pai


Eu acho não seria justo,
deixar de dedicar uma parte desse papel pra você.
Não é exatamente a forma que eu gostaria de expressar, pois
aqui,
fico a vagar, com as poucas lembranças, daquelas tardes que passávamos juntos,
e você me levava para um parquinho, do qual tinha um escorregador e você esperava
até que eu cansasse de me divertir.
e tudo começou a mudar, quando mamãe me buscava no jardim de infância
e eu chegava em casa e você não estava lá.
Ela dizia que você voltaria, mas na verdade, você nunca voltou.
Até que um dia fui levado para vê-lo dentro de uma caixa
e eu só tinha 5 anos
e eu perguntava para os presentes o porque você estava ali
e me disseram que você estava apenas dormindo
e eu só queria que você acordasse logo,
que você voltasse pra casa,
e que no outro dia me levasse no parquinho.

Mas tive que crescer e entender que você nunca mais voltaria.
e que nunca mais, se levantaria daquela terra do qual vi
caindo em cima da sua caixa.
Então aos passos curtos eu cresci, depois de um tempo entendi,
que a vida tinha sido fugaz bem cedo comigo.
Mas confesso que
nunca me deram boas referências de você,
descobri que você não foi o melhor pai para meu irmão,
e que sua gaveta sempre estava cheia de remédios tarjas pretas
e que sua vida estava arruinada
e assim
você puxava todos aqueles que te amavam junto com sua doença.
Então entendi,
que se você não tivesse partido, quando eu crescesse
nós não daríamos muito bem.
Creio que me tornei algo diferente do que você esperava
desculpe, pois eu não sou exemplo;
eu não sou um filho que traz orgulho para familiares.
Eu gasto meu tempo bebendo
tragando cigarros
e escrevendo poemas ao som de Social Distortion,
e nunca foi tão difícil fazer isso
mas mesmo assim senti que deveria, reservar um espaço pra você.

Então antes que seja tarde demais,
antes que eu me torne alguém igual a você.
deixo aqui o agradecimento,
por ter-me concebido a vida junto com minha mãe,
e por mais que essas ruas estejam rachadas demais para caminhar,
sei que de certa forma
você entende o tudo que quero fazer
e tudo que tento exaustivamente salvar nesse lugar.

Agora o que sobrou de ti virará cinzas, para que o vento te leve sempre para bem perto ou bem longe, de tudo que quiser.

sábado, 29 de outubro de 2016

sobre oito paredes

Queria só por um momento me soltar dessas cordas,
para que nas próximas noites que eu frequentar os lugares que nós já frequentamos em outras épocas,
eu não tenha que ascender um cigarro e pensar em algo aleatório,
só para fugir da tristeza de saber,
que nunca mais encontrarei teu corpo neste lugar.
E eu só queria também,
por um instante ou pra sempre, esquecer tudo que vivemos
pois ter vivido aquilo foi realmente bom e saber que acabou não me deixa mais feliz.
logo se eu não tivesse vivido, poderia quem sabe, estar bem melhor agora
mesmo sem saber das inúmeras felicidades, que eu deixaria de viver sem ter tido você.

E de certa forma também, eu gostaria que você soubesse o quanto foi ruim ocupar os quartos que visitamos tantas vezes, mas que culpa eu tenho, se lhe trouxe para minha casa?
Então creio que dessa forma, estou fadado ao eterno sofrimento (...)
Essa prisão sem muros que eu mesmo construí.
Talvez a única saída seja hipotecar meus cômodos e colocar o pé na estrada e fugir logo daqui,
enquanto ainda existe um tempo,
do qual eu poderei seguir uma vida renovada,
e menos pesada,
sabendo que suas lembranças vão ficar quilômetros longe de mim.
E quem sabe eu tenha minha vida de volta em outro lugar.
E que esse sequestro pessoal me deixe por fim respirar
enquanto o seu nome insiste em me sufocar
E que eu deixe de vez essa maldita mania de me sentir culpado e desprotegido,
Só para ter algo que me deixe fragilizado e esperando por alguma salvação todos os dias.  



quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Uma noite dessas o telefone tocou, era ela me dizendo  que eu deveria continuar o que eu estava fazendo. Que os caminhos que eu estava trilhando me levaria a um lugar melhor. Um lugar onde eu pudesse encontrar o que eu procuro, mesmo que cada passo que eu desse, me distanciasse do passado. Eu parei, esperei um momento, tentei formular uma reposta sem emoção mas não respondi exatamente o que eu gostaria. Apenas consenti com a cabeça, então curvei meu corpo sobre a comoda e desliguei o telefone. Minhas costas doíam, meus olhos estava cansados, minha alma me observava de longe com um receio enorme de chegar mais perto de mim. Caminhei até o banheiro, lavei o rosto, verifiquei se o ralo do banheiro estava coberto, não estava. Então cobri o ralo  e fui até a cozinha, peguei um copo de água gelada, tomei de uma só vez. A casa estava em silêncio, o silêncio trazia consigo a solidão e a solidão carregava uma tremenda tristeza, que por onde andei, tentei me desfazer. Pobre de mim, tentei combater um mundo muito maior do que eu podia enfrentar. Invejo as pessoas que conseguem enfrentar o mundo da forma que ele realmente é. Quero dizer, pessoas de verdade, não aquelas que fazem de conta que são, aquilo que disseram que elas são. Se eu chegar próximo aquela janela, terei uma visão ampla, de várias luzes acesas nessa noite, de várias famílias, sendo famílias, mas somente famílias, que não tem nada além disso para ser. Começou a chover, vou finalmente até a janela, abro, deixo que a chuva respalde meu rosto e que seu barulho, contemple o silêncio desse quarto. Assim, ocupo meus pensamentos, pois gosto do som da chuva e de certa forma, ela me deixa bem, ao menos, bem melhor do que eu estive, por todos esses anos de sol ardente. Por um momento pensei em chorar, mas não achei que deveria, pois as pessoas não devem chorar quando se sentem sozinhas, pois essa é a única certeza da vida; a forma que chegamos e a forma que vamos embora. E toda essa luta, está fadada a um fim, que ainda é desconhecido; Assim como os planetas ocultos em nosso sistema solar; assim como quantas formigas estão trabalhando agora, debaixo de nossos pés; assim como quantas vezes mais poderei subir até o ponto mais alto dessa cidade, e olhar vocês lá de cima, sem o medo de sumir e nunca mais voltar.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Como um poema pode morrer


