quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Aos dias que parece não ter fim

Conectividade em locais tão distantes, fazem com que uma cama se pareça tanto com uma mesa de bar. Você nunca vai saber quando é a hora de parar, se levantar e partir em outra direção , fazendo com que o impossível se torne possível de vez em quando. Tem horas que o ideal é deixar a coisa fluir pois o desejo vai acabar sugando seu próprio espírito, que mesmo cansado, ainda tem ânsia em sobrevir ao mundo, como já foi em tempos atrás.


 Logo chega o momento que você aumenta o volume do rádio e deixa com que a música estoure seus tímpanos, e você não se importa tanto mais com o que as pessoas vão pensar, eles já estão morrendo há algum tempo sem perceber, seus cheques estão sustados, débitos no cartão, amores falsos, sonhos desperdiçados e a vida que ainda não fora vivida. Seus carros trazem sua privacidade mas lhe privam da liberdade e é assim que é, sempre vai ser, mas ninguém avisou para eles no começo e para muitos, dar um passo atrás e recomeçar, pode ser demais, pois vai estraçalhar com seu próprio ego, mexe com aquilo que os alimenta dia após dia nessa dança infeliz e sem fim. 


Deixe que sejam assim então, não estamos aqui para salvar todos, mas somente alguns; Existem os que tem alma, e os que desejam, que sonham, que não aprenderam a odiar desde cedo,  que precisam de um pouco de amor para prosseguir. Estão espalhados por ai, como trapos no asfalto, em suas casas, suas propriedades privadas, seus redutos, comunidades e cabarés e praças, acasalando seus sonhos e pesadelos como parte de sua aceitação pessoal, eles merecem bem mais do que buscam, mas ninguém liga para os sonhos de quem nunca poderá pagar.



Enquanto isso eu estou aqui, observando seu jeito de ser, seu jogo de agir e em suas fotos decifrando seus segredos, tentando entender se é hora de de lhe abraçar ou de partir... De acordo com esse jogo, prefiro não arriscar, pois o que tenho a perder certamente é bem além do que vou ganhar, se realmente pode me ver,  verás que ainda permaneço por aqui, minha casa foi reconstruída há pouco tempo, te convido para entrar e não precisa tirar seus sapatos na porte de entrada, mas ao menos me conceda sua mão, quero lhe guiar por todos os corredores dela, os caminhos que ainda não conheci.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Para todos aqueles que vão embora sem avisar

Eu vi pessoas sofrendo por seus amores mal resolvidos durante a minha vida. Vi muita gente chorando pois tinham perdido suas muletas naquele que se fora. As pessoas ficavam loucas, eu não sabia o que fazer e pior, não sabia entender, entender de verdade o que se passava. Achava então que o que eles diziam era uma tristeza passageira, que não tinha tanto sentido assim. Passava o tempo e eu reencontrava aquelas pessoas, elas apresentavam uma suposta melhora, mas nada significativo. Ainda estavam lá, no mesmo lugar, algumas mais magras, outras mais gordas e quando eu perguntava como estava a vida, era sempre a mesma coisa, elas estavam sobrevivendo, era difícil sobreviver, mas eu não sabia como era isso até então.

Um dia, depois de tudo que eu vi, a coisa se voltou contra mim. Eu também fui agarrado e nocauteado por um amor puro, franco, o amor que me fez acreditar, o amor que veio e se foi e o pior, sem motivo para odiar. O desapego é muito mais simples quando existe um motivo a odiar, mas dessa vez foi diferente, talvez diferente de todos aqueles casos das outras pessoas. Eu cometi erros que me decepcionaram. Não somente erros com ela, mas erros comigo mesmo, que me levaram para longe de mim e arrastaram quem eu tanto amo para longe desse lugar.


 Esse lugar que eu sempre mantive em aberto, limpei a poeira antes dela chegar, o sol batia nas janelas e elas estavam limpas, mas agora a janela voltou a se fechar, as aranhas retornaram ao seu lugar, mais ferozes do que antes.  E nas noites, ainda me sinto estranho, apesar de já inerte a sensação de solidão, em sonhos eu ainda há vejo, e acordo de madrugada, somente a pensar e  tudo parece demolir sobre minha cabeça, e eu sempre demoro a dormir, pois tenho uma dificuldade imensa em despistar reflexões noturnas. Depois de um tempo acordado você percebe que existem muitas coisas ai seu redor, uma cama, um travesseiro, um aparelho de som, uma música tocando baixo e você se lembra que lá fora existem os ladrões, os bêbados, os policiais, os corruptos, os operadores de caixa, os bancários e toda uma sociedade pronta para implodir, e desse jeito você volta a dormir.

De acordo a tudo isso, acho que o pior de tudo, ao menos no meu caso, é que sempre que estou caminhando e pensando em algo engraçado, eu me imagino contando isso para ela e automaticamente eu imagino a sua risada, brotando de seus lábios e me fazendo feliz, naquele momento que nunca vai existir. Talvez seja porque eu sempre procurei guardar alguns momentos na memória, para serem despejados sobre uma mesa de bar, em um momento oportuno. Estou pagando o troco do que eu fazia, agora já é tarde, prefiro tentar manter na memória a época em que éramos mais iguais e os alfinetes ainda me incomodam, mas eu quase não os sinto mais...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

A fuga

Tenho pesadelos com uma certa frequência e ultimamente eles aumentaram consideravelmente. Não sei bem que é a comida pesada antes de dormir, ou o álcool quente que aquece o fígado, ou então o simples fato de ter que sonhar, mesmo sem querer ao mesmo dormir. O problema é que todo o pesadelo ocorre de uma mesma maneira, alguém corre atrás de mim e eu vou me esquivando por todos os lugares possíveis e imagináveis. Eu nunca vi o rosto de quem corre atrás de mim, eu nunca soube porque essa coisa corre atrás de mim, eu nunca parei para ver o que acontece se ele me alcançar, é como se eu estivesse condicionado a uma perseguição eterna, talvez do eu, contra eu mesmo. Sempre acordo quando a coisa se aproxima, eu sempre olho para o teto e digo, oh Deus até quando... E eu sempre me levanto, vou ao banheiro, entro debaixo da água mais fresca possível e deixo-a escorrer pela minha cabeça, pelos meus olhos e boca e encontro a calma novamente.