Os poemas estão escritos em todos os lugares. Se você prestar bem atenção, encontra-rá poemas nas paredes das prisões, nos banheiros de bar, nas poças de lama e nos rostos de cada pessoa. Poemas são como átomos, positivamente carregados de energia, que se espalham pela cidade e contemplam as sensações boas, ruins e intensas. Todos nós fazemos parte de um poema no final de nossas vidas. Linhas bem escritas com amor e lágrimas singelas fazem parte de nosso contexto. Mas existem pessoas que exalam poemas só na beleza do olhar. Porém existe um perigo nisso tudo. Nós nos apaixonamos por olhares e nesse mesmo fascínio normalmente a paixão morre, quando as primeiras palavras são ditas. Quero dizer, quando as pessoas mostram quem realmente são, os poemas não resistem e então aquele bom poema também padece. Morre similarmente como a neblina de todas as manhãs, que ao se encontrar com o sol, desaparece na primeira luz de realidade.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

E você espera por tanto tempo que já não lembra mais o porque

E o tempo, vai te fazendo esperar
um ano para concluir a faculdade,
o ensino médio e o ensino da alma.
Mais um ano para suas férias
para o seu descanso e para seu sossego...
mais um ano no aguardo, para sua paz
complemento do seu ser, o seu amor.
E você espera tanto que não lembra mais o porque tanto espera.
E as coisas ruins começam a acontecer
Um copo se espatifa no chão as 9 da manhã,
o maldito celular cai dentro da privada,
seu carro pifa no meio da estrada,
seu dinheiro no banco é extraviado para o bolso dos banqueiros todo mês.
Seu cachorro está doente,
Seus amigos estão longes,
e você começa a se perguntar para onde foi todo mundo.
Seu rosto parece mais velho cada vez que reflete no espelho,
seu hálito está ruim há meses,
Seus olhos inchados. Mas você precisa esperar,
porque se não esperar, perderá o seu objetivo em vida.
Objetivo? que diabos é o objetivo?
O mesmo que te faz esperar o dia todo, só para ouvir a música que vai te levar para outro lugar.



quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Revivescer

Como vocês podem fazer isso com a gente?
adestraram a gente em redes sociais,
fizeram a gente consumir suas propagandas
fizeram a gente engolir as opiniões alheias,
fizeram a gente discutir sem razão
fizeram a gente ver o que não quer ver.
e pior
Trouxeram para nós as lembranças,
as malditas lembranças
para fazer-nos lembrar diariamente
e nos debater, diariamente
e chorar, diariamente,
por tudo aquilo que a gente perdeu
e por todas as vidas,
que deixamos de viver. 

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Deixe aberto estes buracos em sua parede

Fiquei imaginando como seria o mundo sem o amor
e também pensando no amor sem o mundo.
Quero dizer...
fiquei  conjeturando essa sabotagem que cometemos contra nós mesmos;
e acho que depois que sofremos algumas decepções amorosas,
acabamos criando uma autoproteção dentro de nós, digamos uma certa resistência ao amor por causa nobre e própria.

A resistência é gerada pelas frustrações antepassadas e acaba compactando todo o sentimento e assim, vedamos a porta de nossa casa para o acaso. Depois de um certo tempo, acho que o amor não pode mais ser gerado através da  primeira vista, como aconteceu algumas vezes na nossa infância.

Aquele encontro casual que as vezes marcamos, aquela ação sem sentimento, que parece que vai pular do nada para lugar nenhum e por vezes, deixa a mesa do bar silenciosa entre os olhares perdidos gerados pela falta de nosso interesse. Muitas vezes esses encontros pulam mesmo, do nada para lugar nenhum, mas é somente nessas tentativas que podemos evitarmos nossa própria sabotagem.


Somente comprando mais uma ficha, podemos tentar ganhar mais uma vez o nosso jogo.

Perto de mim tinha um livro de Max Weber e dizia logo nas primeiras páginas, "Às vezes, nossa vida é colocada de cabeça para baixo, para que possamos aprender a viver de cabeça para cima".

É isso que sobrou pra mim,
É isso que sobrará para leitor.
Abra aqui,
esse seu peito para o acaso,
antes que esse descaso acabe com seu peito.

O Semeador de Estrelas, localizada em Kaunas, Lituânia




domingo, 11 de setembro de 2016

A troca dos ponteiros da vida, regado ao vinho tinto

Era mais um dia de trabalho, onde a labuta me consumiu até o último instante. Sexta feira e uma enorme lua tomava conta da cidade e as pessoas já tomavam seus acentos nos bares, para dar ao garçom e o balconista, sua ocupação social. Eu estava sozinho, resolvi voltar andando para casa pois todos os ônibus pareciam lotados, pelo  caminho entrei em um posto comprei uma garrafa de cerveja e deixei que as estrelas conversassem comigo. Então meu telefone tocou, era Lúcia.

— Olá, quanto tempo não te vejo, estou perto de sua casa hoje, vamos fazer algo? estou com saudades de você.
— Claro Lúcia, podemos nos encontrar às 9, pode ser?
— Sim, eu apareço por lá.

Apertei o passo, para tentar encurtar o tempo. Lúcia é uma pessoa que conheço há muito tempo,costuma andar sozinha, como eu e não é a toa que ela me procurou, devia estar agoniada e precisava de alguém, por um momento apenas, que lhe cedesse um abraço e um ouvido. As pessoas hoje em dia não tem mais tempo para ouvir as outras pessoas, quanto mais um abraço sincero.

Nós saímos, conversamos e bebemos muito, era uma boa companhia e era uma noite agradável. Na volta, cheguei próximo a sua porta e quando ia me despedir:

— Porque não entra? Tenho uma garrafa de vinho chileno guardada, gostaria de dividi-la com você.
Com um sorriso contemplei sua ideia, tranquei o carro e entrei em sua casa.

 Logo na entrada pude ver um grande quadro, que mostrava uma paisagem do campo, junto a um telefone antigo e um retrato de família, que juntos deveriam servir de enfeite para casa. Pelo corredor havia um mancebo bem feito, que dava ao lar uma tonalidade antiga. Ao passar pela sala encontrei com uma outra mulher, eu a cumprimentei, chamava-se Júlia e eu nunca há vi antes, mas sua afeição era estranha, tinha olheiras enormes e parecia acuada, tímida, não queria falar muito. Depois da devida apresentação, segui Lúcia até a cozinha.