Com o tempo acabo por esquecer dessa coisa, até que ela resolve aparecer novamente e mais uma noite acaba se repetindo, como um dejavú eterno, uma penitência sem que eu saiba o motivo de meu crime. Vai ver é essa mania de me preocupar muito com a vida, de procurar as respostas quando elas não existem, me preocupar muito com o amor, me preocupar muito em não morrer aqui, dessa forma, sem estar feliz, sem ter feito alguém feliz. Talvez eu seja a coisa de meus sonhos, mas eu nunca soube como me livrar de mim mesmo.

domingo, 6 de dezembro de 2015

Encontros e desencontros

E estar onde eu estava, foi melhor do que eu poderia esperar,
mas não foi justo, não poderíamos parar o tempo e isso era arbitrário conosco mesmo;
E quando as luzes se apagaram, eu estava em um outro lugar
do outro lado dessa cidade,
lamentando o motivo daquele momento não ter durado um pouco mais,
e agora,
longe de você, eu só me lamento,
pois só queria ter mostrado como poderíamos
construir um mundo novo,
bem diferente daquele que deu errado.



terça-feira, 17 de novembro de 2015

O mais novo anúncio do jornal

E nesse céu vejo tantas estrelas,
uma multidão brilhando sobre mim,
mas sei que falta uma delas,
que há muito não vi mais,
Coloquei anúncios nos jornais há dias atrás,
para ver se alguém sabia de seu paradeiro
mas ninguém entrou em contato
a não ser a central de atendimento do jornal
para perguntar se eu gostaria de renovar o anúncio,
eu disse que não.
Vai ver ela caiu no mar,
fazendo de meus sonhos
a maior enchente que eu já vi.
Outra vez a madrugada foi acabando
e a lua foi-se colocando no seu devido lugar
se esquecendo da minha estrela que estava por lá

O milagre de reencontrá-la, que tanto esperei
nunca aconteceu.




sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Sons em leves tons

Me lembro bem,
foi a melhor manhã da minha vida
na janela daquele quarto tinha apenas uma fresta aberta
e a luz que entravam iluminava o lugar desconhecido,
era um toque nublado e suave que respaldava sobre o lençol
clarejava levemente as paredes,
tonalizando as leves sombras entre nós.

Era em torno das seis da manhã,
A música tocava em baixo tom,
não havia muitas conversas ali
somente toques e olhares
e a respiração
face a face
que dizia por si só,
Lábios sobre os lábios,
línguas em pescoço,
dedos sobre cabelos e puxões suaves sobre a nuca.
um sobre o outro e a luz que vinha de fora
me mostrava que existia uma cidade imensa
onde as pessoas estavam agora
correndo
para não chegarem atrasados em seus empregos,
alguns certamente alcoólatras,
jogados em seus sofás,
perdidos e frustrados,
Devedores, débitos nos cartões, sonegadores de impostos
rancorosos com suas vidas...
Todos juntos, decorando aquele lugar,
Mas eu estava ali e nada me importava,


Era mais que orgasmos e beijos molhados,
era além daquilo que tudo que disseram que o amor era,
era algo,
que se sente
poucas vezes na vida.

A música continuava
a banda desfilava sobre nós
e aquele momento, demorou tanto e parecia que nunca iria acabar,

e eu nunca quis que acabasse.






quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Os montes não se movem

Dois locais distantes,
na mesma cidade,
duas vidas, ainda vivas,
seguindo seu caminho
dia após dia,
metrô, ônibus, faculdade, trabalho em excesso.

Era assim,
o caminho que até então,
pensaram
ser o melhor pra si.
Distanciados pelo marco zero,
do centro dessa cidade
e dos próprios corações
que um dia estiveram tão perto,

duas vidas,
entrelaçadas por um passado
e agora,
só resta
o belo passado para se lembrar.

O 'ontem' é tudo que temos de concreto,
são as lembranças
que nos mantém vivos
depois da meia idade,
e aquilo que da razão a vida do próprio ser,
o significado real da própria existência.


do passado
o seu sorriso
o seus olhos
seu cheiro
e tudo aquilo
que de você fazia meu mundo
e agora
não é mais.

Eu sei que a velha roupa colorida deve ser guardada no armário,
pois já não me serve mais,
mas sabendo que eu só tenho uma chance nesse lugar,
prefiro deixar
ela sobre minha cama,
aguardando,
o dia em que voltará a me servir
estará
junto com uma boa garrafas de vinho
e duas taças.

Amamos a vida não porque estamos habituados a vida, mas ao amor.



quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Um brinde a toda essas ruas sem sinalizações

Para onde as pessoas vão,
quando precisam de socorro?
Como as pessoas conseguem sorrir,
mesmo quando a piada não tem graça?
Como as pessoas se divertem,
mesmo quando a bola está furada?
Como as pessoas se encontram,
quando mesmo em meio a multidão
existe a plena convicção
de que estão sozinhas.
Acho que ninguém sabe
onde fica
os atalhos
estamos então condenados aqui
a sermos livres
livres para escolhas
para caminhos
e quão angustiante isso pode ser
ser o submisso do próprio ser,
perdendo-se do Eu.
Alguns não tem volta
outros te levaram para o mesmo lugar
outros não faram você sair do lugar
mas a verdade mesmo é que existe a procura maior
que é deixar a convivência com
com o próprio ser
ao menos
suportável.