— Quem é ela?
— Minha irmã.
— Ela não parece bem,
— Realmente não está, ela tinha um namorado, que trocou ela por outra mulher.
— Faz muito tempo? Questionei.
— Quase um ano, ela ainda não se recuperou. Toma vários remédios e só sai de casa para ir ao psicólogo uma vez por semana.
— Mas ela ainda é jovem não? disse tentando alcançar uma alternativa justificável de recuperação.
— Creio que o amor não escolhe idades para matar.
— Tem razão, mas ela toma vinho também, podemos tentar socializar ela?
— Melhor não, você é um estranho aqui, não sei como ela assemelharia sua presença;
Compreendi a imposição caladamente.

Fomos para o quarto de Lúcia, tomamos toda a garrafa, estava bom ali, mas nada me fez esquecer, aqueles olhos embotados de inchaço, do qual sua irmã Júlia me apontou. Por um instante me encontrei naquele olhar, por um longo tempo, desesperei-me como ela. Gostaria de ajudá-la, mas ninguém que tentou me ajudar conseguiu.

 A vida se tornar voraz, as pessoas se tornam vorazes, e tudo se
desvanece, junto com o vinho tinto, o sangue e o amor. Todos nós, estamos constantemente brincando com os sentimentos de outras pessoas, seja direta ou indiretamente, por comentários a terceiros ou por um julgamento de vida, de estilo, de escolhas, de moral. Se isso não é considerado um pecado capital, pode ser que seja uma via expressa para o inferno. E enquanto a música tocava no quarto de Lúcia, eu permanecia vivo e sua irmã no andar debaixo também, apesar de todos os nossos demônios e ao apego aos nossos passados, mas estávamos ali, de alguma forma, como brotos de uma selva devastada.

Desde que me despedi, fui para casa. Liguei o rádio e tocava David Bowie, tomei banho com o som alto e quando já deitado, torci, para que o inferno da irmã de Lúcia, não durasse tanto quando o meu...



quinta-feira, 8 de setembro de 2016

A moral de toda razão

 
Entre as luzes, um garrafa, o punk Rock e os amigos, a vida não fica tão ruim. É certo que nos falta um pedaço do nossos corpos, mas nossa alma permanece intacta, mesmo em constante oscilada, variando entre um copo e outro, entre o  desejo e a nossa realidade.
 Um drinque, um sorriso e uma troca de cigarros. As horas passam, a madrugada vigilante toma o lugar dos sonhos que ficaram esquecidos em nosso quarto.

A realidade é aquilo que criamos. A moral se torna imoral, de acordo com nossas escolhas.
Viver na imoralidade é aceitar a vida de acordo com o que ela de apresenta, sem determinar os valores para a qual a criamos.
Se assim aprendi a ser,
porque tanto tempo reneguei o meu ser?
Se parte do meu corpo ainda vive, a outra parte, mesmo longe de mim, também tem que viver.
Apesar de todo meu luto, devo seguir,
Envolvente com essa música preferida,
sendo repetida mais uma vez,
Essa noite ainda não acabou
levando-nos ao encontro, do nosso eterno  retorno.

Algo surpreendente me espera,
em algum lugar,
em um quarto
de um lugar que eu ainda não ser aonde é,
mas eu estarei lá
quando a hora certa chegar. 





segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Pequeno fragmento sobre a existência - Entre o rei e a borboleta

As pessoas precisam acreditar em algo depois da morte.
Um paraíso, uma reencarnação,
seja como um rei ou uma borboleta.
Tudo porque as pessoas vivem uma vida triste
e se arrependem constantemente dos seus atos em vida;
E acreditam que se estão livres das dores da vida
se tem permissão após o seu fim, para se unir a um Todo.
é mais fácil ter fé em tudo tende a melhorar depois,
Pensar com firmeza e intensamente sobre
alguma coisa,
é um excelente exercício mental;
Serve para desvendar os mistérios que residem
por baixo da superfície comum da própria existência.
Faz bem para ópio espiritual,
já alerta o ministério da saúde.  




domingo, 14 de agosto de 2016

Escapismo

Permita-se às vezes tocar aquilo que lhe faz mal.
Meu amigos, tem um monte de gente perdida nesse lugar.
Elas estão dentro dos ônibus, nos metrôs, nos bares, nos centros e nos subúrbios;
Estão procurando por aqueles sonhos que tiveram quando ainda eram crianças.
Eles querem processar,
Por todas aquelas mentiras que ouviram diariamente de como deveríamos ser e estudar, para que então pudéssemos alcançar os sonhos de nossas vidas.
Esqueceram então de avisar sobre os os boletos atrasados, os cheques vencidos, as pessoas que querem sobrepor as outras, os viciados, o amores perdidos, os infiéis, a tristeza, a opressão.

Mas para essas causas, não existem advogados, nem juízes aptos com as jurisdições necessárias, e então, acabamos períodos mesmo.

Em busca de um escapismo,
um acordo benéfico,
um amor platônico,
uma noite de sexo,
um motivo para viver e aguentar a sobrecarga psíquica.
Nós não desistimos,
porque sabemos que se desistir, o tempo passará mais devagar nos domingos,
o silêncio ecoará sobre as paredes do quarto e nada fará sentido.
Porque aos domingos a dor é sempre pior.

Uma vez eu assisti um filme, do qual uma pessoa fazia um tratamento experimental
para apagar de sua memória a pessoa que ela tanto amava.
Ele se arrepende no meio do processo de hipnose e tenta, mesmo alucinado, maneiras de maneiras sabotar o tratamento.

Foi desesperador, mas fiquei imaginando que se isso existisse, certamente os consultórios estariam cheios, pois apesar da felicidade instantânea que vivemos, a tristeza tende a durar mais, pois esperamos mais da vida, do que ela mesmo pode nos dar.

O abismo sempre está,
de olhos abertos para nós
mas finalmente eu aprendi,
que me ocupando,
nunca mais terei tempo para olhá-lo novamente.