sábado, 31 de outubro de 2015

Os vizinhos

Era noite,
a chuva caia sobre a cidade e inundava rodovias,
corpos separados
perambulavam em vários lugares,
sentimentos diversos
 tão distantes em busca de seus lares
e mesmo quando próximos,
distantes permaneciam,
pois não se contentavam só com olhares.
No andar de cima do prédio velho
ele só queria saber o que ela fazia
e ela lá de cima, sequer imaginava
que do lado de baixo
alguém lhe desejava,
Ele se esforçava para ficar em silêncio
pois queria ouvir seus passos e se possível
relapsos de sua voz,
macia e suave,
mas de nada adiantara
eram duas almas muito distantes
e mesmo que apenas um teto de concreto os separassem
nunca poderiam desfrutar da união dos corpos
ficariam então por assim mesmo
todavia
cada qual no seu canto
em cada canto uma vida
e que de vida
deixara de ser vida há tempos
e de tempos em tempos, ele ainda alimentava a esperança
absolutamente em vão. 



quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Recorrência

Chega um momento que o homem percebe,
o quanto uma lembrança pode destruir o que sobrou de si,
o quanto se perde em dias, em horas e horas e em minutos
somente vivendo de lembranças, e de lembranças,
segue-se remoendo e relembrando de dias que fazem parte do ontem,
Aquele rosto liso, os lábios desenhados como se fosse à pincel, e o olhar inundado de luz, em uma silhueta perfeita, junto ao sorriso que aduba um coração. Tão maravilhoso como os grãos de areia da praia, como o pássaro que canta na janela as sete da manhã, como o beija-flor que suga o pólen por onde passa, como a flor que nasce do lodo em meio a desgraça,  como a criança que da ao mundo sua primeira risada, e emociona seus pais com tamanha graça.

Embora seja por covardia as vezes,
mas são lembranças que transformam homens em alcoólatras,
vencedores em perdedores,
sábios em ignorantes,
felicidade em tristeza
elevando a inércia do viver.

Com o tempo as lembranças vão ficando cravadas e a vida tem que ir seguindo e esses homens e mulheres, começam a viver com pouco menos, procuram então eu seus trabalhos e seu submundo um pouco de distração, para tornar a convivência consigo mesmos um pouco menos sofrida.
as vezes encontram,
sempre existe um momento que você pode libertar sua alma,
mas as vezes dura tão pouco; tão rápido como a caneta sobre o papel pode escrever o quanto é a minha saudade por você.






domingo, 25 de outubro de 2015

cartas de amor manchadas de café

E não há nada mais impetuoso do que revisar os textos antigos, dar aquela arrumada na papelada velha, colocar as coisas em ordem para um trabalho final. Corrigir uns erros aqui e outros ali, até perceber que há exatos dois anos eu escrevia um dos textos mais especiais de minha vida. Você entra em pane enquanto houve o som da chuva de madrugada bater na sua janela. A tela finalmente lhe afronta, lhe encara e ri. Não tem mais o porque continuar essa noite, pois coincidências muitas vezes mostram que está mesmo na hora de ir dormir. Cartas de amor são como café, jogue duas pedras de gelo em um café forte e isso é o suficiente para estragá-lo. 

Fati amour


Luis acordou bem cedo na manhã de domingo, tomou banho, escovou os dentes, penteou o cabelo, tomou seu café da manhã se alongou e partiu. Caminhou até o quintal,  encontrou sua velha companheira, uma bicicleta já com seus 4 anos de uso e uma fiel escudeira em inúmeros momentos presentes em sua memória. Sua mãe vivia dizendo para ele jogar aquela bicicleta no ferro velho, pois ela haveria de lhe dar outra, mas ele sabia que ele não se sentiria melhor tendo uma nova bicicleta, jamais achará que a troca do velho pelo novo, substitui sentimentos e memórias, por isso sempre que sua mãe falava para ele se desfazer da velha bicicleta, ele se esforçava para mudar de assunto e assim prosseguia por mais um tempo com sua inseparável companheira.

Ao sair pelo portão, Luis montou em sua bike e  foi pedalando rua afora, passou pelo seu seu Zé na porta da farmácia, que por sua vez acenou dizendo um bom dia alto e claro como o céu, boa parte das pessoas que estavam à volta de seu Zé ficaram encantadas pela tamanho de sua cordialidade.

O sol brilhava intensamente naquela manhã de outono e aquilo animava Luis. Quando passou pela praça do centro da cidade, viu Alice, uma menina que ele gostava desde quando a virá pela primeira vez no colégio. A menina que estava presente em sua cabeça todas as vezes que ele se deitava para dormir. Ele nunca revelou seus sentimentos para ela, tinha vergonha de si mesmo. Ficou então parado com a bicicleta a observar e percebeu que Alice estava acompanhada, um garoto se aproximou dela e ofereceu um copo de limonada e a beijou e em seguida sentou ao lado dela. Não era bem a visão que Luis queria ter tido, não era bem o que seu coração esperava ter recebido depois de ter sido banhado pelo sol de outono naquela manhã. Não era bem o que Luis sonhava todas as noites quando pensava em Alice, em nenhum momento foi assim que ele esperou tanto para chegar até onde chegou. Pensou então que não deveria ter andado de bicicleta nessa manhã.

Meio trêmulo, meio triste, meio desanimado. Luis começou a pedalar mais uma vez, já não tinha muito ânimo para terminar o dia, mas ainda sim seguiu, agora as coisas não mudariam se ele voltasse para casa. Desceu assim por tantas e tantas ruas, subiu ladeiras, derrapou nas curvas, pedalou rápido e mais rápido deixando o vento bater e esfriar seu coração. Não seria fácil esquecer, ele sabia disso, aquele cena de Alice com o garoto desconhecido tornaria a partir daquele momento, o pesadelo de todas as noites.

Luis resolveu parar por um instante, sentou-se debaixo de uma árvore e olhando a grama pensou seriamente o que seria de sua vida se não houvesse o amanhã. Certamente se não houvesse o amanhã o hoje não teria mais importância. Não tendo o amanhã significa não haver consequência do hoje e se não existe consequências, também não haverá penitências nem remições. Por outro lado, sem o amanhã ele perderá a hipótese do novo e isso se encaixa até para sua velha e estimada bicicleta, que haverá de ser trocada por uma nova em determinado momento do amanhã. Luís percebeu que é necessário a existência do amanhã para renovar o ciclo, mesmo sabendo que ele chorará algumas noites por causa de Alice, mesmo que ele sentirá falta de sua bicicleta depois que essa realmente não aguentasse mais andar e mesmo sabendo que o amanhã pode durar três, sete, ou até 20 'hojes' para chegar.