As manobras do escapismo: Picasso e Kandinsky




sábado, 30 de julho de 2016

Mais uma passagem comprada

Deixo aqui um testamento
O fim de tudo aquilo
que nos alastra
e que nos derruba há tempos.
mensagens diurnas
sempre lindas e belas
agora voam no esquecimento
deixadas nas esquinas das lembranças
sem sobreviver a esse tempo.
Pelos altos sempre procurei
a forma mais simples de te fazer feliz
mas eu nunca fui um rei nem um juiz,
logo todos os meus esforços parecem ter lhe tornada mais infeliz.
mas de nada me neguei,
sempre estive por perto
pois em toda minha vida, foi isso que sempre ansiei
mas não o foi suficiente
pois o que realmente te serve lhe cobre a mente
o disso talvez eu seja um verdadeiro incompetente
tentando ser tudo para lhe agradar, menos gente como sua gente.


Tiro aqui então a flor desse vaso podre
pois reguei diariamente sem sequer pensar em minhas dores.
E nada saiu dali
apenas momentos, em contratempos,
que me fizeram feliz,
mas por fim gasto


e agora eu vou, tenho que me salvar mais uma vez,
sem saber o que vai ser dessa vez.
Espero um dia me esquecer
por tantos momentos que fiquei a tremer
esperando um recado
algo que me fizesse sentir amado
mas nada veio
a não ser o sentimento de desprezado
mas ao futuro luto para gritar que finalmente me liberto
pois nada nessa vida é eterno
nem a dor de perder esse amor subalterno.


terça-feira, 26 de julho de 2016

Algo maior está por vir, entre o vinho, a vida e a poesia

— Você fala com as pessoas sobre sua vida?
— Não.
— Você fala com sua família sobre sua vida?
— Não
— Como você faz?
— Não sei bem, só deixo levar.
— Mas você precisa falar pra alguém!
— Na verdade, eu não sei se consigo falar nem mesmo para mim.
— Você precisa de um tratamento então.
— Também já me disseram isso.
— Você vai?
— Não.
— Então como quer se curar?
— Eu estou doente?
— Não, mas um médico vai te ajudar!
— Um médico que eu não conheço e que está sendo remunerado para me ouvir, vai me ajudar?
— Ele estudou para isso.
— Então existe se estudarmos o livro que ele estudou, vamos nos salvar?
— Não sei, talvez sim.
— Não seria melhor todos os seres humanos terem a cópia desse livro guardada debaixo de seus colchões?
— Não é tão simples assim.
— De fato não, é somente um aforismo. Mas você já imaginou quantas pessoas estão nesse exato momento chorando, e por outro lado, você já pensou em quantas estão rindo?
— Não
— O nosso cotidiano faz com não pensemos nisso. A dor existe, mas ela só recaíra sobre você quando for a sua vez. Não fomos condicionados para nos lamentar as dores do próximo. O egoísmo está implantado dentre de nós e isso é a nossa salvação; Até porque, se não fosse assim, o mundo viveria em prantos
— Se você sabe disso, porque está assim?
— Porque uma resposta não é sinônimo de solução;
— Deve ser, eu tenho que ir.
— Tudo bem,
— Até a próxima, espero te ver melhor.
— Tudo bem, obrigado.


E ele se levantou e arrumando a gola da camisa, percebeu que haviam deixado a fresta da porta aberta. Não se importou de imediato, abriu a janela e luz do dia tomou conta do quarto. Serviu um copo de vinho e ligou o rádio — Era música clássica —,ele deixou rolar. Ascendeu um cigarro e escreveu um poema do qual guardou em sua gaveta, nunca publicou e nem mostrou para ninguém.

A vida as vezes explode e não tem nada que possamos fazer a não ser aceitar que hoje é o dia de perder.

Ele já imaginava que amanhã ele iria acordar cedo, seu dia seria cheio, problemas no escritório para resolver, mas ali reside as perspectivas. — Algo maior estará por vir—, pensou com ele, mas de repente ele parou e deu mais um gole no vinho — Até então nunca tinha reparado como era bom apreciar aquele sabor— . o doce espalhava pela sua boca e trazia uma sensação de leveza.

Algo maior está por vir.




segunda-feira, 25 de julho de 2016

Enchente na sala de estar


Quando você está perdido e você fica seco e frágil,
a enchente vem caminhando até você.
Ela o empurra por todo o caminho e molha suas roupas.
Quanto mais fundo você deixa ela levar, mais difícil fica o impulso,
até que não resta quase nada de você
quando você está perdido é uma bagunça,
não à coisas para encontrar em meio das águas que inundam o seu quarto.

Mas há um sentimento,
uma farpa, uma brasa que vive.
E você não pode deixar ela se perder.
Mesmo que não tenha certeza de qualquer coisa.
Deixá-lo fora, ou deixar que a enchente de acerte....
As pessoas que você ama
por vezes você as deixou no escuro
os medicamentos que você tomou ontem à noite
estavam lá desde o início
e você perdido, consumindo tudo.
Mas quando a enchente passa,
Se torna o passado, e a porta volta a se abrir
Eu não posso ter a certeza
de qualquer coisa ao menos da brasa que salvei,
deixá-lo fora, ou deixar que a enchente de acerte ela mais uma vez...?
Mas todas as coisas que comecei uma vez
não estão totalmente mortas,
disso eu sei,

mesmo que novas enchentes estejam se formando na porta de casa mais uma vez.




quinta-feira, 21 de julho de 2016

Sobre as chamas estão as cartas de amor


Se a queda é longa demais,
a gente tenta não subir tão alto
Se noites são longas demais
a gente tenta se distrair um pouco
invés de tentarmos dormir.
Se a distância é grande demais
a gente espera
e vê o que vai acontecer

pois até as cartas com o tempo
perdem o seu valor
em meio as fogueiras
que elas são lançadas diariamente,
E não importa se você diz sim ou não
oi  e tudo bem,
tudo acaba da mesma forma,
e recomeçam novamente,
o nosso
eterno retorno.

Talvez se ficarmos sentados aqui,
percebemos que é o nosso lugar
mediremos mais esforços para nós mesmos
e seremos mais sinceros com nós mesmos
antes que seja tarde,
e aumente distancia de nosso próprio ser.