Luis começava ali, debaixo daquela árvore a entender que a vida existe para ser aceita, mesmo em seus aspectos mais frios, negativos e destrutivos. Somente quando ele aprender a aceitar o mal como bem e o bem como bem, poderá então evoluir e sentir realmente melhor, maior e por fim, completo.



quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Promessas válidas

- Até quando eu posso confiar em você, ela disse em baixo tom.
- Enquanto eu me sentir seguro com você, respondeu o rapaz, desviando o olhar.
- Porque não se sentiria seguro?
- Me senti em segurança pouquíssimas vezes na vida, e mesmo assim no final, percebi que estava errado.
- Comigo você não precisa temer
- Assim espero, completou com um olhar singelo.


Os dois se olharam enquanto o céu transbordava o azul sobre seus cabelos e por alguns momentos, não houve nenhuma outra palavra que rasgasse aquele silêncio. Nenhum deles estavam confiantes essa era a verdade. Os dois tinham um pássaro azul trancado no peito, que estava com ânsia para voar, mas havia o receio do sol, um receio fora do comum. Os dois não conseguiam levar as coisas adiante, rejeitavam o amor, rejeitavam o ódio, rejeitavam a si mesmos por muitas vezes.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Só de vez em quando


Você tem que deixar as coisas irem de vez em quando;
você tem que aprender que a vida é feita para perder e que somos aqui
condenados a sermos livres,
pois temos a constante tarefa
de escolhermos para onde vamos
e muitas vezes são escolhas angustiantes,
cercada de dúvidas
que afogam nossas mentes em um abismo astral.
Não importa se é um dia de sol, ou com chuva, que transborda sobre as plantas
deixando seu cheiro bom, que realça intensamente as lembranças,
que nos esforçamos dia após dia,
para esquecer.

Você tem que deixar as coisas irem de vez em quando;
mesmo que você tenha que ouvir as músicas que mais gosta
e não ter mais jeito de cantar,
mesmo que o drinque agora seja servido pela metade
mesmo que o cobertor esteja grande demais e a cama com um espaço vago.
mesmo que o banco do passageiro fique vazio
Você tem que entender que as coisas tem que ir
tem que ir para que outras venham
para que talvez você seja completado
ou talvez fique incompleto mesmo,
se isso acontecer, não se importe tanto,
estamos aqui, sem saber ao certo, o que procuramos e porque procuremos.
Só queremos encontrar desesperadamente,
de alguma forma
de algum jeito
algo que ainda não tem nome e nem gênero.

leve em conta seus valores, pois
você só vai se preocupar com aquilo que da importância
e nem sempre seus valores devem ser como os da maioria;
tente por vezes fugir dos valores da sociedade,
por mais que você se sinta deslocado,
mas em compensação,
poderá encontrar um ponto de felicidade
que ninguém nunca vai encontrar
e se encontrar,
compartilhe com a pessoa que você mais gosta.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Isso não é um texto de auto-ajuda

Não durma até muito tarde. Isso fará com que você perca boa parte do brilho do dia.

Não destrate as pessoas que moram junto com você. Isso só fará com que seu dia seja ruim e o deles também.

Não chegue tarde ao trabalho. Além de lhe estressar durante o caminho, isso poderá ser um dos motivos de sua demissão no futuro.

Tenha um animal. Ele vai te alegrar nos momentos de solidão.

Não seja extremista em nada. Todos vão lhe achar um idiota e no final, você vai ver que eles tem razão.

Não diga eu te amo sem que isso venha de dentro de sua alma. A outra pessoa não merece passar pela tristeza de se iludir com suas falsas palavras.

Não economize dinheiro se naquele instante algo lhe trará uma momento de felicidade. Você vai acabar  guardando o dinheiro e privando sua oportunidade de ter tido um momento a mais de felicidade. (Isso não tem preço).

Tente fazer sempre que o hoje seja melhor que o ontem. Não faça muitos planos para o futuro, o futuro é a maior incerteza de sua vida. Foque no presente.

Ouça uma música nova toda semana. Não pare no tempo, não envelheça com suas músicas favoritas, mas nunca deixe de ouvi-las.

Não destrate pessoas que amam você. Quando elas finalmente conseguirem se afastar e você e você cair em um abismo, vai perceber o quanto foi agiu da maneira errada e então será tarde demais para limpar a barra e a consciência de si mesmo.

Aprenda a ficar sozinho. Nem sempre haverá um monte de amigos ao seu redor. Nem sempre haverá a afetividade que você espera a sua disposição. Saiba  fazer de você mesmo, seu companheiro, se abrace, se beije, por mais que seja difícil.

Quando se arrepender de algo, aprenda a usar com antro de sinceridade a palavra desculpa.

Escute o que os outros tem para lhe dizer. Você faz um monte de coisa errada e nem sabe.

Não estrague as noites do lado da pessoa que você ama. Você não tem ideia de como vai se arrepender no final.

Não use drogas

Beba uísque.

Siga caminhando e se possível considerando os conselhos acima, se você infligir alguns, não se desespere, eu infligi quase todos ai, e estou aqui, meio derrubado, mas ainda vivo, debruçado sobre o teclado e com duas garrafas sobre a mesa, esperando quais serão meus próximos erros, mas os de cima, eu não quero mais repetir, nunca mais. 




domingo, 11 de outubro de 2015

Há todo o texto que não merece um título

E essa confiança que eu finjo ter,
como se tudo aqui, estivesse indo bem
Como se eu não dependesse de mais ninguém
isso só serve para me atrasar, só mais um pouco.

Hoje foi só mais um dia
outro dia que esquecerei
outro dia que eu não queria ter vivido
outro dia regado de melancolia
e a rotina, junto com arrependimentos
deixam tudo ainda pior.