Os sonhos são bonitos quando são contados
e eu tentei procurar por sonhos diariamente,
e eles também tentaram me encontrar diariamente,
Mas nenhum de nós fomos feitos um para o outro
Quando se espera demais, não existem sonhos que resistam.

e então
aqueles bons tempos se vão
e nos restam as cicatrizes que
duram
e nunca vão se apagar
mas então
nos voltamos a nossa cama
e no acalento e no silêncio de uma noite fria
nos colocamos a dormir e esperar que amanhã,
algo extraordinário aconteça em nossas vidas.




sexta-feira, 15 de julho de 2016

Deixe os classificados para o final



Chego em uma padaria, peço um café e me sento em uma das mesas do lado de fora.
Ascendo um cigarro e tomo um gole
próximo tem uma banca de jornal.
Classificados de emprego,
Impeachment de presidente,
sanções entre países,
uma nova guerra se aproximando.

Mais duas tragadas, no café
uma mulher passa,
levando o saco pesado de frutas,
ao lado uma criança
com seu carrinho de brinquedo a acompanha.


Um pedinte se posta a minha frente,
me pede uns trocados.
eu dou.
pede um  cigarro
eu dou
ofereço o isqueiro,
ele aceita;
me agradece
com sinceridade no olhar,
e eu aceno com a cabeça

Todos ainda precisam se salvar
Todo o dia precisamos nos salvar e salvar os outros também.
e eu agora procuro,
qual será minha próxima saída.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

A culpa é nossa própria sentença


Fico no recanto, observo o que as pessoas escrevem, o que elas falam, o que elas pensam.
elas estão culpando tudo,
culpam a tempestade se esqueceram o guarda-chuvas em casa,
culpam o trânsito, pois ficaram na cama por mais cinco minutos e saíram atrasadas.
culpam os guardas, pois tomaram multas por alta velocidade.
culpam um colega de ofício, se o seu trabalho está dando errado.
E continuam culpando, até achar o culpado.
culpam a rotina,  pois não tem mais tempo de ficar conversando até tarde,
pois a vida está muito corrida, pois está com sono, pois está com dor de cabeça...
Culpam seu parceiro(a), pois o amor está acabando,
pois não é mais igual era antes, pois a conversa não se desenvolve mais.
sendo que não estão fazendo nada para salva-lo.
A falta de tempo, é culpa de alguém.
A falta de amor,  é culpa de alguém.
A  falta de empatia,  é culpa de alguém.
e vamos nos perdendo,
e apodrecendo
sozinhos ou acompanhados,
seja como for,
tristes dentro de nós,
pois não temos mais tempo de salvar, pois já passamos a culpa disso para alguém também.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Uma dose a mais para aguentar esse tédio

Me sinto tão entediado,
dessa falta de sossego
desse jogo com sete erros
desse meio termo
impotente e
covarde,
e dessa falta de dialogo
desse silêncio e desse suspiro abafado de todas as noites.
Ando muito cansado,
de esperar por mais uma trem depois da estação fechar,
de procurar por uma estrela cadente toda santa noite.
Ando realmente preocupado,
De ver vocês,
com esse eterno anseio em desejar e procurar,
ainda não perceberam que só conseguem amar o que desejam?
fruto do desejo é a sua cobiça do seu eu ter.
Seja um objeto,
um  amor,
um perdão,
Estar desesperado também é desejar a tranquilidade,
Vocês procuram as respostas
quando já esqueceram-se de suas perguntas.
e por quanto tempo vocês vão andar nessa rua de mão trocada?

Um fim é o despontar de um novo desejo,
o desejo do amor que se quebrou,
o desejo do inverno que já passou,
o desejo de ressuscitar o morto, para mata-lo novamente.
Desejo também é querer reviver.
Porque então, estão se machucando dessa maneira?
Porque então ,vão machucar os outros dessa maneira?
Não é o suficiente o que vocês tem?

domingo, 10 de julho de 2016

Nem mesmo o pássaro

O pássaro voa, faz no céu
piruetas
e mostra como é bom ser livre
mas lá,
ele voa sozinho
longe de seu ninhal;
Pássaro onipotente, acha que vence sozinho,
as vezes ele vence mesmo,
mas nem sempre
e é assim
por muitas vezes o pássaro que esbanja sobre nós
o seu dote de voar
é o mesmo que também sonha em ter pernas
e em caminhar pelo parque
pela rua ou na praia,
e também devaneia com braços e mãos,
para acariciar, abraçar e então,
junto com as penas, caminhar de mãos dadas, com a pessoa
do qual decidimos amarrar nosso coração.



segunda-feira, 4 de julho de 2016

Doutorado de uma vida sem diplomas


É difícil e você sabe que coisas podem dar errado
Porque você pode passar a vida inteira
sem saber qual é o seu lugar,
pois não se descobre o talento de um músico
em um lugar onde não tem instrumentos musicais;
não se descobre um campeão de boxe,
quando esse campeão nunca calçou uma luva;
não se descobre o talento de um piloto,
se a vida nunca deu-lhe a oportunidade de dirigir um carro.
E nessas horas que é difícil e as coisas podem dar errado,
e a nossa vida,
se torna apenas um lugar,
onde a gente vive como pode,
o lugar onde a gente só sonha em ser mas tem os que aceitar o que vier,
Então sem percebermos,
acabamos nos encostando onde nos oferecem acentos,
ligamos o telefone
e fazemos suas cobranças
atendemos clientes
ativamos e cancelamos cartões, seguros de vida, prestações e renegociações,
e fazemos o sistema funcionar,
entrada e saída de mercadoria
por mais um dia
ou dois
Uma sala cheia de pintores, escritores, filósofos, programadores, químicos, economistas e cientistas, que nunca vão saber
e acabam por virar uma estatística no final
um corte no quadro de funcionários
um novo contratado de uma nova empresa daqui alguns meses.
da placenta ao túmulo,
as sociedades
aos prazeres curtos
e ao amor eterno por sua escravidão.


domingo, 19 de junho de 2016

Se perder

A gota que cai
o suor
e o sangue
o fim, do início
o retorno do fim.

e aonde ficaram
os papéis amassados em forma de cartas que um dia enviei,
devem estar jogados na gaveta
estes descreviam
sonhos,
que pintaram e davam bases
aos cantos de nossas almas
e moldavam as bordas
de nossos sorrisos.

e o gole de cerveja,
praticamente intragável,
e a sensação
de auto-destruição me fez
passo a passo
tentar fugir
para bem longe dali
e ainda sim perdido dentro de mim
só me senti mais seguro
quando encontrei o demônio que eu mais temia
e então
por fim o abracei.





sexta-feira, 17 de junho de 2016

As flores sobrevivem ao frio


Uma vez andava pela rua e o frio gritava e ecoava pelas  pessoas que em passos rápidos, ansiavam para chegar em suas casas, no calor de suas camas e na comodidades de seus aparelhos de televisão. Escuto próximo de mim uma voz, era um morador de rua sentado ao chão — Ei, por favor, me de um cigarro — acenei com a cabeça e me agachei, colocando o cigarro em minha boca e para poder ascender e entregar a aquele homem.


Naquela posição então observei o seu redor. Havia um cobertor dobrado em forma de travesseiro, ao lado o par de seus sapatos estavam colocados perfeitamente, um do lado do outro. Havia uma caneca de alumínio ao lado, um saco de pão enrolado e o local bem limpo, apesar das circunstâncias. Logo notei, que aquilo eram resquícios de quem já teve uma casa, de quem sabe organizar as coisas de uma forma mais agradável possível, mas que por algum motivo,  vida culminou com ele, o levando para aquela lugar cretino, do qual sua dor era agora afagada pelo cigarro, que ali recebia e que  seus olhos respaldavam o agradecimento com um singelo, obrigado e boa noite.





segunda-feira, 13 de junho de 2016

A todo o momento, a toda a hora, em todo o tempo

Cidades,
desempregados procurando empregos,
ela passa por você,
talvez procurava por você
e você, com o vinho nas mãos,
serve mas brinda sozinho
não era pra menos,
é o que foi-nos ofertado
desde o início,
e ninguém ousa compreender
pois está tudo normal, todos os dias normais,
iguais.

E as calçadas agora estão ficando mais duras,
O jeans ficou mais gasto
A jaqueta mais velha
Primeiro
destruímos os corações
depois as almas
e por fim, chutamos as cinzas,
para o lugar que nós sabemos onde está,
mas não queremos lembrar.



quinta-feira, 9 de junho de 2016

Deixe que os deuses falem o que quiser

Seja com os pais, nossos amigos,
os deuses, as religiões ou a política,
Chega uma hora que a coisa muda de figura
e então você será apresentado para o mundo,
em uma forma indefesa
e por vezes vai sentir-se com medo.

Você nunca saberá
se está caminhando na direção correta
ou não,
e isso vai te agoniar por algum tempo,
pois será então
forçado a seguir determinados coisas,
que talvez não estavam em seus planos,
A vida não é como queremos, é como ela se apresenta pra nós.

determinadas pessoas ditarão boa parte do seu destino,
determinadas pessoas tentaram colocar valores em sua vida,
e outras tentaram deturpar os teus e se quiser fugir, pode ser o caso, fugir nada mais é do que morrer de um lugar.

Tente se manter longe
e essa coisa começa a te fazer mal,
Ligue o seu rádio sempre que chegar na sua casa,
e deixe com que a música
preencha seu quarto de canto a canto,
certamente ela vai te salvar
por um momento
e lhe trará fôlego
para aguentar algumas horas a mais,

E se de alguma maneira
você sentir que as paredes de seu quarto tornaram-se sua própria prisão
tente ficar longe delas por um tempo
ou então
tente colocar um quadro novo por ali;

Os deuses brincarão com você por mais um tempo
e você conseguirá vencer novamente,
eles sabem que você consegue e por isso dão gargalhadas,

O sol da certo pra você, assim como da certo para o cacto.

terça-feira, 17 de maio de 2016

E a terra nunca me pareceu tão distante

Nada simpático, mais do mesmo,
a gente se acostuma com essa coisa depois de um tempo.
Não temos para quem reclamar, pois nunca tem alguém para nos ouvir,
quando passamos por dias imutáveis,
 acabamos por não esperar nada de diferente amanhã,
no futuro e nos anos que vem a seguir.
fica tudo é inerte por um momento
e as vezes
isso é assustador.
Exceto por uma piada nova,
uma notícia no jornal ou uma música bem tocada.
Você até arrisca uma coisa aqui, outra ali,
mas acaba como sempre,
vivendo o mesmo dia de ontem.

Vez ou outra a gente se surpreende,
dentro do ônibus havia uma mulher,
loura e beirava os cinquenta anos,
estava com os olhos baixos e eu a reparava de uma certa distância,
Depois de um deslize percebi que ela chorava,
Um choro silencioso,
não queria que ninguém notasse dentro do ônibus
e estava conseguindo,
Ela não sabia que distante eu a observava.
Em seu rosto embotava uma espécia de desespero,
talvez ela tivesse perdido um filho,
um marido, uma irmã
por um momento senti vontade de chorar também.
Mesmo sem saber quem era aquela mulher,
o que ela fazia, no que acreditava e no que odiava.
Acho que quando o ser humano vê alguém desesperado,
se desespera também,
tamanho é a fragilidade de seu ser,
e a sub-consciência,
que silenciosamente sempre nos diz
que tudo que adquirimos em nossa vida,
será perdido no fim.

Mediante isso eu desci do ônibus,
ascendi um cigarro e continuei meu caminho.
Parei em um posto de gasolina,
comprei uma cerveja e fui bebericando,enquanto caminhava,
pensei que poderia comprar uma pizza de mussarela
e uma bela garrafa de vinho chileno.
e que quando eu chegasse em casa,
encontraria ela ouvindo The Replacements,
e feliz com o nosso jantar surpresa;
mas que bobagem foi a minha,
Tudo estava a anus luz de distância
e a Terra nunca pareceu tão distante de mim.
Não era um tempo para os sonhadores,
e me dei conta disso depois que abri a porta da sala,
vi que eu estava sozinho novamente.



segunda-feira, 25 de abril de 2016

Um terço dessa pena

As pessoas conseguem tornar o mundo algo desinteressante, 
Vocês conseguem aguçar egos, mesmo quando não há valor algum,
vocês gostam do mostrar 'amor próprio', mas espalham o narcisismo.
vocês procuram pessoas para amar, mas vocês ainda não sabem amar.
vocês despedaçaram as vidas de outras pessoas, tentando trazer algo só para vocês.


E todas essas luzes de carros nas avenidas,
e todos esses letreiros das lojas no centro,
e todas essas caixas de sapatos,
Esses cabelereiros,
Essas músicas ruins.
Essas danças ruins.
Essas modas inúteis,
que vão perder o seu valor amanhã,
quanto tudo isso for taxado de ultrapassado, por alguém
que vocês
sequer conhecem,
mas que determina
o que será de sua vida na próxima estação, todos os anos.