Amanhã deve ser melhor,
ou não
não tenho como prever. Não há nada certo nessa vida.
quando se busca por algo que não se sabe o que é
você tem grandes chances de ficar
esperando,
esperando...
até cansar de esperar pelos sons emitidos entre quatro paredes.
E por vezes à espera lhe corrói por dentro
assim como me corrói as filas de supermercados
os débitos no cartão,
o café fraco,
disco riscado
e a gaveta de remédios cheia de tarjas vermelhas e pretas.


Agora eu me lembro
não precisa de muito para me fazer sentir pequeno
o céu está nublado mais uma vez,
vocês conseguiram outra vez, eu me rendo.



Pedaços de papel esquecido no fundo de uma gaveta emperrada

Existe um lugar de refugio, um contra fluxo à quilômetros de distância, que me impede de estar onde eu realmente quero estar. Essa é a lógica da vida, a busca constante de estar onde você quer estar.
Por não poder estar, posso apenas desejar, aqui em silêncio e deixar gravado nessa página, tudo que eu gostaria dizer olhando em teus olhos.  De como eu gostaria de rir daqui, e sentir sua risada no ar, como já acontecerá por muitas vezes, em muitos dias, em muitas noites e em muitas madrugadas de insonia e desejo, do qual de algum modo surpreendente, você se confortou junto ao meu ombro. Sem ter mais forças, só queria então lhe dizer essa noite, como eu sinto saudade de você.  

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

O silêncio é bem melhor acompanhado, com uma garrafa de vinho

E ao procurar por um estrada
que me levasse de volta
para os lugares bons
aos lugares onde minha alma se aconchegou em outrora
acabei por encontrar outra alma
que também estava lentamente à vagar.
Me senti feliz
não por encontrá-la tão perdida quanto eu
mas por saber
que eu não estava sozinho
onde até então, eu já me preocupava
pois parecia que eu andava sobre linhas singulares,
que eu era o único inadequado para viver aqui,
que somente eu
estava com as luzes acesas
depois das 4 da manhã
que somente eu,
me importava em salvar
tudo aquilo que já foi
perdido há muito tempo;
como o amor líquido de Bauman,
que esvaecem sobre tuas mãos
como os mais belos grãos de areia da praia
Que então partem sem dizer adeus, quando o vento adentra
sem pedir licença.
Eram duas almas perdidas,
que não poderiam esperar,
que sem querer ajudariam-se,
mesmo no silêncio de uma noite nublada. 





sábado, 3 de outubro de 2015

Só mais uma luz fraca acesa de madrugada

Se te apetecer fugir, fuja
mesmo que de vontade de voltar
mesmo que a vida lhe apresente um
lado mais sombrio
e ela uma hora,
haverá de mostrar.

Se te apetecer fugir, fuja.
pois o futuro é cada vez mais incerto,
o amor é incerto
a sanidade também é incerta.
A luxuria não passa de um desejo para saciedade
e os sonhos não passam de projetos,
com grandes chances de não saírem do papel.

E se por algum motivo você ficar deprimido
sozinho
com sentimentos suicidas
alucinados e algo do tipo,
não se preocupe
Você não estará sozinho
Essa cidade tem várias lâmpadas que ficam acesas
até as três da manhã.

Se sentir sozinho significa
a necessidade de estar com alguém;
E se você conseguir entender
que nunca terá uma companhia
melhor que a sua própria,
então estará tudo bem
e eu lhe desejo sorte nessa parte...

As vezes as pessoas sofrem por amor
as vezes por dinheiro
as vezes por problemas familiares
as vezes por doenças
independente da angústia,
sempre
existirá inúmeras oportunidades
 de perder as esperanças por aí.

Sorria, aceite.
Isso certamente será melhor do que qualquer outra alternativa.





segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A gente luta para tentar impressionar tudo aquilo que queremos, mas as vezes, nos perdemos dentro de nós mesmos. Com o tempo as palavras se entortam, perdem seus significados, suas virtudes, seu carisma. Nem a maneira mais curta, mais bonita, mais explosiva que se possa imaginar, vão conseguir preencher o suficiente, muito menos o vazio que uma página em branco deixará sobre minha mesa.
Os poemas que escrevemos, devem ser destinados a vida e somente a vida, nela teremos a nossa única chance de sermos ouvidos e compreendidos. Seja agora, ou daqui cinco mil anos, independente de quando, eu ainda poderei voltar, mesmo sabendo, que não escrevo nada demais.  

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Sobre os papéis e as canetas sem tinta

Chega uma hora em que tento escrever
e não consigo, acabo pensando
- estou arruinado novamente
foi tudo embora em um piscar de
olhos, e então...
tudo volta
como rojões de ano novo
e as tristezas caem sobre os papéis
Mas é bem menos pior do que antes.
agora os olhos conseguem ler friamente,
não sentem mais emoções supérflua,
não se abalam com promessas, nem
esperanças fora da perspectiva,
e muito menos
brilham feito bobos para qualquer coisa.
já sabem,
que o jogo
começa e acaba.
e se as coisas começarem a piorar daqui pra frente
não será tão diferente do que um dia já foi.
Chega uma hora
que você fica até feliz
por saber que consegue viver sem
a pessoa
que você julgava nunca conseguir viver sem.
Posso deixar as pedras rolarem sobre as montanhas,
vida foi feita para ter um fim.





quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Flerte

Vai chegar um ápice de momento
em que você
começará a passar por relapsos
de memórias
incubadas
E seus pensamentos,
sobrevoam todas a plenitudes de seu passado
lembrando as melhores sensações de sua
infância
e
sobre o som de uma música
em um rádio velho,
te fará despertar
essa sensação ampla e nostálgica,
estufará então teu peito
e você vai sorrir!
com teus olhos se entupiram de lágrimas
e será uma sensação estranha. inexplicável.
e maravilhosa.
do qual você perceberá que a
vida nunca teve
seu real sentido,
mas isso não importará naquela conjuntura
pois tudo parecerá tão belo
e
ao menos naquele instante,
viver
terá valido a pena.




domingo, 13 de setembro de 2015

Todas as estrelas que só nos vimos em uma noite nublada

E então, da ultima vez que te vi por aqui
Estava tão irradiante que
teus lábios gotejavam a saliva
sobre o tom de seu batom vermelho
e seus olhos combinavam tanto
com a cor
daquele céu,
enquanto teu abraço servia,
para aquecer
qualquer alma
morta
que estava por perto
e então.
foi tão
revigorante
que em um estralo
o dia passou
o sol se foi
a noite se colocou
e em meio
a tantos desejos
de uma conexão única
do qual
nunca vai existir
nada igual.

mas, optamos
por parar
aquela noite.
Estava acabado
mas ninguém
estava infeliz.
Algo estava ali
e iria bem além do que eu
e você
podíamos
entender.



terça-feira, 8 de setembro de 2015

Afasia

Eu gostaria que minha poesia soasse alto agora
em seus ouvidos, nesta noite
Mesmo sabendo,
que você pode estar em qualquer canto desta terra,
e deve estar bem
eu sei.
Com pessoas muito mais impressionantes
do que eu,
E eu sei também,
que nunca fui capaz de lhe deixar bem de verdade
que nunca consegui escrever coisas que lhe deixassem
realmente
feliz.


Nunca tive coragem de levantar daqui e te mostrar o mundo,
como eu também,
queria ver,
me desculpe.
Escrevi minhas linhas, sobre tuas páginas e...
mesmo assim, nunca fui objetivo o suficiente;
nunca consegui dizer quanta importância você tem,
Só consigo expressar agora, quanta falta você me faz agora.


nunca talvez poderei dizer isso novamente
mas o que eu posso garantir
é que não escrevo
para multidões
nem para os palcos iluminados
eu escrevo para você
e só você.


Tem dias que o sol demora pra se pôr.
Desculpe-me por não ter conseguido ser,
tudo aquilo
que eu
quis ser.


E agora eu continuo aqui, desintegrando-me aos poucos
de tanto esperar
olhando para o teto,
para as paredes rachadas,
para os quadros e esperando
um telefonema
uma mensagem
um som, um sinal de vida.
Que eu já sei,
que nunca vai chegar.





sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A raiz

Como uma flor murcha
depois de uma longa tempestade
permanece murcha
até que
seja
revitalizada
injetada em sua própria raiz

E assim
a esperança
de reviver
o inconsciente
aumentará
a cada instante

e agora
mesmo no fim
peregrinando
sobre os túneis
escuros
e sujos

vejo
através de uma fresta
uma luz
bem
no fim do túnel
esperando
para explodir em minhas vistas
quando eu alcançá-la.

Sei que está cada vez mais perto
eu prometo que
não vou
apagá-la
outra
vez,
e após o inverno,
cobrirei as cicatrizes
expostas
em tatuagens
Até porque
todo setembro,
acaba em primavera.






quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Páginas rasgadas de um calendário desatualizado.

Finalmente um dia frio,
Como se estivesse programado
no calendário, pois
estou acostumado que nessa data,
o dia seja repleto de chuva.

Acho que é algo destinado,
a ser,
sem poder alterar o fluxo dessas nuvens,
mas talvez um sinal,
para que eu possa lavar minha alma de uma vez.

Mas quando a coisa está destinada a te machucar,
ela vai.
Mesmo que você não espere por ela,
mesmo que tudo esteja tranquilo,
mas de alguma forma,
algo virá para fazer com que seu coração,
sangre um pouco mais
no dia em que você tenta se resguardar,
um pouco mais, de todos os males,
que teoricamente está conseguindo
se esquivar.


Talvez se eu pudesse me mudar,
fugir e não mais voltar
seria melhor.

Se eu pudesse voltar no tempo, teria optado por outro caminho,
mesmo sabendo, que os caminhos que eu deixei de ir
não significam que seriam melhores,
Lá eu também encontraria,
todas as tristezas que deixei viver.
Por ter optado,
ter ficado,
desse lado.


Sorria,
em meu dia, o sorriso não é meu.



sexta-feira, 28 de agosto de 2015

O pouco que sobrou de tudo aquilo que não existe mais



Para onde vai todo esse sentimento
que um dia existiu,
Uma hora aparenta
que está se esvaindo
perdendo o seu sentido
em meio aos dias desses calendários

Todas aquelas coisas que fazíamos
quando tudo parecia ser do nosso cotidiano
Então é isso que o amor é.
quando você percebe que não pode mais fazer
aquilo que
mais gostava de fazer.

E então a loucura contempla nossa razão,
e a agonizante ousadia de viver somente
levando um tempo dentre os dias,
ser uma boa companhia
para si
mesmo
e mais nada
a não ser um cigarro
um caso qualquer
por entre os quartos dessa cidade.

Se a nossa música preferida tocar essa noite
não haverá o outro para completar o par
e assim que a vida
vai castigando
a todos aqueles
que tentaram de uma forma ou outra
seguir o melhor
caminho
mas perderam a via de acesso
e então serão forçados a parar,


e perder mais um tempo em um lugar qualquer






sexta-feira, 21 de agosto de 2015

No fim é só você com aqueles que sobraram, os bêbados, os atendentes de telefone, os limpadores de pratos, os reguladores de som e os diagramadores de revistas de moda. Não existe mais promessas nessa era, nem existe mais a os velhos amores para acreditarmos e nos doarmos de corpo e alma. A vida acaba sendo cruel conosco em determinado momento, tão cruel quanto as vezes em que passamos de nossos limites com outras vidas, nos prometemos demais e ninguém nos promete mais. Sim, estamos na época de um fim, talvez o começo de uma próxima era, pode ser. ninguém poderá dizer. Eu acreditei demais, me doei demais, acho que todos vocês fizeram isso em uma época, mas é estagnante o sentimento que sobressai sobre a mente... tudo vai acabar e o que vai ser de amanhã é uma incógnita.

Quase 27, e eu já não escuto mais ninguém cantando junto comigo. Um dia iria acontecer...