Os fast food's, vendendo comida ruim,
e os atendentes mal-humorados,
Os dedos que digitam, 
os celulares e a falta de atenção.
os cinemas transmitindo filmes horríveis,
e vocês
exigindo tão pouco desses cineastras. Basta,
alguns efeitos especiais 
e vocês acham
que assistiram ao melhor filme do mundo,
vocês nunca vão ver o melhor,
pois quando esse for passado para vocês, 
vocês não vão achar que é o melhor,
pois não será semelhante
a todos esses os filmes que vocês amam.


E os vendedores que tentam ganhar um pouco em cima,
E os policiais que aplicam multas sem necessidade,
As pessoas que fazem piadas maldosas,
Vocês estão apodrecendo esse mundo.
vocês estão se limitando,
vocês estão desperdiçando o pouco que sobrou.


E os amantes que se perdem, perdendo seus amores,
que já estavam perdidos, desde o começo.
Também estão
apodrecendo.

E há mais de sete décadas, 
Hemingway deitava-se toda a noite com a mulher que amava, 
e de tanto amá-la, 
nunca conseguiu fazer sexo com ela. 



domingo, 10 de abril de 2016

Nos últimos meses eu tive um crise de tosse séria, fui ao farmacêutico e ele me receitou um xarope que não melhorou em nada, então fui ao médico e ele não detectou nada de anormal comigo. Me senti perdido naquele momento, o médico então receitou mais remédios que acabou por amenizar mas não curar o meu problema. Por um instante coloquei-me no lugar de alguém que tem uma doença incurável, você tenta e tenta, mas só consegue amenizar as consequências daquilo que te mata aos poucos. Lutar contra algo sem ter a perspectiva de sucesso é uma coisa horrível. Se a vida foi feito para vencermos as dificuldades, qual seria o seu sentido se já tivéssemos nossa derrota traçada?

Em meio a esse indagamento prossegui pelos dias e as crises de tosse continuavam e as pessoas próximas a mim diziam – Você tem que parar de fumar, isso está te matando – Por um minuto pensei em pedir mais algumas dicas para essas pessoas saudáveis, no outro minuto eu resolvi permanecer calado, mas eu sabia que elas não estavam tão saudáveis assim. Elas se sentiam mais vivas e saudáveis ao me ver mal daquela forma. É como se elas fossem sobreviver ao tempo e as doenças, a gordura que está sendo injetada em seus corações todos os dias, a insônia e suas crises depressivas recheadas de anfetaminas para conceder uma sensação de felicidade, ao câncer que brota dos fertilizantes, ao ódio que nasce das pessoas.

Por um momento eu me coloquei ao lado delas e elas no meu. Elas se sentiam bem por não ser eu, e eu muito bem por não ser elas.


sexta-feira, 1 de abril de 2016

A ligação mais importante da cidade

Um telefone sobre a cômoda empoeirada começa a tocar. Ele se levanta, caminha com certa dificuldade e atende:

— Alô,
 — Oi,
 — E ai, está melhor?
 — Não, ela me ligou agora, dizendo que já não me aguenta mais.
      ( um silêncio)...
 — É complicado, e o que você fez?
 — Disse que compreendia, fiquei quieto e ela desligou o telefone.
      ( ... )
 — Eu ainda me lembro quando você à conheceu, você chegou a me dizer que nunca havia sentido algo assim. Eu achei que tinham tudo haver, todos diziam que vocês se davam bem.
 — Eu não consigo entender também, tínhamos tantas coisas em comum, agora estou perdido.
 — Aguente firme, as vezes não existe razões,
 — Estou sem rumo agora, não sei como vou viver.
 — As pessoas só se encontram quando perdem seus rumos por algum tempo.
 — Mas quanto tempo isso pode demorar?
 — Se perdeste o seu rumo verdadeiramente, pode demorar meses ou até anos,
      ( outro silêncio )
 — Acho que preciso ir a um psicólogo,
 — Eles não vão te curar, eles lhe deixam melhor por um tempo, mas não vão te curar, se não você não volta mais lá.
 — Deve ser por isso que as pessoas fazem centenas de sessões com as pessoas,
 — E certamente ganham muito com isso.
 — Então o que eu faço?
 — Aguente firme,
 — Como?
 — Sai dai agora, essas paredes vão engolir você, não está vendo que pensa nela toda vez que fica ai sentado?
 — Acho que tem razão, mas para onde eu vou?
 —  Você pode ir para qualquer lugar dessa cidade, aqui tem de tudo, desde igrejas até as boates, vá para onde se sentir melhor.
 —  Acho que não devo ir para boate.
 —  Também acho que não deve.
 —  Talvez um bar?
 —  Não é uma má ideia, talvez encontre alguém para conversar, os balconistas sempre estão dispostos há lhe ouvir.
 —  Porque não vem comigo?
 —  Não posso.
 —  Mas porque?
 —  Você está desesperado, você me ligou e eu já disse o que tem que ser feito, agora depende de você. Não posso lhe dar os ombros para sempre.
 —  Tem razão, obrigado por me ouvir.
 —  Todo mundo precisa de alguém em um momento de desespero, você não é o único a perder o norte nessa cidade, posso ouvir daqui os corações chorando.
 —  Corações foram feitos para chorar?
 —  Não,  corações são feitos para jorrar sangue, quando mais sangue é jorrado, mais vivo você está.

A ligação caiu.

Ele não soube se foi um corte na linha ou se o telefone foi desligado propositadamente. Não importava, ele não retornaria a ligação. Então se levantou, sacou seu casaco, colocou o chapéu e ascendeu um cigarro. Desceu as escadas, olhou para o porteiro do seu prédio, era o mesmo, trabalhava ali há 15 anos, parecia que sempre estava com a mesma cara.
Acenou com a cabeço,
em um ato como se tudo estive bem.
Deu sinal para um ônibus, mas não viu qual era o seu destino,
Isso era uma coisa que já não importava mais.


segunda-feira, 21 de março de 2016

A questão sobre esse eterno retorno.

Debruça-te os cotovelos sobre a mesa,
dedos entre os cabelos
o espasmo estampado no rosto
a música tocando no rádio
onde foram parar aqueles dias bons?
onde realmente tínhamos uma razão para viver..
como conseguiu então chegar até aqui,
seguindo vivendo sem viver,
a espera, de alguém
que poderá
te levar, para bem longe
desse lugar amargo;

debruça-te sobre esse leito agora,
não há muito o que fazer agora,
tudo esta parado,
parado demais
menos essa música,
que segue trocando acordes
e o sol
que vai se movendo
até se colocar,
de acordo com os ponteiros desse relógio.
E então você acompanha mais um dia,
sem nenhuma notícia boa nos jornais
sem nenhuma esperança do amanhã,
sem nenhuma passagem de trem comprada para algum lugar,
e lá se vai,
mais uma chance
de sair daqui para sempre.






domingo, 13 de março de 2016

Impróprio

No fundo você tem que ter alguém. Você não pode sentir-se forte o suficiente e se sustentar sozinho, de alguma forma você vai perceber, que é ao meio da multidão que você sente falta de estar com alguém. 

As multidões bravejam muitas coisa sem sentido e você precisar ter alguém que segure as pontas junto de você, para que não enlouqueça no final ou comece a repetir o que eles dizem. E não há nada que possamos fazer quanto a essas multidões, eles estão em todos os lugares e se arrastaram por centenas de anos.

Existem muitas coisas do qual não podemos fazer nada e você tem que aprender isso o quanto antes, ou você vai se dar mal.

Social Distortion tocava no rádio, as pessoas cantavam e dançavam, e eu tinha a música decorada, mas não senti vontade de cantar com ninguém. São pessoas tão iguais, eu vi muitas dessas por onde passei, bares, casas de shows, galerias, festas e casas abandonadas. Eu aceitei ficar ali desde que não me pedissem para acompanhá-los.  Não era justo comigo, com minha bebida e com meus demônios. que estavam odiando estar ali. Eu esperei muito mais deles e de mim, é muito fácil chegar aqui e contarmos as horas para nós despedirmos. Estamos todos reunidos, mas nós todos estamos sem ninguém e como é difícil aceitar isso.

Sendo assim você tem que aprender urgentemente a resistir, pois não resistir é entregar tudo que você tem para eles e eles não se importam nem com você, nem com nada. 


quarta-feira, 2 de março de 2016

Conta Comigo

Era segunda-feira, eu acordei, tomei um banho, escovei os dentes, tirei alguns pelos do meu nariz, arrumei o cabelo e fiquei por um tempo observando meu rosto, já abatido com o tempo. Sem titubear por muito tempo, prossegui até o trabalho, era a mesma procissão, ônibus cheio e as mesmas pessoas de sempre. Nós já nos conhecíamos sem ao menos ter trocado uma palavra e se um deles não estivesse dentro naquele ônibus, de certa forma sentíamos sua falta.

O dia de trabalho foi o mesmo, reclamações é o não faltavam, as vozes acumulavam em nossas cabeças e aquilo nos desgastava tanto, que mesmo sem fazer muitos esforços físicos, ficávamos esgotados no final do dia. Na hora de ir embora, estava chovendo e parte da rua estava alagada, transformando o trânsito em um verdadeiro caos. Eu já estava acostumado e sabia que não adiantaria ficar esperando o ônibus, pois todos estariam lotados de qualquer maneira e só fariam com que chegássemos em casa estressados, brigássemos com nossa família ou nossos amados. Resolvi então entrar no primeiro bar que encontrei pelo caminho, pedi uma cerveja e ascendi um cigarro, a vida estava nos desgastando e todos nós já sabíamos disso de certa forma.

Coloquei os fones de ouvido e deixei na primeira estação que estava tocando rock, depois de alguns minutos começou a tocar músicas que me levaram para uma outra época, um outro lugar, que eu realmente gostaria de voltar ou ao menos visitar se fosse possível. Me lembrei perfeitamente dos meus 12 aos 16 anos, onde eu não tinha muito mais o que fazer a não ser comparecer a escola e ver meus amigos na parte da tarde. Nós íamos para o colégio e fazíamos o básico, se tínhamos que tirar nota seis para passar na prova, era a nota seis que iriamos tirar. Era o mínimo que pediam para nós, e era o máximo que conseguíamos fazer. Quando chegávamos em casa, descansávamos um pouco e na parte da tarde íamos até a casa do Luan, para tecnicamente não fazer nada. Eramos adolescentes fracassados no arte do amor, não conseguíamos chegar e conversar com uma menina, sem que ficássemos envergonhados ou passássemos por algum tipo de constrangimento, e isso sempre acontecia e era o motivo de muitas risadas no fim da tarde. Não bebíamos, não fumávamos, nem usávamos algum tipo de drogas, eramos felizes sem precisar de nada disso e eu realmente agradeço por isso. Ficamos boa parte do dia ouvindo Blink 182 e SUM 41, bandas que representavam bem a época e o momento que vivíamos. De certa forma nós precisávamos um do outro e realmente nós nos amávamos, de uma maneira bem coloquial, mesmo sem percebermos ou admitirmos isso naquela época.

As coisas tiveram que continuar, pensávamos que aquilo duraria para sempre, mas sabíamos que de certa forma teria um fim e foi aos poucos; ninguém foi embora, ninguém teve que se mudar, ninguém se casou. Aos poucos cada um tomou o seu rumo, cada um criou seus deuses, cada um poliu seus dogmas e ideias, e esse foi um grande problema, mas inevitável, as pessoas se desprendem delas mesmas.

Alguns ainda continuam por ai, outros tiveram que ir embora por não compactuarem das mesmas ambições. Alguns se tornaram viciados e alcoólatras, alguns se decepcionaram com o amor, alguns caíram na realidade da vida e outros continuam sonhando, como se o tempo tivesse parado nesse juventude. Independente do que venha acontecer nas próxima décadas, posso dizer que tive momentos inesquecíveis com cada um deles, do qual lembrarei sempre que tocar uma música em especial, ou acontecer algo que inevitavelmente remeta a aquela época, com aconteceu ali, enquanto eu batia as cinzas do cigarro e tomava mais um gole da cerveja e a música transbordava em meus ouvidos. O trânsito permaneceu parado e eu sabia que eu ficaria ali pelas próximas horas, esperando com que o tempo voltasse, mas ele nunca volta.




Esse texto é uma dedicação especial para Adílio Alves, Milton Gonçalves, Diego Rivera, Luan Rivera, Felipe Gonçalves e Nivaldo Coelho. Que a vida continue leve e pura, independente de suas turbulências, como fora nos melhores anos de nossas vidas.