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Um drink a centésima

Cheguei a centésima postagem aqui, pensamentos de um lugar qualquer, de uma pessoa qualquer, um louco que por muitas vezes escreveu sobre efeito de álcool. Alguém que erra como todos vocês, que sente como todos vocês e que foge sempre que precisa, procurando sua fuga, como todos vocês. Com saudades, com raiva, com amor, com tristeza, com vida e com a morte.


Você não pode fugir de algo que nunca teve. Um velho e desconhecido me disse e eu prossegui meu caminho, o caminho que me trouxe aqui, mesmo através de todos os cacos de vidro e garrafas quebradas, ele me trouxe aqui e cá estou.


Sendo assim, basta eu me sentar, tragar uma bebida e esperar pelo que vai acontecer, se me perguntarem "quais são minhas esperanças", eu não saberei responder e fico feliz por não ter uma resposta, logo levarei a vida na simplicidade, sem esses objetivos cruéis que levam os humanos a persegui-los dia após dia, e quando finalmente alcançam, percebem que passaram a vida inteira atrás do objetivo que sequer tiveram tempo de viver. Serão bem sucedidos socialmente, mas se sentiram fracassados moralmente.  


Nada deu certo naquela tarde, nada deu certo nesses últimos meses, mas eu não me preocupo mais com os meses passados, nem os que estão por vir, eu me preocupo com os dias. O presente é minha única certeza de que posso mudar meu futuro, mesmo que seja daqui há mais cem textos, que seja em mil se for possível, eu vou vencer a adversidade mais uma vez!



sexta-feira, 31 de julho de 2015

Então eu cheguei na estação e vi ela sentada
certamente perceberá que estava há procurando
suas malas estavam sobre seus pés
E ela calçava um chinelo e um shorts
cabelos lisos deslisavam pelo seu ombro
E meus olhos brilhavam ao vê-la.


Chego próximo e ela me abraça,
seu sorriso reverberou em meus olhos,
Era um fim de semana,
iriamos viajar.
No ônibus não conseguimos um lugar para irmos juntos
Mas estávamos próximos
e vez ou outra, no silêncio da viagem noturna
Eu olhava para trás,
para saber se estava tudo bem
Mesmo sabendo que estava dormindo
Era bom, vê-la por ali.

No fim somente uma coisa me entristeceu.
Deveríamos ter comprado passagens somente de ida.



quarta-feira, 29 de julho de 2015

Eu fico aqui sentado, pensando que amanhã será mais um dia de trabalho.
Logo penso um pouco nos meus amigos,
Todos estão lá, com suas mulheres, suas amantes, suas bebidas, fazendo seus planos para o fim de semana.


Enquanto eu estou aqui, olhando para relógio, para esse computador,
tentando encontrar algum lugar no mapa, onde poderei me esconder esse fim de semana,
 me mantendo o mais longe possível dessas paredes, para não enlouquecer.


                 

Resto

Baratas andam triunfando,
todas as noites,
em todos esses bairros empoeirados,
o máximo que você pode fazer é matá-las
Mas para cada um de nós existem um milhão delas.

Cigarros ficam umedecidos de cerveja,
A chuva cai e não sinto mais ela me molhar,
vejo que qualquer frouxo pode ser um bom perdedor,
quando se aprende a perder com estilo.

Para ser sincero,
Nós não nos conhecemos de verdade,
Estivemos perto uma vez,
Mas nunca nos encontramos.
Talvez eu teria sido injusto com você,
talvez você fosse comigo
no fim,
foi melhor assim.

Os solitários são os mais autênticos,
Talvez os únicos que sobraram,
Entre tantas calculadoras, tantos sinais de trânsito
ambulância, sirenes, buzinas,

fumei 15 cigarros ontem a noite,
tomei 6 latas de cervejas
o telefone só tocou uma vez, era engano.


Por mais que o mundo possa me achar um chato e de fato eu já assumi a identidade, talvez eu olhe demais e deduza muito como o meio social constrói o seu convívio. Eu não faço por mal, gosto de observar mas não vou tocar, não vou mexer, não vou alterar o futuro das coisas, mesmo que o futuro seja ruim sobre minhas vistas. Eu já passei muito tempo tentando aparar o cabelo das pessoas então hoje eu vejo mais, escuto mais, escrevo mais e falo menos. Aprendi então que os seres humanos se empenham e dão seus 'jeitos" para muita coisa. Esforçam-se para acumular e acumulam um monte de lixo e se esquecem que nada levaram no final, mas o consumismo é o primordial para uma suposta vida sadia que eles desejam ter. Olham demais para seus celulares e se esquecem de olhar para a lua, quando a mesma aparece todas as noites para nos contemplar com seu espetáculo gratuito. Mandam mais mensagens do que conversam pessoalmente e por mandar tantas mensagens demais, logo olham demais para baixo, se esquecendo de olhar para os lados e por não olhar para os lados, logo não encontram outras pessoas.


Não que antes o relacionamento humano fosse muito diferente ou muito melhor do que hoje é, mas antes ainda havia esperanças, agora depois de tanto procurar avisto apenas raras exceções e um mundo não pode ser moldado a base das exceções, pois não é a vida que interessa a maioria. A vida artificial venceu por fim a vida real, pois é assim que as pessoas aprenderam apreciar, a sentir o prazer e até mesmo a amar.


Espero que as pessoas ainda estejam ouvindo música, estou aqui ouvindo as minhas e sei que existem alguns como eu por ai, um grande abraço para todos eles.



segunda-feira, 27 de julho de 2015

O repouso das hienas

A vida as vezes concede uma castigada em cada pessoa, seja ele boa ou uma má, nesse caso não importa o caráter pois a vida é composta de variáveis, que nos levam em lugares que por muitas vezes não queríamos estar e você tem que entender isso de alguma forma, antes de enlouquecer, antes da bomba explodir, ou antes que seja tarde demais para voltar.

Por algumas vezes tentei dar passos a frente e quando menos esperava, foram lançadas granadas atrás de pedras que me fizeram recuar 4 passos para não ser atingido, mas não adiantou, as atitudes são como os estilhaços dos explosivos, se você estiver próximo do artefato, os resquícios também vão lhe machucar. As vezes eu canso do jogo da vida, das pessoas, do eu te amo não verdadeiro, daquilo que elas dizem que são e não são e das promessas ditas e não cumpridas, junto daquelas que nunca foram prometidas mas que deveriam. Certamente isso acontece com muitos, normalmente com os mais introvertidos, aqueles que falam menos, que olham mais, aqueles que sentem a presença do sol mesmo em um dia de frio.


Talvez eu esteja despreparado para viver assim, mas acredito que não sou o único, logo devemos procurar as espécies raras e viver em conjuntos solitários como os animais já nos ensinaram. Uma hiena sozinha é uma presa fácil para os lobos, tigres e leões, mas uma alcateia de hienas, pode matar cada um dos três.


Imagem: Lilith -  Considerada por muitos a primeira mulher de Adão. Foi julgada como demônio pois não aceitava ser inferior a Adão pois fora criada pela mesma matéria prima e não de sua costela. Foi expulsa do Jardim do Éden por causa de uma disputa sobre igualdades do sexo.

"E as feras do deserto se encontrarão com hienas; e o sátiro clamará ao seu companheiro; e Lilith pousará ali, e achará lugar de repouso para si." Isaías 34:14



domingo, 26 de julho de 2015

Da sessão: Só mais um dia da vida de alguém


É um tanto complexo ligar o rádio e ouvir minhas músicas preferidas. Sempre procurei pelo Lado B em tudo que escuto, afim de sempre ficar no oposto da maioria pois isso de certo modo sempre me agradou, mas eu compartilhei quase todo o meu Lado B com você e agora não há o que eu escute, que não me faça lembrar de você.

Fui  chamado para uma reunião de amigos nesses últimos dias, não estava muito disposto mas também estava sem muito o que fazer. Pensando que só teria coisas ruins para beber, levei uma garrafa de uísque por minha conta, de fato foi a melhor coisa que eu fiz, certamente eu teria ficado enjoado se bebesse toda aquela mistura de álcool e refrigerante. As pessoas tem o dom de torturar seu próprio estômago e querem torturar o dos outros, por isso preservo pelo meu torturando-o do meu jeito, menos sagaz.

Ao centro da reunião tinha uma fogueira do qual meus olhos pairavam ao centro e acompanhavam o dançar sedutor das chamas. Eu estava lá para exorcizar alguns demônios e a fogueira era perfeita para isso e devido a isso fiquei lá, quieto, sem falar muito com ninguém. Porém de certa forma um antigo amigo se aproximou, sentou ao meu lado e começou a falar. Deixei-o terminar o cerimonial de apresentação e então o indaguei:

- Porque não pega uma cerveja?
 Eu sabia que ele era um alcoólatra de primeira e o motivo dele não estar bebendo me suava estranho.

- Estou bebendo devagar, não quero passar da linha, ultimamente chego muito alcoolizado em casa e as vezes deixo até a porta aberta, respondeu com a cabeça baixa.

 Acenei com as mãos ele prosseguiu dizendo que haverá perdido a mãe há poucas semanas e tem uma sensação horrível todas as vezes que chega em casa e não encontra ninguém a sua espera.

Nesse momento concedi meus sentimentos e quando olhei para seu rosto, vi-os esbaldando em lágrimas. Poucas vezes virá um homem chorar na minha frente e de longe esse fora a mais comovente.


As pessoas escondem todos as suas lágrimas, mas chega um momento em que ela precisa despejar e necessariamente tem que ser ao lado de alguém. Não precisa ser uma pessoa mais próxima, apenas alguém que lhe entenda. Eu o entendi e ele também entendeu meus problemas. Eram demônios familiares cada qual em sua posição. Certamente as outras pessoas em volta da fogueira despejavam sobre as chamas suas lágrimas, mesmo que fosse em silêncio, mesmo que fosse sem ninguém notar. Era o mundo do disfarce. Temos que disfarçar que somos fortes em um mundo que nos deixa cada vez mais fracos.



sexta-feira, 24 de julho de 2015

Luzes vermelhas por todos os lados

Em um bar dois homens dividiam a cerveja e um deles angustiado despejava todo o sentimento e a tristeza que padecia sobre seus pensamentos. Depois de alguns momentos, o outro que ouvirá calado o tempo todo, se levantou e disse que precisava ir embora.

— Mas está cedo, não tomamos nem 3 garrafas, retrucou o amargurado.

— Desculpe mas tenho algumas coisas para resolver, espero sinceramente que melhore seu ânimo, por que não esperimenta ir em um casa noturna?

— Vou pensar nisso, respondeu após uma pausa.


E então partiu. O primeiro homem continuou por alguns minutos na mesa daquele bar, pediu uma dose de Rum para acompanhar. Não queria voltar para casa pois era lá onde encontraria seus pensamentos ruins, seus sentimentos jogados ao chão e também ao teto de seu quarto, todas as vezes que fosse se deitar na cama. Os amor, o rancor e a tristeza faz com que tenhamos medo de nossa própria casa, pois é lá onde muitos desses pensamentos costumam se manifestar, no âmbito de nossa solidão particular, um luxo que nos foi concedido e devemos ter gratidão por essa graça.


Virou a dose de uma vez só, pediu a conta, pagou e não esperou pelo troco. Ascendeu um cigarro e saiu caminhando pela rua. Por vias do destino apareceu uma casa noturna e uma moça muito sedutora com um vestido preto chegou próximo a ele e disse:

— Está perdido por aqui? Não quer entrar e beber algo comigo?

O homem sabia que aquilo era um convite, olhou para os olhos dela e em seguida abaixou a cabeça e disse.

— Fica para próxima, mas obrigado.


A moça do prostíbulo observou e nada mais acrescentou, certamente ela perceberá os olhos frios daquele homem quando com os dela se cruzou, pois ela também tinha sentimentos, também sofreu por amor, por perdas, por danos, era esse o mundo em que os dois viviam. Derrotados por nascença e condenados a viver daquela forma, sejam em prostíbulos ou escritórios, não havia grandes diferenças, era o mesmo mundo para os dois e pra todo o resto da humanidade.